Lilian Schiavo: Enfermagem, uma carreira com propósito.

É comum perguntar para as crianças o que elas querem ser quando crescer, será que você consegue lembrar qual era a sua resposta?

Escolher uma profissão é definir seu propósito de vida, é encontrar o motivo que te faz levantar da cama todos os dias, é o que te faz feliz.

É saber que ao acordar, você estará com energia renovada para fazer o que gosta, se dedicar ao que ama.

A pandemia fez com que os profissionais da saúde fossem alçados a categoria de super-heróis e o mundo todo quis agradecer e manifestar respeito e reconhecimento aos médicos, enfermeiros e profissionais da área da saúde.

Pudemos ver enfermeiras criando formas para amenizar o sofrimento causado pelo isolamento, emprestando celulares para que os pacientes pudessem conversar com entes queridos, lendo cartas escritas por familiares e amigos, se emocionando, chorando junto e ultrapassando seus próprios limites.

Engana -se quem pensa que a enfermagem se acostumou a conviver com a dor, a perda e o luto.

As enfermeiras convivem com stress intenso, sentimento de impotência diante da morte e jornadas de trabalho exaustivas. E precisam de apoio psicológico para enfrentar as duras batalhas do cotidiano.

Quem escolhe está profissão é movida por compaixão, uma vontade imensa de ajudar o próximo.

A Wikipédia define compaixão como uma compreensão do estado emocional de outra pessoa e frequentemente combina-se a um desejo de aliviar ou minorar o sofrimento de outro ser senciente, bem como demonstrar especial gentileza para com aqueles que sofrem.

Passei grande parte da minha vida percorrendo corredores de hospitais, sou administradora hospitalar e filha de pais médicos. Desde pequena lembro que ficava escondida na recepção ou nos postos de enfermagem enquanto eles realizavam uma cirurgia de emergência ou passavam visita nos pacientes.

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Aprendi o que significa compaixão observando os profissionais de saúde que tratam igualmente todos os pacientes, independente de quem sejam, com escuta ativa, olhar sistêmico e sem julgamento.

Sem dúvida é preciso mais do que compaixão para exercer a profissão de enfermagem, é necessário ter a coragem e ousadia da pioneira Florence Nightingale, uma mulher indignada com o que via, que saiu do conforto para buscar conhecimento e acabou criando uma escola com métodos científicos, diagramas e estatísticas. Ela é conhecida como a responsável pela Enfermagem Moderna, pelos preceitos de higiene, ventilação, iluminação e ambiente calmo entre tantas outras descobertas.

Represento uma organização de mulheres e não posso deixar de lembrar que a enfermagem é uma profissão com predominância de mulheres, acredito que seja por causa da nossa capacidade de gerar e cuidar de vidas, da empatia e inteligência emocional.

No Brasil a história da enfermagem tem como referência a Ana Nery, outra mulher exemplo de guerreira, uma viúva que quando viu seus filhos e irmãos convocados para lutar na Guerra do Paraguai escreveu uma carta ao presidente da República pedindo para ser uma enfermeira voluntária nos campos de batalha.

É, ser enfermeira é para as fortes, para as que entendem o sofrimento humano, é a profissão para quem acredita em milagres, tem esperança que tudo pode mudar, é para quem não joga a toalha e permanece na batalha.

Se você escolheu esta profissão é uma líder comprometida, responsável, compassiva, comunicativa, com capacidade para trabalhar em equipe, disposta a enfrentar um dos maiores medos da humanidade: a morte.

 

Lilian Schiavo.

 

Imagem: Freepik

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