Renata Figueira de Mello: O mundo sem internet

Nestes dias de alto verão eu tenho me dividido muito entre a minha casa em São Paulo, a minha chácara no interior e a casa do meu pai no litoral. E neste vai e vem, meu notebook me acompanha, como um fiel companheiro, porque tenho textos a desenvolver para clientes e sites, além desta deliciosa coluna. Mas que frustração pode ser, para quem depende de eletricidade, banda larga e o bom funcionamento de um PC, quando alternadamente estas 3 coisas falham!

Como isto me aconteceu ao longo da semana acabei escrevendo a coluna de hoje à mão e à luz de velas, no meio do mato, e espero transcrevê-la à tempo de encontrá-los no domingo como é meu compromisso semanal. No silêncio da TV desligada, ouvindo os pingos de chuva e alguns grilos lá fora, me peguei aqui pensando como seria o mundo de hoje se tivéssemos, ainda que por pouco tempo, a internet sequestrada…

Já pensaram nisso? Uma semana que fosse, a gente ligando o smartphone e recebendo a mensagem de que não há sinal de rede e portanto… nada de whatsapp, facebook ou aplicativos quaisquer funcionando? Isso iria afetar de que modo a sua vida?

Entre outras coisas, imagino a correria aos bancos, pois boa parte dos pagamentos que fazemos hoje são através da rede; muitas contas, atualmente, sequer nos chegam pelo correio, mas por email. Creio que o mundo todo entraria em pânico. Um apagão de internet à esta altura, com certeza nos deixaria sem chão.

Penso que as novas gerações talvez sequer imaginem um mundo sem essa tecnologia que na verdade nos chegou de fato há cerca de 30 anos. Na época em que se pagava tudo em dinheiro ou em cheque, na época em que ainda se escreviam cartas, na época em que as notícias nos chegavam pelos jornais e nós que já trabalhavamos em jornais e televisão levávamos dias para receber imagens de fatos ocorridos do outro lado do mundo.

A Internet fez com que tudo se tornasse tão instantâneo, que sem ela, hoje, nos sentimos isolados. Estar conectado é uma necessidade diária. Já pensaram nisso? As dúvidas que antes a gente tirava consultando uma boa enciclopédia, hoje o Google resolve. Os mapas e guias que os taxistas carregavam consigo, hoje cabem no GPS, que já cabe também no celular de cada um.

As redes sociais, que surgiram por volta de 2006, invadiram nossas vidas de tal maneira, que também já não nos imaginamos sem elas. Antigamente, se você perdesse o contato com um amigo por alguns anos… Talvez corresse o risco de nunca mais encontrá-lo. Hoje você tem dezenas de sites de busca para achá-lo, se é que ele não esteja no facebook.

É claro que de vez em quando dá vontade de voluntariamente se isolar do mundo e estar como me encontro hoje, no meio do mato, sem energia, sem internet, ouvindo os grilos ao longe, a chuva e os trovões… Pensando num passado não tão distante em que o telefone (com fio) fosse o nosso contato mais próximo com o mundo, pode até ser gostoso e engraçado… Mas amanhã, por favor, que a eletricidade volte, que dê pra carregar o celular e que o wi-fi se restabeleça, porque viver desconectado, hoje em dia, não dá mais.

2 respostas

  1. Incrível cara Renata, mas eu sinto saudades desse tempo que falas no texto. Acredito que eu,ou apenas eu, no meio de milhões, talvez não sentiria falta da internet!!!?

    1. Miro, demérito nenhum. Acho que se eu não a utilizasse para trabalhar seria menos “escrava”, até porque uma caminhada, ou pedalada até o banco vai bem. E também sinto falta do silêncio… de não atender o telefone e não ser acusada de ter sido vista online (ninguém merece, né?)… Mas, tem os contratempos que a tecnologia resolveu e a gente não pode negar…

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