Kacau entrevista a colunista Lilian Schiavo

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Uma mulher empoderada, empreendedora e acima de tudo líder! Estamos falando de Lilian Schiavo, a entrevistada da coluna Portal News dessa semana.

Lilian é arquiteta, e também bacharel em administração hospitalar. É pós graduada em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho. Com sua grande experiência em administração na área da saúde, é diretora do Sindicato dos Hospitais, é também juíza classista na Justiça do Trabalho, voluntária em ONGs e atual presidente da OBME – Organização Brasileira de Mulheres Empresárias.

 

Vamos então conhecer um pouco mais da vida dessa mulher fantástica, que tem muito a nos ensinar.

 

1. Lilian, hoje você é presidente da OBME! Como foi o caminho para chegar até aqui? Alguém inspirou você? Quem?

O caminho para se chegar a qualquer lugar é através da educação, da busca pelo conhecimento, é ter uma curiosidade que não acaba, é gostar de enfrentar desafios, deixar o medo de lado e ousar. É preciso ter vontade de se reinventar todos os dias. Ser humilde o suficiente para se dispor a estudar, se atualizar, se capacitar constantemente. Sou formada em Arquitetura e bacharel em Administração Hospitalar com uma pós em Engenharia de Segurança, iniciei minha carreira em estabelecimentos de saúde, fundei um grupo odontológico e uma associação beneficente para a terceira idade. Aprendi com meu pai a importância do associativismo e fui diretora de um sindicato e juíza classista na Justiça do Trabalho. Desde pequena me envolvi com voluntariado e desta forma conheci a OBME- Organização Brasileira de Mulheres Empresárias, uma ONG cujo objetivo é conectar empresárias no mundo todo, com sororidade e solidariedade, estabelecendo laços comerciais e de amizade. Alcançar o posto de presidência implica em muita responsabilidade, fazer escolhas, assumir os riscos, deixar o ego de lado e olhar para o coletivo, o foco deve ser a excelência em tudo que faz. Tive várias inspirações na vida, começando pelos meus pais que me diziam que com esforço podíamos ser tudo, eles foram um grande exemplo de superação e me contavam histórias de mulheres como a Madame Curie que ganhou 2 prêmios Nobel. Minha mãe era uma mulher a frente do seu tempo, se formou em Medicina na USP em 1954 e viveu como uma visionária.

 

2. Como é o trabalho e qual o objetivo da OBME?

A OBME representa o Brasil na FCEM- Femmes Chefs D’Enterprises Mondiales que foi fundada na França, em 1945 pela Madame Yvone Foinant para ser a associação pioneira em conectar empresárias, atualmente estamos em 120 países, nos 5 continentes. Somos uma ONG e nosso trabalho é voluntário, formamos uma rede de mulheres que se apoiam com sororidade e solidariedade para estabelecer laços comerciais e de amizade. Nosso foco é o empreendedorismo feminino e a internacionalização dos negócios, queremos gerar oportunidades para as empresas através de rodadas de negócios, missões e congressos nacionais e internacionais. Temos vários comitês muito atuantes: Circuito Literário, Sustentabilidade, África, Marketing Digital, Agronegócio, Empreendedorismo, Parcerias institucionais, Novas associadas, Relações Internacionais. Ministramos palestras, seminários, promovemos eventos para ampliar a networking e temos atividades beneficentes.

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3. Você é uma mulher positiva, motivadora e empreendedora, mas já houve algum momento difícil na sua carreira ou vida pessoal em que você achou que não superaria algum obstáculo?

Como a maioria das pessoas já passei por situações muito difíceis, a perda dos meus pais e de pessoas queridas,decepções, doenças na família… minha filha superou um tumor no cérebro, minha família superou crises financeiras. A constante em todos os momentos foi a fé em Deus, a esperança e a resiliência. Aprendi que é preciso lutar até o fim sem desistir, acreditar que é possível.

 

4. Como você identifica uma oportunidade para empreender? Alguma dica especial?

É preciso conhecer o mercado, estudar, aprender a fazer um business plan, fluxo de caixa, buscar capacitação constante. As oportunidades estão presentes o tempo todo, precisamos estar atentas. Gosto de citar exemplos inspiradores como o de uma moça que foi assediada num carro de aplicativo e indignada resolveu empreender numa rede de motoristas mulheres para transportar outras mulheres, tem o case de sucesso de uma mãe negra que queria bonecas parecidas com a filha, começou a fazer bonecas pretas e percebeu um nicho de mercado com bonecas orientais, com síndrome de down, retratando alguma deficiência. Não existe uma fórmula mágica, aconselho a focar em algo que você conheça e goste de fazer.

 

5. Como você vê o mercado brasileiro em relação às mulheres?

Nós mulheres somos mais de 50% da população, somos maioria nos bancos universitários, nos cursos de pós graduação e doutorado, em 96% dos lares temos o poder de decisão das compras segundo pesquisa Nielsen, a GEM ( Global Entrepreneurship Monitor) apontou em outubro de 2018 cerca de 24 milhões de mulheres empreendedoras. Tenho presenciado movimentos de mulheres em todo o país lutando para sermos ouvidas e respeitadas, prontas para ocupar espaços de liderança. Existe um longo caminho a ser percorrido mas o importante é que estamos caminhando, ganhando visibilidade e unidas por uma causa.

 

6. A pergunta clássica, qual o segredo para conciliar vida pessoal e profissional?

O segredo para conciliar vida pessoal e profissional está na gestão do tempo, no equilíbrio que buscamos na vida. Óbvio que nem sempre é possível e você tem que abrir mão de alguma coisa. Procuro estabelecer prioridades e limites, é impossível estar em todos os lugares, aceitar todos os convites. A família é meu porto seguro, é onde recarrego energia. Na verdade, é preciso reconhecer quando o corpo dá sinais de fadiga, quando a memória começa a falhar e o jeito é dar uma pausa e relaxar, lembrar que cuidar da saúde física e mental é imprescindível.

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7. Poderia nos dar 5 dicas básicas para obtermos sucesso de um modo geral?

Cinco dicas de sucesso: 1- Amar o que faz 2- Ser verdadeira, 3- Persistente, 4- Ousada, 5- Ética

 

8. Quais as maiores características ou qualidades que uma mulher líder deve ter?

A mulher líder precisa gostar de pessoas, pensar no coletivo, ter um propósito, motivar o grupo. É preciso ser humilde, resiliente, agir com justiça, ter credibilidade, sabedoria e compaixão. Tem que viver a diversidade e inclusão, praticar a sustentabilidade e inovação, exercer a empatia e o respeito. A líder precisa ser um exemplo, uma inspiração. Vivemos novos tempos onde a geração atual procura trabalhar em lugares onde se sentem representados. Os modelos autoritários do passado caíram em desuso e o perfil de liderança acompanhou a evolução do mundo.

 

9. Na sua concepção e experiência, quais seriam 5 exemplos de mulheres líderes que poderíamos ter como inspiração?

1- Oprah Winfrey 2- Onna-Bugheisha 3- Bertha Lutz 4- Imperatriz Leopoldina 5- Malala Yousafzai

 

10. Sucesso e empoderamento feminino, são a mesma coisa ou tem diferença?

Sucesso é um conceito relativo, você pode ter sucesso financeiro, profissional, deduzir que sucesso é ter poder, é atingir o topo da hierarquia. Para outras pessoas significa ser famoso, reconhecido pela sociedade… Você pode ser um sucesso como mãe ou uma mãe de sucesso, a escolha é sua, você vai definir qual tipo de sucesso está buscando. O termo empoderamento feminino é usado de forma errônea pela maioria das pessoas, foi banalizado e virou um clichê que chega a causar aversão em muitas mulheres. Empoderamento feminino é definido como o ato de conceder o poder de participação social às mulheres, garantindo que possam estar cientes sobre a luta pelos seus direitos, como a total igualdade entre os gêneros. A ONU desenvolveu as WEPs – Princípios de Empoderamento Feminino com 7 práticas para serem adotadas pelas empresas e sociedade civil visando a equidade de gênero: -Estabelecer liderança corporativa sensível à igualdade de gênero, no mais alto nível. -Tratar todas as mulheres e homens de forma justa no trabalho, respeitando e apoiando os direitos humanos e a não discriminação. -Garantir a saúde, segurança e bem-estar de todas as mulheres e homens que trabalham na empresa. -Promover educação, capacitação e desenvolvimento profissional para as mulheres, -Apoiar empreendedorismo de mulheres e promover políticas de empoderamento feminino através das cadeias de suprimento e marketing. -Promover a igualdade de gênero através de iniciativas voltadas à comunidade e ao ativismo social. -Medir, documentar e publicar os progressos da empresa na promoção da igualdade de gênero.

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