É engraçado como o tempo se encarrega de dar respostas às perguntas que durante anos permaneceram nas nossas cabeças, mas nada como a maturidade para nos auxiliar a encontrar as respostas.

Assim como muitas de vocês fui uma criança/ adolescente/ adulta muito curiosa, com mania de perguntar, querendo entender o que faz o mundo girar… assim como muitas de vocês busquei a receita para ser feliz, para entender física quântica, para ganhar dinheiro e para ter sucesso.

A diferença no meu caso é que resolvi pedir as receitas para meus pais e o resultado foi dramático, eles nunca respondiam o que eu queria saber.

Filha de japoneses, neta de uma professora de japonês, cresci num lar onde era proibido falar em outro idioma que não fosse o português, até a minha avó se sacrificava para se comunicar numa língua com sons estranhos e difíceis de reproduzir.

Meu pai dizia que era para evitar um sotaque carregado, mas lógico que era impossível ficar impune, e de vez em quando algumas palavras apareciam aqui e ali, sempre sem tradução mas compreensíveis pelo coração.

Acreditei que cresci uma ignorante na cultura nipônica, criada completamente dentro dos padrões ocidentais até o dia em comecei a ver livros e palestras sobre ikigai, mottainai, kintsugi, wabi sabi e ganbatte.

Descobri que meus pais respondiam minhas perguntas com fábulas que transmitiam valores e conceitos que norteiam minha vida pessoal e profissional até hoje.

Quando questionados sobre como obter sucesso, eles enfatizavam a necessidade de encontrar o ikigai, o que te faz feliz, o que você ama fazer.

Era comum vê-los sentados apreciando uma paisagem, podia ser uma floresta ou uma praia, os dois em silêncio, e lá ia eu, uma criança inquieta e barulhenta perguntar se estavam com algum problema, eles apenas me olhavam com carinho e respondiam: estamos apenas sentados!

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Imaginem uma criança tentando entender como era possível ficar sentada sem pensar em nada! Hoje sei que eles meditavam, tomavam banho de floresta, abraçavam a natureza e viam beleza nas coisas mais simples e imperfeitas da vida.

Mottainai era uma palavra que minha avó falava com um semblante de tristeza, acompanhada de um meneio de cabeça e um muxoxo, uma sensação de pesar pelo desperdício que tanto podia ser material como pelo desperdício pessoal de talentos e oportunidades, um desperdício de tempo e de vida.

Kintsugi é uma técnica que restaura peças quebradas de cerâmica com emendas de ouro que as transformam em peças únicas e de uma beleza rara, numa alusão às cicatrizes que carregamos no corpo e na alma, neste caso, cada fracasso, machucado, derrota ou desilusão nos torna mais resilientes, mais sábios e autênticos.

Wabi sabi valoriza a beleza da imperfeição, da simplicidade, do minimalismo e do transitório,  numa reflexão sobre a fragilidade da vida e a necessidade de aproveitar cada momento com foco e atenção plena.

No Blog Daddy Mojo,  ganbatte é o ingrediente secreto para a felicidade, é uma filosofia de encorajamento que diz “Aguente firme, não desista, faça o seu melhor e não desista”. Na prática, ao invés de desejarmos boa sorte a alguém, incentivamos a perseverar, a fazer com que você seja melhor hoje do que ontem, um passinho de cada vez, até atingir o seu objetivo.

E pensar que passei a vida pensando que meus pais eram enigmáticos, que respondiam as perguntas de forma evasiva, mudando de assunto, quando na verdade eles estavam sedimentando conhecimentos milenares para que eu pudesse enfrentar as batalhas de frente, com coragem e persistência.

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Atualmente meus pais moram no céu mas sinto que de onde estiverem eles conseguem receber meu amor e gratidão… aproveito para deixar um recado para eles: demorou mas finalmente entendi!

 

 

 

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Imagem 01: Biblioteca Esotérica

Imagem 02: Eu sem fronteiras

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Respostas de 2

  1. …E assim a gente vai aprendendo, também é o aprendizado que impulsiona o crescimento, o enriquecimento do espírito, um modo novo de entender a vida, viver, cuidando sempre da atenção e respeito ao outro. Assim há que se agradecer a autora pelos belos ensinamentos

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