Memórias de uma descoberta
Muito prazer, meu nome é Jamilly Leon.
Nesse nosso primeiro contato quero compartilhar com você o porquê de eu falar sobre sexualidade, como esse assunto ajudou a me entender e melhorar minha autoestima, fazendo com que hoje eu seja Terapeuta Sexual para que eu possa de alguma forma promover o mesmo bem-estar que eu tive e tenho em relação a este assunto.
Desde que eu me lembro, sempre tive esse lado sexual mais aflorado, iniciando minha vida sexual bem jovem com meus quase 14 anos, eu nunca tive problema algum em falar sobre esse assunto, muito pelo contrário, sempre tratei com naturalidade. Quando comecei minha vida sexual, eu sabia o que estava fazendo e tinha alguma noção dos riscos, mas como a maioria das mulheres tem o eterno medo da famosa ‘gravidez na adolescência’ essa era minha única preocupação, e esse é o maior exemplo de como eu sempre tratei esse assunto com naturalidade, pois cheguei em minha mãe e disse que estava tendo relação sexual e gostaria de ir ao médico para ‘tomar remédio de não engravidar’. Claro que minha mãe teve um pequeno susto, mas em vez de brigar me levou ao ginecologista para ter todas as explicações e eu tirar todas as minhas dúvidas.
Avançando alguns anos, eu me recordo de duas situações que acredito que tenham sido cruciais na minha vida. A primeira, é quando eu tinha um namorado e a tia dele estava vendendo lingerie, ela me mostrou algumas e quando apareceram as “pequenininhas” ela falou por mim, para mim, ‘essas nem vou te mostrar, porque eu sei que você não gosta desse modelo’.
E por conta deste fala me vieram várias questões na minha mente, como ela sabe o que eu gosto ou não gosto? Eu queria ver aquelas, porque eu sei que vai ficar bem em mim. Eu devo dizer a ela que eu quero algo mais sensual, ou fica estranho porque ela é a tia de meu namorado?
Lembro que concordei com ela, não comprei nada e depois fui em outra loja para comprar o que eu gostaria de usar.
Já a segunda lembrança era com um outro namorado, um que abriu minha mente para muita coisa e me fez perceber a importância da intimidade, fala e entrega com o outro.
Ele sempre fazia questão de acariciar e beijar todo o meu corpo, e quando eu digo ‘todo o corpo’, quero dizer que ele era o tipo de pessoa que fazia questão de observar cada detalhe, e eu gostava de observá-lo enquanto ele analisava cada arrepio do meu corpo.
Um dia ele começou a beijar meus pés e eu recuei, achei estranho, fiquei pensando que não queria beijá-lo porque ele havia beijado meus pés, tinha uma visão de que o pé é extremamente sujo e falei para ele tudo isso, ele mudou minha visão com um argumento que me fez permitir ter essa experiência. Ele me disse que me admirava e que me via como uma rainha, e que todos os bons súditos devem beijar os pés da rainha, disse que era pra eu me sentir honrada com esse gesto porque era um sinal de admiração. Me convenceu, e vê-lo beijando meus pés me despertou além de prazer, curiosidades.
Quando terminamos alguns anos depois, tive muita insegurança em ter relação com outras pessoas, baixa autoestima e muitas incertezas de como agir com o outro se eu estava acostumada apenas com um. Foi todo um processo de autoanálise para entender em mim o que estava esperando e projetando no outro, até que fui recordando de situações que eu já vivi, por exemplo, eu já deixei de sair com fulano porque ele tinha algo específico que não me agradava, e o mesmo pode acontecer com beltrano em relação a mim. Comecei a encarar o próximo como uma tentativa de troca de experiência e prazer e não algo que pudesse me levar ao sentimento de rejeição, afinal, eles assim como eu, têm suas preferências, e não necessariamente precisam compartilhar, temos todo o direito e dever de respeitar e ser respeitados quando o ‘não’ for dito. E assim fui vivendo e mudando minha visão para que quando eu ouvisse essa palavra de alguém, isso não me leve a um sentimento de rejeição, e sim uma simples falta de compatibilidade que não me pertence, pois nunca tive a curiosidade de saber o que faltava ou sobrava em mim para ser aceita pelo próximo.
Somos seres únicos, com desejos e preferências individuais, quando compreendemos que esse fato está dentro de nós, entendemos que também está no outro.