Jorge Lordello: O risco de morar em condomínio com guarita “meio blindada”

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O leitor já deve ter ouvido a expressão “serviço de porco”. Infelizmente, é isso que ocorre em muitos condomínios quando o assunto é segurança.

Um exemplo é a portaria blindada, que, idealmente, deveria garantir total segurança para o trabalho do porteiro, impedindo que pudesse ser rendido por bandidos.

Na verdade, é o mesmo conceito de um carro blindado.

Como pesquisador criminal, posso garantir que, na prática, existem muitas gambiarras em guaritas ditas blindadas, ou seja, falhas incríveis que fragilizam o equipamento de tal forma a não proporcionar segurança frente a ataque de bandidos e a consequente possibilidade de o porteiro ser mantido como refém. Mostro a seguir um exemplo desse tipo de guarita pessimamente projetada.

Observe a imagem de uma guarita de prédio de classe média alta na Zona Oeste de São Paulo.

O vidro escurecido dessa portaria é blindado. Apesar de não ter tido acesso a esse prédio, da calçada pude ver que existe uma trinca característica de vidro balístico, no vidro com insulfilme.
A guarita é grande e o síndico não aplicou a película insulfilme na outra área da portaria, conforme se vê na fotografia acima. O problema é que quando observei a outra lateral levei um susto:

A vidraça lateral é de vidro e está parcialmente aberta. A esse tipo de obra apelidei de “guarita meio blindada”.

O leitor pode estar desejando me fazer a seguinte pergunta:

Mas Lordello, qual o motivo de não fazer o serviço completo instalando todos os vidros blindados?”
A única explicação é o que chamo de “economia burra”. Não seria plausível instalar vidro blindado na frente e nas laterais dianteiras de um carro e manter vidros originais na área traseira. Mas em condomínios residenciais, isso acontece.

Para finalizar este artigo, que serve de alerta para moradores e síndicos, gostaria de apontar outros equívocos que já encontrei em portarias “meio blindada”:

-Bastante comum encontrar guaritas com todos os vidros blindados mas a porta ser de alumínio ou de ferro;

-Outro equívoco comum, é a instalação de passa volume feito de chapa de latão e não de aço balístico;

-Não poderia deixar de mencionar as guaritas com todos os vidros e porta blindada, mas construída com bloco vazado, ou seja, que permite a penetração de disparos por arma de fogo;

-Já encontrei várias guaritas blindadas bem projetadas, mas com basculante de vidro normal com dimensões que permitem a passagem de pessoa magra pelo vão de entrada de ar obrigatória no banheiro do porteiro;

-Por último, temos guaritas totalmente blindadas, mas que não têm banheiro acoplado, o que é um grande erro, pois os porteiros são obrigados a sair várias vezes do local para ir ao toalete no interior do condomínio, aumentando, assim, o risco de abordagem criminosa.

Fica ainda o alerta para prédios recém entregues com guaritas totalmente blindadas, mas com posicionamento, dimensões e instalação de portões errados. Nesses casos, a visão dos porteiros para a calçada fica prejudicada, além de não garantir “acesso seguro” de moradores, domésticos e funcionários do local.

Conclusão:

Antes de reformar ou construir guarita blindada, contrate especialista em segurança com expertise em blindagem arquitetônica para assessorar o arquiteto ou construtora. Essa providência impedirá desperdício de dinheiro, proporcionará segurança máxima ao trabalho dos porteiros e evitará que ocorra o famigerado arrastão em seu condomínio”.

JORGE LORDELLO

Imagens adicionais fornecidas por Jorge Lordello
Imagem de capa: Freepik

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