É comum encontrar em alguns condomínios residenciais horizontais guaritas em pontos elevados do empreendimento. Não precisa ser especialista na área para perceber que a eficácia quanto a segurança é baixíssima e o custo para manter cada posto 24h altíssimo.
O pior, é que ainda tem quem defende esse tipo de estratégia, mas vou logo avisando que os argumentos são praticamente inexistentes. Na verdade, aqueles que não desejam a retirada da guarita elevada são os que residem praticamente em frente ao aparato e assim têm “sensação” que a segurança é efetiva.
No século passado, as bases das forças armadas, que já eram cercadas por muros altos, implementavam as chamadas guaritas com frestas, que eram, geralmente, posicionadas no ponto mais alto da construção. No período de industrialização no Brasil era comum fábricas terem a mesma estratégia, onde, geralmente, eram construídas guaritas elevadas a serem ocupadas por vigilantes patrimoniais armados; mesmo conceito usado em presídios até hoje.
Grande parte dos primeiros condomínios de casas residenciais construídos no Brasil implementaram a mesma sistemática. Atualmente, esse conceito de segurança patrimonial é considerado obsoleto em razão da sofisticação e popularização da tecnologia de informática e dos equipamentos eletrônicos de segurança, tais como câmeras e o monitoramento interno ou externo de imagens 24h.
Lamentavelmente, algumas construtoras ainda adotam essa mesma sistemática em prédios residenciais, posicionando a guarita num piso superior, o que discordo frontalmente em razão dos motivos elencados abaixo:
-A guarita elevada para prédios encurta o campo de visão do porteiro pois dificulta que identifique com rapidez a movimentação de pessoas em frente do edifício e da área da entrada e saída de carros;
-O recebimento seguro de mercadorias fica prejudicado, pois, obrigatoriamente, o entregador terá que adentrar ao prédio e subir escada para ter contato com o porteiro, que está em nível mais alto;
-O cadastro de pessoas também será dificultado, haja vista, que o distanciamento da porta principal até a portaria elevada é bem maior;
-Torna-se também mais difícil efetivar a clausura de pedestres;
Em condomínios horizontais, os pontos negativos em relação a manter guaritas elevadas são muitos:
-Vigilante fica isolado, sem contato com pessoas e a tendência é que durma, principalmente à noite;
-O funcionário, apesar de estar num plano mais alto, tem visão limitadíssima, tendo em vista que condomínios de casas possuem áreas enormes. Em dias de chuva e no período noturno, a visão do vigilante fica totalmente prejudicada;
-Geralmente, as guaritas elevadas são feitas de ferro, o que gera sensação térmica desconfortável para o colaborador tanto no inveno como no verão;
-Outro ponto bastante prejudicial para a segurança, é que a maioria das guaritas elevadas não contam com banheiro e ar condicionado, ou seja, o desconforto para o colaborador é total
– Se a guarita for de material metálico, pode se tornar um imã para atração de raios e trovões, colocando, assim, em risco a vida do funcionário. Outro ponto a ser debatido, é a insalubridade a que se sujeita o vigilante, obrigado a trabalhar em local sem proteção efetiva quanto aos efeitos das oscilações climáticas como calor e frio excessivos, ventanias e etc.
Por esses inúmeros motivos, as guaritas elevadas estão desaparecendo do cenário nacional, mas, curiosamente, alguns administradores de condomínios residenciais horizontais, fábricas e umas poucas construtoras ainda defendem essa estratégia totalmente arcaica.