Um lenhador deu falta de seu machado preferido. De imediato, suspeitou que o filho do vizinho o tivesse roubado. Ele observou a maneira de andar do jovem – exatamente como a de um ladrão! Analisou as expressões do jovem – idênticas às de um ladrão! A maneira de falar do jovem – igual à de um ladrão!
Em resumo, todos os gestos e ações do rapaz o denunciavam claramente como culpado da subtração!
Mais tarde, andando pela plantação à caminho de um riacho, o homem encontrou o machado. Lembrou-se de ali o ter deixado quando fora cortar lenha na motanha. No dia seguinte, cruzando de novo com o filho do vizinho, o lenhador observou-o com redobrada atenção. Dessa análise, todos os gestos, expressões, voz e ações do jovem lhe pareceram absolutamente normais. De fato, o rapaz não se comportava de modo algum como um criminoso.
Qual lição podemos tirar dessa singela estorinha?
Recordo-me que antigamente era muito comum as pessoas rotularem assaltantes pela forma de se vestir e outras características com tons discriminatórios.
A era digital, a popularização dos celulares e a propagação de imagens de crimes diversos captadas pelas lentes de câmeras de segurança, mostrou que criminoso não tem cara ou jeito definido.
Assim como encontramos menores carentes realizando roubos, encontramos também homens trajando roupas de grife assaltando nas ruas ou dentro de comércios.
Não podemos esquecer das festas e baladas onde frequentadores com índole criminosa buscam dopar vítimas tanto para a prática de crime sexual como para subtrair carteiras e smartphones.
As invasões a prédios têm mostrado crianças e adolescentes infratores capazes de ludibriar porteiros, que permitem a entrada sem a devida autorização, e assim, portas de apartamentos são arrombadas e bens saqueados. O feminicídio cresce assustadoramente, mesmo após o aumento das penas. Aquele que mata vestia a carapuça de príncipe, mas com o tempo mostrou ser sapo violento.
Portanto, caro leitor, devemos seguir o velho ditado popular que diz que “quem vê cara, não vê coração”.
A regra é uma só: não oferte nenhum tipo de confiança à pessoas desconhecidas ou de quem tem pouca informação. Minha falecida avó dizia que para conhecer verdadeiramente alguém “devemos comer com ela um saco de sal e não de açúcar”.