O leitor sabe como fazer uma pessoa arrogante ou cheia de si cair na real?
Um dos meios empregados por Deus é a doença.
A doença, apesar de ser horrível, tem o poder de impor a humildade, a empatia e até humanizar. Quando a enfermidade bate, nos tornamos impotentes.
No leito de um hospital, a agenda não vale mais nada. A vida paralisa à espera de exames e opiniões de médicos. E se a morte for uma possibilidade, o enfermo que nunca orou, começa a rezar e a pedir para Deus ou outra divindade, que lhe permita viver um pouco mais.
A maioria das pessoas só valoriza a saúde quando a doença aparece. Com a doença, qualquer um sente que não é tão poderoso quanto supunha. Percebe que não pode controlar tudo e que não tem controle nem sobre si mesmo. Reconhece suas limitações, por isso, passa a recorrer a uma inteligência suprema, a causa primária de todas as coisas.
Quando a pessoa descobre, através da doença, que seus dias neste plano astral estão contados, todos os conceitos e preconceitos mudam. O sofrimento extremo leva a enxergar o mundo com olhar mais colaborativo, integrativo e humanizado.
Mas será que as pessoas não podem se libertar do orgulho, do egoísmo, da vaidade e do desejo de posses sem as doenças?
Será que é necessário um leito de hospital para sermos mais generosos e compreensivos com o próximo e menos egoístas e materialistas?
Infelizmente, para muitos, é assim que funciona. A verdade, é que somos pouco evoluídos. Nós achamos no direito de julgar o certo e o errado de acordo com nossa régua. Queremos acumular em excesso e sem a mínima necessidade. Temos dificuldade de repartir e não abrimos mão de ganhar em cima dos outros. Valorizamos a aparência física e a estética e esvaziamos o interior. Ficamos revoltados quando nossos desejos não são concretizados. Almejamos ser melhor que os outros, principalmente daqueles que invejamos. As doenças, as enfermidades revelam a fraqueza, a limitação e despertam a humildade e a simplicidade nas pessoas.
Se o leitor já foi a um hospital, sabe como fica uma pessoa enferma. Muitas vezes acamada, fraca, com poucos movimentos e dependente. Não pode desfrutar de seus bens materiais e impor a sua vontade; é colocada na condição de proximidade da morte e de perda do seu corpo material.
A pressa do dia a dia se transforma em inatividade; o poder do dinheiro não livrará da morte; as preocupações com a rotina perdem a importância; a política que a levou a tantas brigas, percebe agora, só teve o poder de afastar de pessoas queridas; o conhecimento acadêmico e intelectual passa a ter menos relevância, e assim por diante.
A doença nos faz mais humildes e nos traz o verdadeiro sentido da vida. Na doença e na possibilidade da morte, nos vêm à mente os momentos mais simples e significativos da vida, como nossa infância, onde tudo era puro, inocente e novo. Essa coleção de momentos passa a ter um valor que nunca antes tivera. A doença mostra que a simplicidade, a espontaneidade e a naturalidade da vida tem muito mais valor do que qualquer coisa… que a paz e a alegria é o que importa. Passamos a buscar o que somos lá no fundo.
As enfermidades podem ser, dessa forma, um instrumento de libertação das almas.
Mas a boa notícia é que ninguém precisa ficar doente para buscar a verdadeira fonte da vida. Você pode descobrir tudo isso antes que a doença te faça essa revelação da forma mais dura e sofrida.
Jorge Lordello
Apresentador do Operação de Risco/RedeTV
Escritor Internacional
Experiencia de mais de 25 anos como Delegado de Polícia/SP
Especialista em Segurança
Pesquisador Criminal
Palestrante e Conferencista
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