A rentabilidade da caderneta caiu mais um pouco junto com o juro básico da economia. Com uma Selic em 2%, a poupança passa a pagar 1,40% ao ano, ou 0,12% ao mês, isso porque pelas regras atuais a sua remuneração deve ser equivalente a 70% da própria Selic.
O crédito desse rendimento começa a ser feito a partir do dia 5 de setembro, sempre na data de aniversário da conta. Quem tem um saldo de R$ 10 mil, suponhamos, terá um crédito de R$ 12,00; quem tiver R$ 15 mil, de R$ 18,00, e assim por diante. Quem tiver um total de R$ 100 mil aplicado em caderneta vai obter um rendimento de R$ 1.400 em um ano.
É baixo? É, se a comparação for feita com o rendimento da poupança nos tempos em que era de 0,50% ao mês, ou 6,17% ao ano, só de juros, fora a correção monetária. Mas agora entramos numa era de juros negativos no Brasil, quer dizer, inferiores à inflação.
Mais do que avaliar o rendimento em termos nominais, o aplicador precisa saber se o seu dinheiro está protegido e preservado em relação à inflação. E, ao que tudo indica, dificilmente a caderneta terá essa propriedade daqui para frente. Toda vez que inflação for superior a 0,12% ao mês haverá perdas no seu patrimônio.
É bem verdade que a inflação anda bem-comportada, com projeções abaixo de 2% para este ano: o Comitê de Política Monetária (Copom) estima para 2020 um IPCA de 1,9%, e o mercado, de 1,3%. Para o ano que vem, no entanto, é esperada uma inflação em torno de 3% ao ano, ou 0,25% ao mês. Situação que coloca a caderneta como aplicação de rendimento negativo, com seus 0,12% ao mês.
Mas o que fazer, então? Não há muita saída dentro da família da renda fixa, porque fundos e títulos estão sendo igualmente afetados pela queda dos juros. A propósito, pelos cálculos da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), a caderneta mesmo pagando pouco deve render mais do que os fundos de renda fixa, que têm a remuneração tributada pelo imposto de renda e cobram taxa de administração. Deixar em caderneta também será melhor do que o dinheiro parado em conta-corrente.
Diante de todas essas variáveis, o mais indicado ao investidor é tentar proteger o máximo possível o seu patrimônio em aplicações de prazo mais longo dentro da renda fixa mesmo, diversificar parte dele em investimentos em renda variável, que diante de um grau de risco mais elevado podem proporcionar um rendimento diferenciado, deixando em caderneta o dinheiro que precisa ficar mais livre para os compromissos de curto prazo ou para alguma emergência.
Decididamente, o que deve ser evitado é deixar todo o patrimônio aplicado em caderneta, como muita gente ainda deixa, com rendimento de 0,12% ao mês.
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