A precariedade da pavimentação de ruas e estradas no Brasil é quase uma “instituição” nacional. Buracos, ondulações, lombadas e má qualidade, tanto do asfalto quanto dos serviços de recapeamento, causam prejuízos enormes aos motoristas, em particular desníveis traiçoeiros de bueiros não realinhados para compensar a nova camada asfáltica. Isso sem contar o número enorme de lombadas que proliferam sem controle e fora das dimensões regulamentadas.
A mais recente iniciativa de disciplinar a questão foi a Resolução nº 600 do Contran, de maio de 2016, quando se proibiu o uso de tachas, tachões e similares em vias públicas. Logo no artigo 1º há uma tentativa de frear a expansão descontrolada de lombadas.
“A ondulação transversal pode ser utilizada onde se necessite reduzir a velocidade do veículo de forma imperativa, nos casos em que estudo técnico de engenharia de tráfego demonstre índice significativo ou risco potencial de acidentes cujo fator determinante é o excesso de velocidade praticado no local e onde outras alternativas de engenharia de tráfego são ineficazes.”
Antigas e mesmo novas lombadas, contudo, estão fora dos padrões. E isso pode causar acidentes, além de aumento considerável no consumo de combustível e emissão de gases poluentes em razão de frenagens e acelerações desnecessárias. A pintura sobre o obstáculo se desgasta ao longo do tempo e placas de sinalização estão muitas vezes mal colocadas ou mesmo inexistentes. Pacientes a bordo de ambulâncias sofrem com os solavancos. Danos em pneus, rodas e suspensões, além de desgaste maior dos freios, são outras consequências.
A partir de agora, buracos e obstáculos na pista como lombadas podem ser detectados e colocados em rede por alguns modelos Mercedes-Benz. Trata-se de uma evolução do sistema Car-2-X (em inglês, comunicação do carro para tudo em volta) da marca alemã. Desde 2016, três milhões de unidades do Classe S, nova geração do Classe C e, recentemente, do sedã elétrico EQS foram produzidas com o Car-2-X, disponível em mercados específicos.
A empresa desenvolveu um sistema que analisa o comportamento do veículo ao passar por irregularidades na pista. Para isso é necessário dispor de suspensões adaptativas (opcional, no Classe C) ou pneumáticas (de série, no Classe S e no EQS). As variações podem ser captadas e enviadas em tempo real pela rede interconectada. Todos os veículos Car-2-X passam, então, a receber avisos de “cuidado com o buraco” e “atenção, redutor de velocidade”, de forma visual e sonora na tela multimídia, se o motorista habilitar esse tipo de informação.
É um recurso de ação colaborativa e de forma automática nos três modelos da marca. O sistema funciona com telefonia celular 4G, porém ficou mais rápido e confiável graças à tecnologia 5G, disponível na Europa, Estados Unidos, Japão, China e Coréia do Sul. A 5G chega aqui em 2022.
A Mercedes-Benz informou que ainda não tem previsão para Car-2-X no Brasil.
ALTA RODA
QUEDA acentuada de vendas de automóveis (incluídos os SUVs), em setembro, foi por falta de componentes eletrônicos, um fenômeno mundial. Fábricas estão paradas ou em ritmo extremamente lento ao redor do mundo. Em quase todos os países observaram-se recuos entre 20% e 30%. Aqui a diminuição em relação a agosto deste ano foi de 9% e de 32% frente a setembro de 2020. Fenabrave projeta que em 2021, com ajuda do bom desempenho de veículos pesados, o mercado total cresça apenas 4,8% sobre o ano passado.
GENERAL MOTORS anunciou nos EUA sua nova plataforma de atualização de softwares e sistemas eletrônicos de bordo em tempo real via internet. Batizado de Ultifi, a partir de 2023, vai facilitar a vida dos motoristas e gerar receitas que os fabricantes de veículos hoje entregam de graça às bigtechs do Vale do Silício. Tesla, como partiu do zero, foi a que mais avançou neste campo. Custos de manutenção de veículos, mesmo com motores a combustão, tendem também a ser menores.
MUSTANG Mach 1 ampliou o conceito de muscle car americano ao oferecer maior desempenho e requinte frente aos concorrentes diretos. A Ford tem calibrado a oferta no mercado para manter certa exclusividade. O V-8 de aspiração natural, 5 litros e 483 cv obviamente não apresenta reações de um motor turbo, mas aceleração de 0 a 100 km/h abaixo de cinco segundos indica que os fãs do modelo não se decepcionarão. Surpreendem as respostas precisas de direção e potência de frenagem para um carro de 1.814 kg.
GOVERNO do Estado de São Paulo, finalmente, diminuiu a alíquota de ICMS de 18% para 14,5% em modelos elétricos e híbridos novos. Assim, teve fim o desincentivo a esses veículos, que custam muito mais que modelos com motor a combustão em razão das baterias. Mas incentivo, de fato, não existe: alíquota do imposto é igual em ambos os casos. Os governos de vários países dão subsídios diretos a elétricos. Aqui como a carga fiscal é imensa, bastaria reduzi-la mesmo de forma simbólica.
Fernando Calmon
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