Os criminosos fizeram a lição de casa no Brasil. E o poder público, quando fará?

A internet, os smartphones e os aplicativos mudaram radicalmente nosso planeta. 8 bilhões de pessoas de 196 países passaram a ter novos hábitos, outras perspectivas e interesses. A agilidade da informação é surreal. Diversos paradigmas foram quebrados de uma hora para outra e a necessidade de novas adaptações é constante.

As empresas privadas foram as primeiras a promover mudanças.

Muitas desapareceram e ninguém sentiu falta. Outras surgiram para suprir as novas necessidades de mercado e várias se uniram para sobreviver.

Os criminosos também fizeram a lição de casa, e rapidamente. Tiveram visão de futuro, adotaram mudanças e têm inovado constantemente. Perceberam que unidos seriam mais fortes e que organizados obteriam lucratividade astronômica. O foco nas drogas e armas os levaram a fazer negócios com grupos criminosos de outros países.

Em pouco mais de 20 anos surgiram pelo menos 53 facções criminosas de pequeno, médio e grande porte com atuação nas 27 unidades federativas, sem contar as milícias. O PCC foi fundado em 31 de agosto de 1993 por oito presidiários no anexo chamado de “Piranhão”, da Casa de Custódia de Taubaté, até então a prisão mais segura do Estado de São Paulo. Atualmente, é a maior organização criminosa do país, com cerca de 35 mil membros e lucratividade anual em torno de R$ 1.500.000,000, acredita o Ministério Público/SP.

O mundo evoluiu, a criminalidade está mais robusta, letal e tecnológica, mas o poder público, na esfera criminal, não fez sua parte. Não promoveu mudanças estruturais; continuou agarrado a velhas fórmulas e antiquadas estratégias carcomidas pelo tempo, como o apego à burocracia, que é uma das marcas registradas dessa e de outras áreas governamentais, sendo um dos fatores que leva à baixa produtividade.

A verdade é que a população, com medo, está cada vez mais trancafiada em casa.

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Empresas da área de segurança privada tiveram ascensão, mesmo com a pandemia, pois a segurança pessoal, condominial e empresarial tornou-se prioridade número um. As manchetes nos veículos de comunicação mostram a polícia apagando “incêndios” diariamente, sempre correndo atrás do prejuízo. Qual será o caso de maior repercussão amanhã? Essa tem sido a expectativa de quem gera pauta no jornalismo policial.

A justiça criminal continua pesada, lenta, perdendo tempo e agilidade com discussões jurídicas de somenos importância e atendendo, por força de nossa anacrônica legislação vigente, a infindáveis recursos meramente protelatórios que protegem quem burla a lei.

A verdade é que os problemas são sobejamente conhecidos, mas ninguém tem coragem e/ou competência de promover as drásticas mudanças necessárias no poder público, que clama e necessita de agilidade, desburocratização, meritocracia, união de forças contra a bandidagem, nova estrutura organizacional, visão empresarial e paixão por eficácia e resultados.

Infelizmente, nos especializamos em enxugar gelo, mas nem isso estamos conseguindo fazer direito.

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

Imagem: Lordello Treinamento

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