Fe Bedran: Os adereços regionais religiosos

A fé habita o Vale do São Francisco; uma mistura de um catolicismo popular paramentado por suas rezas, benzeduras e procissões, contrastando com elementos de raízes caboclas e cafuzas, de crenças, lendas, assombrados e encantados. Conta com a presença de vários santos da Igreja Católica, principalmente São Francisco, o santo que deu seu nome ao rio, acalentando a população ribeirinha com a esperança e a promessa da extinção da seca eterna. Mas também exalta entidades como a mãe d’água, o caipora, a mula sem cabeça e a própria índia Iati, cujas lágrimas derramadas pela morte do guerreiro amado deram origem ao rio; uma gritante combinação do sacro com o profano.

“O Vale é a terra dos barqueiros, dos caboclos, das cantorias. Mundo da paçoca, do surubim e das piranhas. Mundo da cerimônia dos chamados “penitentes”, com as suas matracas. Mundo de remeiros no rio – e de romeiros na terra.” E o rio é um “lugar de passagem, estrada aquática pela qual circulam e se disseminam os mais variados elementos e práticas de cultura. Cantos, rezas, utensílios e crenças deslizam à flor da água, no bojo de barcos e canoas, difundindo-se pelos atracadouros que vão pontuando as suas margens e se distribuindo por seus afluentes.” RISÉRIO, Antônio. O AVESSO DA MONTANHA. Disponível em: < http://app.cadernosglobo.com.br/banca/volume-09/velho-chico.html#artigo-10> Acesso em 25 de janeiro de 2018.

Enfim, o Vale do São Francisco respira a Fé. E a novela “Velho Chico”, na sua perspicaz descrição da cultura dos grotões e caudais rurais nordestinos, não poderia deixar de abordar a religiosidade do povo que lá habita, com toda a sua graça e poesia.

Logo nos primeiros capítulos da novela, acontece a tradicional Procissão de São Francisco. Foram aproximadamente 70 embarcações coordenadas pelo artista plástico Anderson Dias, contratado exclusivamente para o trabalho. Parte dos adereços, que compreendiam flores de papel, fitas, bandeirinhas, imagens de santos, estandartes, andores, rendas e etc. foi confeccionada nos Estúdios Globo e embarcada para as correntezas do Rio São Francisco no Sul de Alagoas. Outra parte foi produzida por cerca de 30 pessoas locais habilidosas das cidades vizinhas, orientadas pelos Produtores de Arte Assistentes responsáveis por aquele set de gravação colossal. Ao todo, foram dois meses de pré-produção para este evento.
Dentre as 70 embarcações que pontuaram as águas do Rio Chico, estavam as dos personagens das famílias rivais De Sá Ribeiro (primeiro slide) e Dos Anjos. A gravação reuniu mais de 600 figurantes e uma equipe de 200 pessoas, na cidade de Piranhas, em Alagoas, e no Povoado de Curralinho, município de Poço Redondo, no sertão sergipano. JORNAL O GLOBO, disponível em <https://oglobo.globo.com/cultura/revista-da-tv/velho-chico-maria-tereza-santo-se-conhecem-em-procissao-18959752#ixzz55FjgeMnE>. Acesso em 25 de janeiro de 2018.
Além de símbolo representativo da religiosidade do Vale do São Francisco, a procissão também foi o palco do primeiro encontro de Tereza de Sá Ribeiro (Isabella Aguiar) e Santo dos Anjos (Rogerinho Costa), provenientes de famílias rivais. Em um romance “à la” Romeu e Julieta, foi amor à primeira vista entre a filha de Afrânio (Rodrigo Santoro / Antônio Fagundes), vestida de Nossa Senhora e Santo, filho de Belmiro (Chico Dias), paramentado de São José.
No primeiro slide, vemos as comemorações gravadas na Cidade Cenográfica dos Estúdios Globo, com parte do material em continuidade vindo das gravações do Nordeste. Como visto na coluna passada, flores de papel e bandeirinhas são adereços que surtem um belo efeito na telinha, nos grandes eventos. Nos outros dois slides, os cerca de 600 figurantes de Alagoas, conduzem centenas de estandartes entre andores, imagens, quadrinhos de santos, porta-retratos, flores e sombrinhas, acompanhados por alguns a cavalo e um carro de boi. No destaque vemos Piedade (interpretada por Cyria Coentro), com Bento criança (Vitor Aleixo) e Eulália (Fabíula Nascimento) com Luzia também ainda criança (Fabiana Ferreira). Letra da Música “PROCISSÃO” de Gilberto Gil. Álbum “Louvação”, 1967.
Não poderíamos deixar de destacar os belíssimos estandartes feitos por Raimundo Rodriguez e sua equipe, artista plástico contratado para toda a parte religiosa do folhetim, sempre parceiro de Luiz Fernando Carvalho, diretor da novela.

Na próxima semana, voltaremos com mais novidades! Aguardem!

 

CRÉDITOS PRODUÇÃO DE ARTE VELHO CHICO

Produção de Arte: Myriam Mendes

Produção de Arte Assistentes: Adriane Lemos Mroninski, Alda Gonçalves, Bia Perdigão, Bianca Romano, Claudia Margutti, Deborah Badauê, Emily Dias, Fred Klaus, Gabriel Camilo, Leonardo Pimenta,Luisa Gomes Cardoso, Marcello Villar, Marcia Silva, Maria Fernanda Martins Costa, Renata Marques, Sabrina Travençolo , Sandra Leite.

Equipe de Apoio a Arte: Thiago Leal, Raif Nascimento Roosevelt, Fabio Sobral, Rafael Guedes, Alex Lemos e Raquel Santos

Aderecistas: Regina DalleGrave, Alê Ferreira, Celso Menguelle, Guilherme ZagalloRoniere Odelli,
Newton Galhano e Sandra de Sá-Fortes Gullino, 
Alícia Ferraz, Markoz Vieira e Thereza Moraes.

Produtora de Arte / Participação Especial nos Primeiros Capítulos: Ana Maria Magalhães

Artista Plástico: Raimundo Rodriguez

Artista Plástico: Anderson Dias

Escultor Maritônio Portela

 

Ficha técnica retirada do site Memória Globo e fontes entrevistadas. MEMÓRIA GLOBO, Disponível em < http://memoriaglobo.globo.com/programas/entretenimento/novelas/caminho-das-indias/ficha-tecnica.htm> . Acesso em 25 de janeiro de 2018

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Compartilhe esta notícia

Mais postagens