Lilian Schiavo: Mulheres que movimentam a economia

Sofro da síndrome da impostora, então toda a vez que me convidam para palestrar num evento internacional levo um susto e pergunto: como foi que me encontraram? Tenho a humildade de entender que sou uma ilustre desconhecida e por isso me assombro cada vez que sou chamada.

Possuo também uma particularidade que adquiri após os 50 anos: perdi o medo do ridículo, o medo de errar, entendi que é melhor tentar, então aceito convites para fazer algo de bom ou inusitado pela primeira vez.

Minha amiga Monica me chamou para participar de um evento como Mobilizadora e na minha santa ignorância fui procurar no dicionário… encontrei:  mobilizadora é a que põe em movimento, que incita um grupo de pessoas a trabalhar em benefício de algo, é a líder que consegue mudar a realidade de várias outras.

Gostei do desafio e aceitei!

O tema era “Mulheres que movimentam a economia” e ao preparar o discurso pensei em incluir dados estatísticos, índices econômicos e pesquisas, mas ao conversar com a Monica, ela me pediu que falasse sobre sororidade.

Nem preciso dizer que imaginei que ela estava delirando, afinal, o que a sororidade tem a ver com mulheres e economia?

Refleti durante um bom tempo e escrevi…espero que você goste.

A OBME é membro da FCEM – Femmes Chefs D’Enterprises Mondiales, uma associação pioneira que reune mulheres empresárias em todo o mundo. Fundada na França em 1945, no final da Segunda Guerra Mundial, a associação rapidamente se espalhou e atualmente estamos em 120 países, nos 5 continentes.

Refletindo sobre o propósito e a missão da FCEM, imagino que as empresas e organizações são como pessoas que carregam uma identidade própria, um DNA. O ano de 1945 foi caracterizado pelo final da 2º Guerra Mundial, num cenário de destruição e perdas de vidas, países quebrados e uma população sobrevivente imbuída do espírito de reconstrução. Esta é a nossa história, somos uma organização que nasceu com o propósito de conectar mulheres empresárias, gerar laços comerciais e de amizade, com o intuito de movimentar a roda da economia no pós guerra.

Uma situação muito parecida com a que estamos vivendo hoje, momentos de incertezas em que é preciso muita coragem para se reerguer e nessa hora lembro do nosso lema: sozinhas invisíveis, juntas invencíveis!

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As mulheres líderes estão novamente se unindo com sororidade, solidariedade e empatia, movimentando o mundo com ações como a que estamos vivendo hoje.

A OBME é composta por mulheres empresárias, empreendedoras e profissionais liberais e costumo dizer que nosso grupo não é formado por seguidoras e sim por líderes.

A primeira vez que ouvi a palavra sororidade soou como poesia.

Na época não entendia porque as mulheres precisavam se reunir, confesso que era uma ignorante que enxergava o mundo com lentes distorcidas.

Acreditava que as oportunidades eram iguais para todos, que as mulheres podiam ser o que quisessem, que lugar de mulher é onde ela quiser.

Fui criada ouvindo histórias reais e inspiradoras, como da Madame Curie, da Florence Ningthingale, ouvia histórias de mulheres samurais, guerreiras de várias tribos, de mulheres poderosas que mudaram a história do mundo.

Tive a liberdade de ser protagonista da minha vida, pude decidir qual faculdade, profissão, com quem queria casar, pude escolher se queria ser mãe.

E com tantas escolhas pude acertar e errar sozinha, e assim aprendi a ser responsável por mim mesma.

Então, vivendo dessa maneira, acreditava que todas as mulheres também eram livres para ser o que quisessem.

Precisei entrar num círculo exclusivo de mulheres para ouvir relatos indignados, conhecer mulheres que não tinham voz, que se sentiam invisíveis, mulheres que tiveram que superar seus próprios medos e insegurança, que lutavam contra a baixa autoestima, que sofreram assédio ou violência, que foram desrespeitadas.

Precisei reeducar meu olhar e minha escuta, mudar a postura e refletir sobre quantas dores submersas existem em cada uma de nós.

Para chegar lá, e seja lá onde for, tivemos que superar obstáculos, quebrar correntes e tetos de vidros, enfrentar barreiras, puxões de tapetes e pisos escorregadios.

É exatamente aqui que entra a sororidade, da palavra soror, que em latim significa irmã. É criar acolhimento, pertencimento.

É olhar sem julgar nem competir, sem invejar. É torcer pelo sucesso da outra, é se alegrar quando uma de nós consegue fazer algo incrível. É entender que se outra mulher brilha, você pode aprender com ela como acender esse botão, e ao invés de tentar ofuscar ou apagar você vai caminhar junto, afinal, o sol está aí para provar que a luz pode iluminar e aquecer todas nós.

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Então, na próxima vez que uma mulher subir no palco, não repare se ela está acima do peso, não julgue se a roupa, o cabelo ou a maquiagem estão erradas, busque enxergar suas qualidades ao invés dos defeitos, elogie ao invés de criticar.

De onde estiver, torça para tudo dar certo, para que ela não tropece, não caia , mas prossiga subindo. Quem sabe, na próxima vez será você que estará ocupando esta posição justamente porque ela te deu a mão, te puxou, ensinou como chegar lá.

Sorridade é ter empatia, é se colocar no lugar da outra e entender suas dores.

Cada uma de nós tem uma história diferente, com perdas, derrotas, sofrimentos e segredos escondidos, mas também temos dons e talentos que podem estar submersos como um tesouro enterrado ou um diamante a ser lapidado.

Sororidade é irmandade. é caminhar juntas, é ser capaz de acalentar os sonhos da amiga, se apoiar umas nas outras, é dar risada até a barriga doer ou chorar e oferecer um ombro amigo ou um abraço quando algo dá errado.

Quem me conhece já ouviu meus mantras: uma mulher puxa a outra e nenhuma é deixada para trás. Uma mulher adquire produtos e serviços de outra mulher, incentiva as micro e pequenas empresas, o artesanato e o comércio local.

As palavras mais ouvidas ultimamente são: resiliência, empatia, sororidade e solidariedade.

As mulheres se uniram para lutar por um mundo melhor, mais ético, justo, sustentável, com muita esperança e fé.

Na pandemia ficamos em casa e percebemos que as mulheres movimentam a roda da economia, afinal, nós somos resilientes, empáticas, somos imparáveis, somos aquelas que não desistem.

Acredito que as mulheres movimentam a economia e movem o mundo.

Finalizo com uma frase da Michelle Obama:

“Nenhum país consegue realmente florescer se abafar o potencial feminino. Afinal, desta maneira ele está se privando da contribuição de metade dos cidadãos. “

 

Lilian Schiavo

 

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

Imagens: Freepik

 

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Uma resposta

  1. Brilhante as palavras da Sra LILIAN SCHIAVO em acreditar no respeito e desenvolvimento nas mulheres como um todo. O mundo é regido por grandes mulheres, mães que assim fazem um mundo melhor!!! Parabéns

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