Jorge Lordello: Condomínios: cuidado com os “palpiteiros” de plantão.

Um síndico, após receber diversos vídeos através do whatsapp versando sobre invasões a condomínios na cidade de São Paulo, ficou preocupado. As imagens de circuito interno de segurança de prédios invadidos começaram a circular entre os moradores, provocando receio e tensão.

O ponto alto do estresse se deu quando tomaram ciência que um edifício localizado a menos de 200 metros fora assaltado no horário do almoço. 

Com isso, o problema se tornou muito próximo. Algo precisava ser feito para aumentar a segurança do local!

O administrador resolveu marcar uma reunião com quatro dos moradores mais presentes nas assembleias. Um deles comentou que iria chamar o Léo, vizinho de andar. No entanto, o síndico fez o seguinte comentário:

“Não chama o Léo, pelo amor de Deus”. 

“Mas por quê?“ perguntou o condômino.

A resposta foi curta e grossa:

“Ele é muito palpiteiro, mas sem nenhum embasamento técnico”.

Palpiteiro é um adjetivo substantivo masculino que traduz pessoa que gosta de dar palpite ou opinião. Buscando aprofundar o assunto, encontrei no google, no chamado dicionário informal, que palpiteiro é aquele que busca dar palpite na vida ou gestão alheia. Simplificando, é aquele que somente “acha” mas não tem certeza de nada, pois falta aprofundamento sobre o tema em discussão.

Palpiteiros, também chamados de “achólogos” ou “opinólogos”, parecem que têm bicho carpinteiro na língua, pois sempre apresentam ideias e soluções mirabolantes em qualquer assunto levantado. É como se fossem experts em tudo.

Podemos dizer que os palpiteiros de plantão, geralmente, são arrogantes, posam como donos da verdade, não aceitam opiniões contrárias mas se envolvem pouco quando são solicitados a ajudar na tomada de decisões.

Recordo-me de um projeto de segurança que elaborei para construção de guarita blindada para um condomínio enorme em Santo André/SP com cerca de 86 torres. No dia da apresentação fui alertado pela síndica que estaria presente um morador, conhecido pelas intervenções destemperadas nas reuniões condominiais, sempre contrário a qualquer inovação. Quando terminei minha explanação sobre a guarita blindada, desejada pela maioria esmagadora dos condôminos, o tal morador levantou a mão, pediu a palavra e disse: 

“Concordo com a instalação de vidros blindados e também revestir a alvenaria com chapa de aço, mas discordo frontalmente da necessidade de gastarmos dinheiro com a porta blindada na guarita, pois ela fica do lado de dentro de nossa propriedade”.

Expliquei, com toda paciência do mundo, que de nada adiantaria uma guarita semi-blindada, ou seja, com porta de madeira ou alumínio, pois seria facilmente arrombável com um simples tranco.

Não faz sentido algum proteger vidros e paredes com material balístico e manter porta frágil na entrada da portaria.

Insatisfeito com minha resposta, o morador palpiteiro tentou retrucar, mas foi obrigado a parar de falar bobagens, pois boa parte da plateia mostrou-se insatisfeita com as ponderações sem lógica feitas por ele.

Mas é importante salientar que em alguns casos o palpiteiro de plantão é sedutor e bom argumentador, apesar da falta de embasamento técnico. Fala com firmeza como se a verdade estivesse com ele. Em alguns momentos eleva o tom de voz para impressionar a plateia. Por isso, consegue envolver parte dos moradores, provocando, assim, que a reunião termine sem a devida solução, pois as medidas de segurança apresentadas pelo síndico são colocadas em xeque.

Com a dúvida instalada, o ambiente para votação fica conflituoso. Nesses casos, o palpiteiro sai com ar de vitorioso e retorna satisfeito à sua unidade. Seu objetivo foi alcançado com sucesso. Mas na prática, o condomínio continua com a falha, problema ou vulnerabilidade sem a devida solução.

Jorge Lordello

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

Imagem: Lordello Treinamentos

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