A epidemia do crime de extorsão mediante sequestro voltou desde o lançamento do PIX, em outubro/2020, e pelo andar da carruagem, veio para ficar. O número de sequestros no Estado de São Paulo em 2023 atingiu o maior patamar em 15 anos. Muitos usuários de aplicativos bancários no celular ainda não se deram conta que de uma hora para outra se tornaram terminais financeiros ambulantes. Após o lançamento dessa ferramenta que possibilita transferência de dinheiro on-line, feita pelo próprio dono da conta com poucos toques na tela do smartphone, passou a valer a pena aos criminosos ressuscitar o famigerado sequestro relâmpago, que até então se atinha aos recursos disponíveis nos cartões físicos de bancos e de crédito da vítima.
Como pesquisador criminal, identifiquei algo por demais preocupante nas tendências criminais mais recentes. Incrivelmente, até vítimas de classe médias baixas estão sendo mantidas como reféns, ou seja, o espectro de atuação para os marginais é enorme.
Muitos leitores deste artigo podem fazer a seguinte reflexão: “Lordello, tenho pouquíssimo dinheiro na minha conta bancária e por isso não sou alvo da quadrilha do PIX”. Ledo engano, as estatísticas policiais apontam que o correntista pode ter pouco dinheiro na conta ou até mesmo estar devendo, mas, provavelmente, tem disponível cheque especial, crédito pré-aprovado ou até mesmo financiamento, que pode ser solicitado através do aplicativo do banco e liberado em poucos minutos. E o pior, os marginais sabem de tudo isso e dominam a tecnologia.
Outra artimanha dos sequestradores é ainda mais tenebrosa. Com a vítima rendida em um cativeiro, os bandidos ligam para seus parentes próximos e a colocam para falar no celular. É nesse momento, na pressão exercida pela possibilidade de assassinato do ente querido, que familiares acabam fazendo transferências via PIX para a quadrilha.
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Imagem: Segurança Nacional