Deve ser a idade, a maturidade na maioria das vezes traz ressignificados, a decadência física chega acompanhada de um jeito diferente de ver o mundo, uma serenidade antes desconhecida.
Quem não lembra dos avós com carinho? Os cabelos prateados, uma certa lentidão dos movimentos, um olhar amoroso, um abraço de urso, uma paciência infinita… particularmente eu não entendia como meus pais que foram tão severos quando eu era criança, tinham se transformado em manteiga derretida com os netos.
O que motivou tantas mudanças? Será que foram hormônios?
Mottainai é uma palavra que minha avó dizia sempre, vinha acompanhada de um meneio de cabeça, como que discordando de algo que eu havia feito, era uma espécie de censura e bronca silenciosa.
É um jeito nipônico de combater o desperdício, e neste caso, abrange desde a comida que não deve ser deixada no prato como o talento desperdiçado.
O dicionário define desperdício como a ação de não aproveitar alguma coisa, da maneira como se deveria, ou ainda, gastar em excesso.
Neste mundo competitivo, onde parece que o tempo escoa das nossas mãos, necessitamos combater o desperdício de tempo com coisas, pessoas e sentimentos inúteis.
Ao invés de perder a harmonia e a paz, aproveite para se aperfeiçoar, buscar a famosa “melhor versão de si mesma”, compartilhar conhecimento e distribuir afeto.
Participei de uma palestra sobre o fortalecimento das lideranças femininas, onde se discutia como apoiar pessoas e conseguir seguidoras.
A resposta que ouvi foi perfeita: “seja digna, esteja disposta a entregar o seu melhor, capaz de exibir sua vulnerabilidade, exercendo a empatia e a sororidade, privilegiando o coletivo em detrimento do individual, menos eu, mais nós”.
Líderes possuem a força para mudar o mundo, sem esperar que outro faça, persistem até encontrar uma solução, com valentia para assumir riscos e humildade para aprender e reconhecer que não é melhor do que ninguém.
Aprendi que existe uma diferença entre liderança e gerência.
A gerência consiste em fazer com que as pessoas façam algo como um mecanismo de troca, uma manipulação consensual, é o tradicional modo de trabalho regido por um contrato, onde você trabalha para receber seu salário.
Em contrapartida, a liderança consiste em conseguir que as pessoas façam algo para elas mesmas ou para outras pessoas ao seu redor, desfrutando o próprio potencial ao máximo, numa busca para alcançar propósitos comuns.
Não perca seu tempo correndo atrás de poder, títulos ou prestígio, esses virão espontaneamente, como resultado de suas ações, como reconhecimento pelo seu trabalho.
Viva com autenticidade, aceitando suas vulnerabilidades, afinal, líderes de verdade são imperfeitos, reconhecem que não sabem tudo, que fracassos e derrotas são aprendizados, que de vez em quando vão ter que pedir ajuda, dar uma parada estratégica para tomar novo fôlego.
Eu não sei você, mas quando me deparo com alguém que parece perfeito, imagino que é falso.
Se recuse a desperdiçar tempo, energia e foco com tudo que não vale a pena, como pessoas tóxicas, invejosas de plantão, as fofoqueiras e as juízas da vida alheia.
Invista seu tempo no seu ikigai, no que faz a felicidade e alegria reverberar ao seu redor.
A nossa fortaleza reside na convicção de que vulnerabilidade não significa debilidade, mas coragem para reconhecer quem somos realmente, com todos os medos e incertezas, com a síndrome da impostora, as inseguranças e dúvidas.
Uma líder precisa ser humana, real, gente como a gente, capaz de acolher e escutar, sem julgar, capaz de sorrir e abraçar, reconhecendo o potencial individual, ajudando a outra pessoa a florescer, brilhar e ocupar lugares mais altos, sem desperdiçar seus talentos e dons.
“A maior habilidade de um líder é desenvolver habilidades extraordinárias em pessoas comuns”. Abraham Lincoln
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