Há duas semanas, começamos a explicar o trabalho dos Aderecistas e sua função fundamental na Produção de Arte. São tantos os seus papéis e atribuições no Departamento, que o assunto teve que ser dividido em vários segmentos, ou seja, em várias colunas. Iniciamos com o processo de rotulagem de alimentos e bebidas, passamos para os cosméticos, perfumaria, amenidades, sacolas e os chamados tapa-marcas genéricos.
Hoje, nos concentraremos no que seja talvez o começo de tudo, inclusive dos rótulos e sacolas já analisados em colunas passadas. Como falar do papel dos Aderecistas na Produção de Arte sem pensarmos no PAPEL em si? Sim, o papel como o conhecemos em suas diversas formas: papel-de-seda, papel crepom, papel jornal, reciclado, cartão, corrugado e o ordinário sulfite de cada dia. Ordinário, mas não menos importante, hoje mostraremos todos os seus desdobramentos para que, nas próximas edições, entremos nas maravilhosas, mágicas e criativas construções dos outros tipos de papéis. Hoje, nosso foco é no papel sulfite, ou off-set, como é conhecido no meio gráfico, aquele comumente usado em impressoras e copiadoras.
E neste mundo de gráficas, impressoras e copiadoras, onde se encaixam os Aderecistas? Lembram-se do que já foi explicado sobre a diferença entre a produção gráfica industrial em série (com quantidade mínima aos milhares), e a produção para o Departamento de Arte, em menor escala, para atender as necessidades dos cenários? Sim, a Produção de Arte é o “dream come true” de qualquer papelaria personalizada, cuja existência só é possível devido às mãos dos habilidosos Aderecistas. Eles, com ferramentas básicas como cola, tesoura, estilete e fita dupla face, reproduzem o trabalho manufaturado de qualquer gráfica profissional. O acabamento é tão perfeito quanto, o que agrega valor e realidade ao produto final.
Como exemplo, citemos primeiramente alguns objetos pessoais do dia-a-dia dos personagens, como documentos de identidade e talões de cheque. Não paramos para pensar nisso, mas são os aderecistas que os confeccionam, um a um, manualmente, para que figurem nas carteiras dos atores.
Talões de cheques e documentos pessoais dos atores de “Salve Jorge”, 2013
Também são os aderecistas que recortam, plastificam e encadernam os passaportes dos personagens, sem contar com a confecção das inúmeras etiquetas de bagagem, cartões de embarque, passagens, crachás da tripulação da companhia aérea, da equipe em terra, dos seguranças, entre outros itens de papelaria dos aeroportos. É uma verdadeira fábrica de produção.
A papelaria dos aeroportos
E os cardápios, menus e jogos americanos em papel de todos os restaurantes fictícios da televisão?
Restaurantes de “I Love Paraisópolis” e “Malhação, Seu Lugar no Mundo”, 2015
Já na papelaria personalizada dos hospitais e escritórios, são os aderecistas que confeccionam os crachás dos funcionários, crachás de visitantes, blocos de receitas, cartões de visita, pastas organizadoras, agendas e cadernos.
Escritório de Advocacia e Hospital Público de “Salve Jorge”, 2013
Empresa de lixo reciclável de “Passione”, 2011 e escritório de engenharia de “O Rebu’, 2014
Papelaria da Metalúrgica Gouveia de “Passione”, 2011
E já pensaram em toda a papelaria utilizada nas recepções e quartos dos hotéis das novelas e seriados? São papéis timbrados, envelopes, cartões, chaves magnéticas, bloquinhos, pastas, contas, cardápios, diretórios, porta-copos, avisos de “não perturbe”, entre outros materiais. Depois de impressos, todos são cortados, colados, montados e preparados pelos Aderecistas.
Carioca Palace Hotel, novela “Pega-Pega”, 2017
Outros cenários onde o trabalho do Aderecista é imprescindível:
Redação da revista “Totalmente Demais” na novela de mesmo nome (2016).
Além de toda a papelaria de escritório, houve a montagem de vários exemplares da revista.
Painel de reportagens e edições na redação da revista “Totalmente Demais” (2016).
Caroline Castilho (Juliana Paes) na agência de modelos Excalibur na novela “Totalmente Demais”, 2016
Além de toda a papelaria personalizada da agência, inúmeros headshots e books de modelos.
Folhetos de turismo no balcão do Hostel “Malhação, Seu Lugar no Mundo”, 2015 e Agência de Viagens de “Rock Story”, 2017.
Qual o quarto de adolescente que não tenha um mural com fotos dos amigos, ídolos e referências?
Quarto de Lívia (Giulia Costa) em “Malhação, Seu Lugar no Mundo”, 2015
São exemplos que não acabam mais e que não caberiam nesta coluna. É uma pena não poder mostrá-los todos. Continuamos na semana que vem, com novas situações onde o adereço não se prende somente ao papel, agrega outros materiais e transmuta-se em objeto de cena e decoração do cenário, se não o cenário em si. Não percam!!