Regina Pitoscia: Caixa tem nova linha de crédito imobiliário.

Caixa tem nova linha de crédito imobiliário. Veja prós e contras

A Caixa Econômica Federal passa a oferecer a partir desta segunda-feira, dia 3, uma linha de financiamento imobiliário garantido por imóvel, de acordo com as regras definidas pela Medida Provisória nº 992/2020, do Banco Central, publicada no Diário Oficial de 16 de julho.

A primeira condição para a concessão do empréstimo com lastro imobiliário é que o imóvel, residencial ou comercial, esteja quitado. O financiamento poderá chegar a 60% do valor do imóvel pretendido e o tomador poderá optar por uma das três opções de taxas de juro para o empréstimo em que terá até 180 meses (15 anos) para pagar.

A primeira opção é uma taxa fixa, a mais baixa, de 0,8% ao mês, para os clientes da Caixa; a segunda combina TR (Taxa Referencial), que permanece zero nestes tempos de Selic na mínima histórica, e taxa de juros a partir de 0,7% ao mês; e a terceira corresponde ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) mais taxa de juros a partir de 0,6% ao mês.

O tomador que optar pela modalidade de financiamento que cobra variação do IPCA mais juro a partir de 0,6% ao mês terá acesso a um crédito de até 50% do valor do imóvel. Nas outras duas opções – juro de 0,8% ao mês ou TR mais juro a partir de 0,7% ao mês –, o total financiado poderá chegar a 60% do valor do imóvel.

Mais vantajosa

Dentre as três opções, o crédito imobiliário com a taxa fixa de 0,8% ao mês, o que dá 10,03% ao ano, para o pretendente que tem conta na Caixa, seria a escolha mais vantajosa, ainda que avaliada em um cenário de juro básico, a Selic, muito menor, na mínima histórica de 2,25% ao ano.

Principalmente porque essa Selic nanica deve ser analisada e entendida em um cenário de recessão e inflação no chão, de momento. Olhando à frente, em um horizonte de 15 anos, que é o período máximo de duração do financiamento, tudo pode acontecer na economia. Até mesmo uma retomada de inflação, seguida por uma elevação da Selic que poderia fazer os juros embicar acima da taxa de financiamento. Afinal, vivemos uma fase de inflação e taxas de juros atípicas para uma economia que historicamente conviveu com inflação elevada e juros estratosféricos e tem pela frente um cenário carregado de dúvidas e incertezas.

Com a Selic supostamente no piso, não obstante a previsão de cortes adicionais e residuais, quem abraçar um contrato de financiamento imobiliário com uma taxa fixa de 0,8% ao mês estaria fazendo bom negócio. Senão por outros motivos, porque não existe aparentemente também espaço para novas reduções de taxa.

A opção pelo contrato cujo custo combina TR, zerada no momento, e juro a partir de 0,7% ao mês ou 8,73% ao ano carrega como ponto de interrogação a trajetória da TR, se houver uma retomada de alta da inflação e, com ela, da taxa Selic.

A escolha que embutiria maior risco, de todo modo, é o crédito imobiliário com custo que combina IPCA mais taxa de juros de 0,6% ao mês ou 7,44% ao ano. A menos que a inflação permaneça comportada em torno dos níveis atuais de 2% ao ano ao longo dos próximos 15 anos. Uma aposta temerária diante de um cenário de tantas incertezas e dúvidas sobre a retomada econômica e estabilidade fiscal, com o reequilíbrio das contas públicas, no período pós-pandemia do coronavírus.

Outro ponto a que o tomador deve estar ligado é quanto à sua capacidade de pagamento das prestações da dívida. Se houver atraso, corre o risco de perder o imóvel dado como lastro do financiamento, já que terá a garantia executada para levantar recursos e quitar a dívida.

Um risco duplo, na prática. O de ficar sem os dois imóveis: o comprado com o crédito, pela retomada pelo agente financeiro, e já quitado dado como garantia de pagamento da dívida.

Imagem: https://economia.ig.com.br

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