Fernanda Bedran: A, á, à, Ah e Há

língua portuguesa

Existem algumas palavras da língua portuguesa que nos confundem na escrita, porque embora pronunciadas da mesma maneira, possuem grafia e significado diferentes:

A filha acordou.

Ela foi para casa a pé.

À tarde, ela irá à escola.

Ah! Foi uma surpresa!

muitos anos não estudava tanto!

A ponte ficará pronta daqui a cinco anos.

E como partimos do princípio de que “você é o que você fala e escreve”, a coluna resolveu desvendar de uma vez por todas os mistérios acerca desta digníssima vogal, para que os nossos leitores sejam exemplos do bom e belo português oral e grafado.

Quando usar a?

A vogal “a” em sua simples forma, isolada e sem acento, indica principalmente um artigo definido ou uma preposição. Como artigo, o “a” determina um substantivo feminino, no singular ou no plural:

* A noite está fria

* As belas tardes de outono nos cativam.

Enquanto preposição, a letra “a” estabelece diferentes ligações entre os termos de uma frase, como direção, distância, modo, tempo, espaço, etc. É invariável:

* O bebê começará a andar a partir do primeiro ano de idade.

* O parque é destinado a crianças de qualquer idade.

E quando usar á?

A vogal a acentuada com acento agudo é usada apenas em palavras para marcar a sua sílaba tônica. Nunca deverá ser escrita isoladamente:

* Ásia;

* área;

* álbum;

* ágil;

* amável

E o à (a craseado)?

Com origem na língua grega, a palavra “crase” significa mistura ou fusão. Na língua portuguesa, o a craseado indica que ocorre contração de duas vogais idênticas, mais precisamente, a da preposição “a” com o artigo definido feminino “a” ou com a letra “a” de início de pronomes (àquele, i.e.). Assim, a contração “à” nunca é utilizada antes de uma palavra masculina ou de uma palavra que não se determina, como um verbo. Algumas regras simples da crase:

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* É usada em diversas locuções adverbiais femininas que expressem lugar, tempo e modo (às vezes, às pressas, à direita)

* Na indicação de horas (às duas da tarde, às 15h); mas não quando as horas estiverem antecedidas pelas preposições desde, para e até (ele ficou acordado até as cinco da manhã)

* Com pronomes demonstrativos começando com a letra a (àquele, àquela, àquilo)

* Na frente de palavras masculinas somente quando a expressão “à moda de” estiver implícita na frase (ele decorou a sala à Luís XV)

* O uso da crase é opcional antes dos pronomes possessivos femininos (minha, tua, nossa) e antes de nomes próprios. (Ele entregou a prova a/à sua professora. Ele solicitou um adiantamento à/a Renata.)

Ah, ainda tem mais?

Parecia complicado, mas já está ficando simples, não é? Então vamos à nossa terceira alternativa –o “Ah”– que nada mais é que uma interjeição, ou seja, uma palavra usada para expressar emoções, sensações e estados de espírito: “Ah, que maravilha!”

E o Agá com A (Há)?

Trata-se da 3ª pessoa do singular do presente do indicativo. Lembrem-se de que o verbo haver é impessoal, ou seja, sem sujeito, devendo ser sempre empregado na 3ª pessoa do singular nas seguintes construções:

– Quando nos referimos a um tempo passado, o verbo podendo ser substituído por “fazer” ou “ter”:

* Há muito tempo que não tenho dor de cabeça… (Faz muito tempo…)

* Há exatos 17 anos, nascia a minha joia mais preciosa! (Nascia minha joia mais preciosa, faz exatos 17 anos)

* Ele esteve comigo há pouco.

* Havia anos que não ouvia esta história.

– No sentido de “existir”, “acontecer” ou “ocorrer”:

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* Há muitos problemas na política do Brasil.

* Há falta de água no prédio.

* Haverá chances de greve.

* Houve alguns acontecimentos estranhos.

Atenção:

No entanto, se a frase se referir a um momento no tempo ou distância futuros, o verbo haver não cabe (assim como “fazer” ou “ter” também não cabem). Neste caso, devemos escrever o “a” sem o “h”, por se tratar da preposição “a”. Vejam:

* O apartamento está a dez metros da estação do metrô.

* Eu moro a dez minutos do trabalho.

* O piloto sofreu um acidente a duzentos metros da linha de chegada.

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BIBLIOGRAFIA

RODRIGUES, Sérgio. Viva a Língua Brasileira! – 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

RODRIGUES, Sérgio. Sobre Palavras! Disponível em < https://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/ha-cinco-anos-ou-a-cinco-anos/> Acesso em 6 de junho de 2018.

NOGUEIRA, Sérgio. G1, Dicas de Português. Disponível em < http://g1.globo.com/educacao/blog/dicas-de-portugues/post/quando-usar-ha-ou.html> . Acesso em 5 de junho de 2018.

PEREZ, Luana Castro Alves. Cinco dicas simples sobre o uso da crase. Disponível em < http://g1.globo.com/educacao/blog/dicas-de-portugues/post/quando-usar-ha-ou.html > Acesso em 6 de junho de 2018.

QUANDO USAR A, Á, À, HÁ E AH? Dúvidas de Português. Disponível em < https://duvidas.dicio.com.br/quando-usar-a-a-a-ha-e-ah/ > Acesso em 6 de junho de 2018

PESQUISA ESCOLAR, PORTUGUÊS. Verbos impessoais: como fazer a concordância? Disponível em < https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/verbos-impessoais-como-fazer-a-concordancia.htm> . Acesso em 7 de junho de 201

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