“Quando a gente faz o que gosta, a dedicação acaba ficando intrínseca e imperceptível”. (Marcelo Mastrobuono)
Marcelo Mastrobuono, jornalista e proprietário da Revista Horse, fala à coluna Cavalos sobre sua história de vida, profissional e a revolução do marketing no mundo dos cavalos.
Além da consagrada Revista Horse, com mais de 25 anos no mercado, Mastrobuono também está a frente da Revista Muladeiros e do Guia Horse que se transformaram em um referencial de quem busca informações sobre o mercado equestre como um todo, desde os principais criadores de cada raça, até veterinários, seleiros, empresas e tudo o que se refere a cavalos. O seu site www.revistahorse.com.br é hoje o mais completo portal de informações equestres, atualizado diariamente com os principais assuntos de cavalos do Brasil, com uma média de mais de 25 mil acessos/mês. Mantém ainda, através de uma parceria com o Jockey Club de São Paulo, um programa televisivo com conteúdo jornalístico, a “Revista Horse TV”, que, além de cobertura de eventos, realiza entrevistas e debates sobre temas do segmento equestre. E ainda alimenta os canais de Facebook, YouTube, Instagram e Twitter com o conteúdo da Horse e outras informações do dia a dia.
Então, pessoal, senta que lá vem história!!! E que história…
“Minha história com os cavalos começou como a de muita gente, desde criança. Vivia em Porto Feliz, interior de São Paulo, correndo atrás de gente que tinha cavalos. Quando tinha sete anos, ganhei uma égua do meu pai, chamada “Pomba”. Era um moleque daqueles que podemos chamar de hiperativo e nem sempre usava os arreios. Gostava mesmo é de “passar a perna”, como dizem, em qualquer canto e qualquer lugar. Depois de um certo tempo, tivemos que nos desfazer do animal, por falta de espaço. Para manter contato, comecei a “trabalhar” com um senhor que entregava pão pela cidade com uma charrete-furgão. Tinha uns 12 anos, saía correndo da escola, almoçava rapidinho e ia esperar Seu Lauro passar perto de casa. No final do dia, meu prazer era levar a égua “Joinha” para o piquete. Algumas vezes, aos sábados, também levava, montado, a égua para casquear e ferrar. Era a minha diversão preferida. Fiz isso por pouco mais de um ano, mas os compromissos com os estudos acabaram me afastando”.
Ao ter acesso à sua história e trajetória profissional, fiquei surpresa em conhecer o lado musical e artístico do Mastrobuono e que ainda não conhecia. Quem diria hein, Marcelo, escondendo o ouro…
“Aos 13 anos, comecei a estudar música em Tatuí (SP) e, aos 19, mudei-me para São Paulo para fazer o curso de Jornalismo na PUC. Nesta época, já era músico profissional, trombonista. Toquei em bandas, orquestras, grupos de baile e com alguns nomes conhecidos, como Sargentelli (Plataforma 1), Agnaldo Rayol etc. Nos últimos anos, ainda na faculdade, trabalhei com o maestro Záccaro, fazendo apresentações pelo Brasil e no programa de TV “Italianíssimo”. Foram aproximadamente cinco anos, conciliando as atividades de músico, que ajudava a custear as despesas com os estudos do jornalismo. Depois de formado, ainda mantive as duas atividades, trabalhando na Rede A de Jornais de Bairro, que fazia 11 jornais e duas revistas em São Paulo, nas zonas oeste e sul da Capital, e no Záccaro”.
Foi então que Marcelo entrou como repórter na Rede A e, como editor, foi obrigado a optar exclusivamente pelo jornalismo. Ficou 11 anos na empresa, saindo como Diretor de Redação, comandando uma equipe de mais de 20 jornalistas, distribuídos em três redações. Depois passou por alguns outros jornais, revistas, escreveu um livro dos “50 Anos da Associação Comercial de São Paulo – Distrital Lapa”, entre outras atividades da área. Em 2002, quando ainda editava um jornal em Guarulhos, montou uma editora em Porto Feliz, a “ VIU! Comunicação”, para fazer uma revista local. Foi nesse período que conheceu o fundador da Horse, André Veloso, que o convidou para uma sociedade.
“Começava aí um outro rumo em minha vida, juntando a paixão adormecida pelos cavalos com o jornalismo”.
A sociedade durou pouco e Mastrobuono acabou assumindo integralmente a Horse em 2007, que ainda se chamava Horse Business.
Vale lembrar que a Revista Horse nasceu dentro da Editora Três, do Grupo de Alzugaray, que fazia a Revista Hippus. O fundador da Horse, André Veloso Luz, era amigo de Caco Alzugaray, filho de Domingo Alzugaray, e resolveu montar uma outra revista. Com o passar dos anos, a Hippus foi descontinuada e a Horse passou a ser a única publicação de cavalos e referência de todo o segmento. Era e é até hoje a única publicação com circulação em bancas de todo território nacional. Até hoje é a única publicação do segmento com circulação em bancas de todo território nacional, com uma média de 20 mil exemplares/mês, dos quais três mil são assinantes mensais.
“Em 2008, fizemos uma reformulação gráfica e editorial na publicação que já tinha cerca de 15 anos. Nesse período, ainda não entendia nada de cavalos, mas sabia fazer, sem falsa modéstia, bom jornalismo. Depois de uma pesquisa no segmento, escolhi algumas pessoas que poderiam me ajudar a entender melhor o assunto. Uma deles foi Eduardo Borba, que foi um dos precursores da Doma Racional no Brasil e, por sorte, tinha um Centro de Treinamento em Capivari, a uns 30 km de Porto Feliz. Passei a frequentar o lugar quase que diariamente, fazendo aulas de equitação, horsemanship etc… Toda aquela paixão de criança foi reflorescendo e, a cada dia, me identificava mais com tudo o que envolvia a relação homens e cavalos. Borba foi fundamental nesse processo, pois, mais do que técnicas, me ensinava conceitos”.
Foi então que Marcelo descobriu que pelo cavalo poderia fazer muito mais de uma simples revista. E o fez! Hoje, a Revista Horse é um grande referencial de educação equestre.
“Como tive uma boa escola de jornalismo nas redações por onde passei, levei todos os conceitos para a Horse. O primeiro passo foi me aproximar das atividades, tanto em eventos quanto no dia a dia dos profissionais da área. Passei a viver 24 horas por dia atrás de cavalos. Ia a absolutamente tudo o que podia, independente de raça ou modalidade. Lugar de repórter é na rua, atrás das informações, in loco. Viajava o Brasil todo, do Sul ao Nordeste atrás de informações, histórias e convivendo com pessoas que compartilhavam a mesma paixão pelos cavalos. Difícil e trabalhoso? Absolutamente não! Quando a gente faz o que gosta, a dedicação acaba ficando intrínseca e imperceptível”.
Marcelo acredita que o marketing no universo equino, assim como em todas as áreas, não é um recurso para transformar “pedra em ouro”, embora muitos entendam assim. Mais do que resultados imediatos, é preciso ter resultados duradouros e verdadeiros. No meio do cavalo esse entendimento é muito importante. Nossos principais “produtos” são seres vivos, indivíduos com personalidades diferentes. O que funciona com uns, pode não funcionar com outros. O processo de padronização não segue as mesmas regras com as quais se produzem e vendem simples mercadorias. Por isso, é fundamental investir em uma boa base, com profissionais qualificados, dedicados e, principalmente, apaixonados pelo que fazem”.
Aos leitores da coluna CAVALOS, Marcelo deixa a seguinte mensagem:
“A convivência com os cavalos me ajudou a lapidar todos os conceitos de minha formação. Coisas que a gente aprende com os pais e que, com o decorrer do tempo, acabam entrando no seu cotidiano sem nem sempre darmos a devida a atenção. Concentração, atenção, paciência, respeito, compreensão, sensibilidade, timing, equilíbrio, determinação, entre muitos outros. Pode-se incluir aí todos os quesitos das filosofias orientais. Em nossas últimas edições, aliás, temos publicado uma série de artigos de Eduardo Borba, que falam justamente sobre essa relação dos cavalos e suas semelhanças com os ensinamentos das filosofias orientais”.
Marcelo, que história incrível!!! Eu ainda era criança e me lembro dos anúncios do Haras Três Rios na extinta Hippus e desde sempre na Revista Horse. Uma parceria que dura décadas e da qual nos orgulhamos muito.
Gostaram? Eu aprendo demais com esses profissionais que fazem parte da nossa rotina, da nossa vida, e que fazem a diferença no Mundo dos Cavalos.
Até a semana que vem, com mais cavalos em nossas vidas!!!