Num mundo competitivo onde demonstrar poder é primordial para o sucesso/felicidade de algumas pessoas, características como humildade e compaixão parecem totalmente fora do contexto.
Daqui de fora, observo uma luta de egos inflados, uma infinidade de eus… eu isso, eu aquilo, eu fiz, eu conquistei, eu mando, eu quero, eu fui, eu sou, eu posso, eu aconteço, eu me basto!
Sinceramente, fico cansada só de olhar e imagino como deve ser difícil viver dessa maneira. Às vezes, o nosso maior inimigo somos nós mesmas quando decidimos ocupar todos os espaços, sentar em todas as cadeiras, sem deixar espaço para mais ninguém.
Aceitar que o sol nasce para todos é impossível para aquelas que insistem em achar que o mundo gira em torno do seu próprio umbigo, são as egocêntricas de plantão.
O mundo seria bem melhor se ao invés de disputar nós conseguíssemos aplicar a filosofia do Ubuntu, uma lenda africana baseada na humildade, respeito, lealdade e empatia.
A história é assim, um antropólogo, ao visitar crianças de uma tribo africana colocou um cesto de frutas debaixo de uma árvore e propôs uma brincadeira, uma corrida onde o primeiro a chegar ganharia o cesto. Para seu espanto, ao dar o sinal de início da competição, as crianças se deram as mãos para que pudessem chegar todas juntas e repartir as frutas.
Ao perguntar porque elas tinham agido desta forma, uma das crianças respondeu: Ubuntu, como um de nós poderia ser feliz se o resto estivesse triste? Ubuntu na cultura Zulu e Xhosa significa “Eu sou porque nós somos”.
Então, você pode ir sozinha e achar que venceu, que deixou os concorrentes para trás, que é a melhor, a mais poderosa, a que ultrapassou e pisou nos outros, a que ficou com o troféu…mas qual a graça se você não tiver com quem dividir ou comemorar a vitória?
Nessas horas, vale lembrar que dependemos de outras pessoas mesmo quando não as vemos, mesmo quando não as percebemos.
Nelson Mandela pregava que para ser feliz é preciso viver em coletividade, em harmonia.
No livro “Chaves para o Sucesso” , Napoleon Hill escreve que Mahatma Gandhi foi um dos líderes mais influentes do mundo e no entanto, ele não acumulou fortunas nem patrimônio, seu capital não era financeiro, era capital humano, seu propósito de vida era libertar o povo da Índia e beneficiar os 400 milhões de indianos, não era um objetivo egoísta, não pensava em recompensa pessoal.
Gandhi tinha uma aliança poderosa com centenas de milhões de mentes e vivia uma vida simples e humilde.
No dicionário, humilde é o adjetivo atribuído a uma pessoa sem vaidade, que conhece suas próprias limitações, uma pessoa modesta e altruísta. Os humildes costumam reunir outras virtudes, como sabedoria, nobreza, tolerância, gentileza e gratidão.
O humilde não se considera melhor que outro, é capaz de conversar com todos e tratar com o mesmo respeito o porteiro, o caixa do supermercado, o presidente da empresa, um ministro da república ou um juiz.
Finalizo com um texto taoísta: “Três coisas agradam a todo o mundo: gentileza, frugalidade e humildade. Pois os gentis podem ser corajosos, os frugais podem ser liberais e os humildes podem ser condutores de homens.”
Lilian Schiavo
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Imagem de capa: Crianças Xhosa mostram o que é ubuntu: “eu sou porque nós somos” – https://ensinarhistoria.com.br/ubuntu-o-que-a-africa-tem-a-nos-ensinar/ – Blog: Ensinar História – Joelza Ester Domingues,