Flávia Andreoli: Os pais que “ajudam” a cuidar dos filhos

Nesta semana, estava assistindo um programa de TV, de alguns anos atrás, e me surpreendi com um dos convidados sendo indagado com a seguinte pergunta: “Homem sabe cuidar de um bebê?”. E a resposta foi: “o homem finge que sabe”.

Logo depois, outra convidada se manifestou dizendo que a mulher é conduzida à questão da maternidade desde os primeiros anos de vida, pois seu primeiro brinquedo é uma boneca. E, ao longo da vida, ela acaba sendo moldada com características que, futuramente, a fazem uma mãe que sabe cuidar do seu filho desde o nascimento. Algo que para um homem é inimaginável.

Refleti sobre o assunto e vi o quanto esse programa estava repleto de pré-conceitos estabelecidos por uma sociedade machista e sexista que, AINDA BEM, está mudando.

Hoje, talvez graças às redes sociais e ao acesso à informação, vemos este paradigma sendo quebrado. Mulheres são muito mais valorizadas, não somente pelas qualidades como esposa e mãe, mas como ser humano capaz de escolher seu próprio caminho e conquistar seu espaço e objetivos. Seja na vida profissional ou pessoal, muitas mulheres podem se ver não só como uma mera cuidadora da família, que de maneira inata tem todas as respostas para as questões domésticas, já que foi criada para isso. Mas pode ser uma grande mãe e uma excelente cientista, ou simplesmente escolher não se casar ou ter filhos, porque esse desejo não é inato às mulheres.

Por outro lado, temos visto muitos homens que são pais de família. Sim, pais que optam por cuidar da casa para estar mais perto dos filhos, pais solteiros e até aqueles que se dedicam tanto que parecem ter o dom da paternidade. Por que não?!

O fato é que ninguém nasce sabendo ser mãe ou pai. Brincar de carrinho quando criança, não faz de um menino um exímio motorista. E brincar de boneca durante toda a infância não faz nenhuma mulher uma mãe incrível. Afinal, cuidar e criar um bebê é super complicado SIM e não tem nada a ver com uma brincadeira. E dirigir também!

Por outro lado, vamos aos fatos: filho, geralmente, não é feito sozinho. Quando um homem e uma mulher decidem ficar juntos e se reproduzirem, eles fazem juntos a criança ou as crianças. Portanto, a responsabilidade de criar e cuidar deles é de ambos. Ninguém está AJUDANDO ninguém!!

Se aprende a ser mãe e a ser pai, sendo. Errando, aprendendo, acertando… Diariamente. É uma eterna escola. Seja na infância, na adolescência ou na vida adulta dos filhos, os pais estão sempre em constante aprendizado. E isso acontece com TODO MUNDO. Mesmo aquela avó que cuidou e criou 8 filhos e vive dando palpite em como você anda criando seu bebê, deve ter sofrido muito com a criação de seus filhos. Principalmente porque, culturalmente, havia um preconceito enorme com os homens das gerações anteriores que tinham uma participação maior no dia a dia das crianças.

Temos é que celebrar e continuar lutando pela divisão IGUALITÁRIA de tarefas relacionadas aos filhos e, porque não, aos cuidados com a casa também. Afinal, já ficou pra trás a ideia de que homem coloca comida em casa e a mulher é que tem que responder pela vida doméstica.

A maternidade pode ser o momento mais mágico e uma experiência incrível para a mulher. Mas ter um homem presente, participativo e atuante em sua paternidade, pode torná-la ainda melhor.

Não é nenhuma vergonha e ninguém se torna menos homem por cuidar e criar seus filhos. Muito pelo contrário, é uma atitude honrada, digna e admirável. E, mais do que isso, uma obrigação!!

Com certeza, filhos criados, cuidados e educados por pais e mães serão melhores para o mundo e para si mesmos.

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