Na sua opinião, o brasileiro, na média, é educado? Não sei o que o leitor pensa a respeito desse assunto, mas o técnico português Victor Pereira, que comandou o Corinthians e depois o Flamengo, em recente entrevista na Europa, disse, categoricamente, que técnicos estrangeiros precisam ter “estômago” para trabalhar no Brasil. E completou:
“O que gostei menos no Brasil foi da falta de educação. Muita falta de educação… não estou apontando especificamente, mas uma falta de educação geral… não é da imprensa especificamente, é do futebol em si. Tudo que envolve o futebol passa um pouco do limite, a emoção passa um pouco do limite e dizem coisas que nós aqui (em Portugal) ainda não estamos preparados. Lá pode ser normal. Já percebi que é um pouco cultural. Para nós, é um pouco difícil”, desabafou.
Sou especialista em segurança pública e privada; tema que estudo há quase 35 anos. Comparando os índices criminais de nosso país com o resto do mundo, posso dizer, sem medo de errar, que o brasileiro é violento. É triste essa constatação, mas é verdadeira.
Quando analisamos os índices de violência urbana mundial, somos o 11° país mais inseguro do mundo. Só para o leitor ter uma noção, temos no planeta cerca de 2.500.000 cidades, sendo que das 50 mais violentas 17 estão no Brasil. Com 2,7% da população mundial, o Brasil concentra aproximadamente 14% dos homicídios do mundo. Em 2022 tivemos 47.500 assassinatos. 130 pessoas são assassinadas por dia no Brasil; 1 pessoa morre a cada 8 minutos. São 1,4 mil mulheres mortas apenas pelo fato de serem mulheres no ano passado. Uma mulher morre a cada 6 horas em nosso país. O tempo todo ocorrem discussões e brigas no trânsito, no comércio e até nos lares. Muita gente só consegue resolver problemas com violência e ameaça.
A polícia atende diariamente em todo território nacional milhares de chamados para apaziguar ânimos entre familiares e vizinhos, sendo que alguns desses entreveros ocorrem em razão de motivos fúteis e acabam em mortes.
Portanto, se o brasileiro é ou não é educado, prefiro não entrar nesse tema, que não é de minha área de atuação e demanda elevado conhecimento sociológico, mas não tenho receio em dizer que somos violentos sim.
**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.
Imagem: FLD