Aconteceu num piscar de olhos, o mundo parou, as ruas ficaram vazias, uma sensação de insegurança e medo tomou conta de nós.
Com muitas perguntas, poucas respostas e sem planejamento prévio, tivemos que aprender a viver uma nova realidade.
No meio desta guerra invisível as mulheres resolveram se mover, a princípio silenciosamente, quase que numa ação subterrânea.
O isolamento social nos obrigou a utilizar as ferramentas tecnológicas para o trabalho home office e assim, sem sair de casa nem perder horas no trânsito que as distâncias deixaram de existir.
As lives, reuniões virtuais e WhatsApp conectaram as mulheres em redes de apoio e solidariedade. E lá fomos nós arrumar armários e separar doações.
Percebemos a diferença do que tem preço e o que tem valor… liberdade, saúde, amizade e amor não se compram.
Para conter a pandemia o Brasil fechou suas fronteiras.
O Consulado do Paraguai iniciou uma campanha para arrecadar doações para as imigrantes, a nossa intenção era promover uma pequena ação solidária mas a verdade é que quando mulheres resolvem se unir o resultado é surpreendente.
Criamos o Webinar “Internacionalização de empresas brasileiras, desafio em tempo de pandemia e impacto econômico regional “. Estamos falando do Paraguai, um país que foi destruído pela guerra e reconstruído por mulheres heroínas e corajosas que até hoje preservam essa incrível capacidade de reagir e lutar.
Sou filha de japoneses e casada com um italiano, sei como é complicado estar longe da pátria e num país com outro idioma. E se estava difícil para nós que estamos cercadas de família e amigos, imaginei como estava complicado para as imigrantes.
As bolivianas com suas famílias não podiam retornar ao país de origem, estavam sem trabalho e precisavam de ajuda, foi assim que criamos outro evento, desta vez com a OMEB Bolivia, o Webinar “Oportunidades de Negócios para mulheres empresárias e empreendedoras Brasil e Bolívia “.
Ao iniciar o diálogo percebemos que eram PYMEs com incríveis histórias de superação, a maioria sem nenhuma experiência em mercado internacional, então percebemos a necessidade de criar 2 pré-eventos com cursos de capacitação, um para o Brasil e outro para a Bolívia.
Para fazer negócios com outros países e estabelecer laços comerciais é necessário conhecer um pouco da história, cultura e os códigos de conduta e comportamento.
Independentemente do idioma ou localização geográfica percebi que todas nós sentimos as mesmas dores.
A Bolívia mostrou alpaca, gastronomia, pedras preciosas, turismo e artesãs que falam idiomas nativos com muito orgulho, mulheres com uma postura altiva e um olhar muito digno.
Uma vez iniciado esse ciclo de diálogo bilateral entre países, o desafio seguinte foi o Encontro Empresarial de Mulheres Brasil e Argentina, uma nova experiência, outra cultura, outra forma de fazer negócios. Novamente vimos a necessidade de pré-eventos com cursos de capacitação.
Somos países vizinhos e parceiros e tenho o privilégio de ter várias amigas argentinas, o evento fortaleceu ainda mais nossos laços e ampliou a rede de networking.
Conheci empresas familiares que já estão na terceira geração, mulheres inovadoras e destemidas, foi uma intensa troca de informações e aprendizado.
Uma de nossas características é ser mais assertiva que os homens, as meninas aprendem a falar e não param mais, somos capazes de admitir nossos erros e não temos vergonha de chorar ou de pedir socorro, gritar ou se descabelar.
Se algo não vai bem nós encaramos nossas perdas, derrotas e defeitos e seguimos em frente.
A definição de ser assertivo é ser firme e direto sem causar constrangimento. É uma capacidade de se afirmar de maneira clara, objetiva e transparente.
E foi assim, em conversas verdadeiras, expondo a realidade que vivemos que começamos a nos reinventar.
Dentro de nossas casas, improvisamos um espaço para reuniões online e isso mudou os relacionamentos profissionais, onde antes existia uma hierarquia, uma formalidade imposta por ambientes intimidantes hoje fazemos um call numa conversa descontraída.
Numa conferência começamos a ouvir um ruído na transmissão da palestrante e em seguida vimos uma mão pequenininha que parecia no saudar. Era um bebê! A reação foi de cumplicidade e ternura, afinal, quantas de nós não teve a reunião invadida por filhos, marido ou até pets?
Quando isso acontece nossa reação é sorrir, perguntamos o nome, a idade, mandamos beijos e abraços. Já percebeu a diferença quando o mesmo acontece com homens? Na maioria dos casos eles disfarçam, fingem que não está acontecendo, desligam a câmera e o áudio e provavelmente tem um ataque escondido.
Dizem que quando nasce uma criança, nasce também uma mãe empreendedora.
As palavras resiliência, empatia e sororidade se transformaram em nossas armas de sobrevivência pois conhecemos a força da nossa união.
As mulheres se expõem, mostram seus talentos e dons, exibem sorrisos orgulhosos e explicam que caíram, mas se levantaram.
Essa aproximação nos deixou mais humanas, longe de cargos ou títulos, apenas pessoas lutando para reerguer suas empresas, a economia e seus países.
Ações das mulheres frente a uma nova realidade, este foi o tema que me pediram para abordar num Fórum para reativação da economia com a participação de empresárias de 8 países numa clara demonstração que gostamos de fazer negócios.
Solas invisibles, juntas invencibles!
Lilian Schiavo
Imagens: Freepik
Uma resposta
Fantastico Lilian!