No dia 17 de dezembro a minha grande amiga Adelina Silveira Alcântara Machado faria aniversário, ela costumava comemorar esta data com muitas festas e este foi o primeiro aniversário sem ela.
A OBME- Organização Brasileira de Mulheres Empresárias foi fundada pela Adelina há 10 anos atrás quando foi convidada para representar o Brasil na FCEM- Femme Chefs D’Enterprises Mondiales, uma organização não governamental, fundada na França em 1945.
A Adelina era uma empresária visionária, com uma capacidade de enxergar o melhor das pessoas, fazia com que cada uma de nós se sentisse sua melhor amiga, nos olhava com amor e era dotada de uma alegria contagiante, não reclamava de nada, mesmo quando em tratamento contra um câncer muito agressivo. Nunca a vi perguntar porque isto estava acontecendo, dizia que acreditava em Deus e na cura.
Ela é nossa inspiração e exemplo de força, fé, superação e conquistas.
Não podíamos deixar esta data passar em branco, criamos um evento que seria realizado no dia do seu aniversário e precisávamos de uma maneira de perpetuar a memória de nossa fundadora. E assim surgiu o Encontro de Lideranças Femininas com a criação do Prêmio Adelina Alcantara Machado.
Este evento é a realização de um sonho, o de ver associações unidas somando forças… e que forças!!! Reunimos 4 organizações internacionais, presentes nos 5 continentes, somando muitos milhões de associadas. Estabelecemos parcerias técnicas, lançamos um livro, plantamos sementes de sustentabilidade e sabedoria.
Todas trabalhando em conjunto, cada uma participando de uma forma diferente, seja com pessoal de apoio, palestrantes, organização do evento e principalmente ideias.
Tivemos o lançamento do livro “Vocação de Semente, a história de uma facilitadora de inteligência coletiva que conta a biografia da escritora, socióloga e ativista feminista Moema Viezzer, fundadora da Rede Mulher de Educação e autora da obra “Se Me Deixam Falar-Domitila”. Moema foi uma das 52 brasileiras incluídas na candidatura de 1000 Mulheres para o Prêmio Nobel da Paz em 2005.
Andrèe Rider Vieira, presidente do Instituto SuperEco e coordenadora do Comitê de Sustentabilidade da OBME apresentou seu projeto “Tecendo as Águas” que já capacitou 110 educadores, pois acredita que a mudança planetária deve acontecer pela educação, investe na conservação de florestas e rios, agricultura familiar, educação ambiental e turismo sustentável. Atua no litoral norte de São Paulo e está iniciando a segunda fase do projeto, sendo premiado pela Câmara do Comércio França-Brasil como Melhor Prática de Educação Ambiental e Gestão de Recursos Hídricos.
Paola Robba, estilista da Poko Pano apresentou seu projeto de capacitação que foi realizado numa cidade do litoral, ela ensinou um ofício para as mulheres e montou oficinas de costura. Elas aprenderam como criar, modelar e confeccionar moda, no final entenderam que eram talentosas e capazes de gerar rendas. Mas acima de tudo, recuperaram a auto-estima e passaram a acreditar nelas mesmas.
Geovana Quadros, fundadora da Confraria de Mulheres Inspiradoras e membro da Lide Jovem e da OBME que falou sobre “Voar Alto”. Ela contou um pouco da história de vida dela, começou a trabalhar aos 17 anos em Belém do Pará e um dia resolveu vir para São Paulo estudar e trabalhar, com muito humor e coragem ultrapassou obstáculos e voou bem alto, trabalhou em diversos países e hoje ocupa uma posição de liderança entre as empresárias e empreendedoras.
César Romão, formado em Direito com mestrado em psicologia organizacional em administração, MBA em marketing ,escritor e palestrante consagrado veio para falar de empoderamento feminino. Começou mostrando uma revista da década de 60, voltada para um público feminino com conselhos que fizeram a platéia rir e refletir sobre as mudanças no nosso comportamento, conquistamos espaços. Empoderamos! O que isso quer dizer? Empoderamento é conquistar mais liberdade, conseguir autonomia, ter influência, decidir sobre assuntos que afetam sua vida, seu corpo, sua casa, seu trabalho, sua cidade, seu país e o mundo. As mulheres se tornam empoderadas quando investem em capacitação e educação.
Madeleine Blankestein, sócia responsável pelo Desenvolvimento Estratégico da Grand Thorton no Brasil e porta-voz da pesquisa anual Women in Business, tem mestrado em International Management pela Thunderbird no Arizona (USA), curso em especialização em Contabilidade Gerencial na PUC e bacharel em economia. A palestra dela foi sobre educação, ela é apaixonada por livros e além de ler, presenteia amigos e familiares com livros, alguns adquiridos em sebos. Agora, a Madeleine é a coordenadora do Comitê de Cultura da OBME e planeja um 2018 repleto de atividades culturais, inclusive discussões de livros. A leitura enriquece nosso conhecimento da língua, nossa formação cultural, nossos sonhos e nossa criatividade. Além disso tudo o conhecimento empodera, nos torna mais fortes e nos traz credibilidade em nossas palavras e ações. Ler é prazeroso e vale a pena multiplicar e compartilhar esta ideia.
Erika Zoeller, doutora em Administração pela Wuhan University of Technology (China) , MBA com pesquisa comparando mulheres brasileiras e chinesas em cargos de gerenciamento e gestão, vice-presidente da BPW São Paulo- Business Professional Women, Conselheira do CECF- Conselho Estadual da Condição Feminina e Assessora ONU Mulheres do GASC- Grupo Assessor de Sociedade Civil palestrou sobre a Agenda 2030 da ONU e os 17 ODS- Objetivos de Desenvolvimento Sustentável com enfoque para a ODS 5- Igualdade de Gênero, para alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.
Ika Fleury, presidente do Conselho Curador da Fundação Dorina Nowill para Cegos, é consultora na área social, trabalha há mais de 20 anos na área de inclusão de pessoas com deficiência. Especialista em Administração do Terceiro Setor pela FGV-SP. Ela nos contou que quando iniciou seu trabalho as pessoas viam a ação social como uma tarefa voltada para as senhoras, uma espécie de caridade que elas fariam. Ledo engano! No decorrer destas décadas as mulheres passaram a ocupar cargos de liderança no terceiro setor através de capacitação e educação, ninguém imaginava onde elas chegariam… foram corajosas, persistentes, desafiadoras e muito competentes. A própria história da Dorina Nowill é um exemplo, ficou cega aos 17 anos, vítima de uma patologia, foi a primeira aluna cega a frequentar a Escola Normal Caetano de Campos, criou a Fundação para o Livro do Cego no Brasil e ao participar de uma reunião com a direção da Kellog’s Foundatione conseguiu uma Imprensa Braille completa com maquinários, papel e outros materiais. Além dos livros, trabalha para a inclusão de pessoas com deficiência visual no mercado de trabalho, oferece capacitação e educação
Na minha palestra, lembrei que uma vez me perguntaram o que se ganha sendo associada da OBME. Passei alguns dias refletindo sobre essa pergunta e uma amiga sugeriu criar um cartão que desse direito a descontos, vantagens e benefícios, mas isso não me pareceu suficiente, pensei em várias respostas até que finalmente entendi o que eu ganho sendo voluntária da OBME.
Ganho leveza na alma e faço uma doação de um bem precioso: meu tempo.
Ganho a possibilidade de lutar pelos direitos das mulheres, de me unir para criarmos projetos que possam impactar a sociedade de forma positiva e sustentável, sugerir mudanças nas leis, pois precisamos mudar esse quadro vergonhoso que nos coloca como o 5º país que mais comete violência contra as mulheres, ensinar um ofício que gere sustento e acima de tudo, através da OBME temos a possibilidade de mostrar um Brasil que tem mulheres fantásticas, talentosas e representativas.
Mulheres que não se deixam corromper, que lutam no dia a dia para garantir educação e saúde para os seus filhos, guerreiras que pregam a paz, mulheres corajosas que não se calam diante de injustiças.
Nós transformamos nossa aparente fragilidade em força e esperança.
O que nos move é a vontade de transformar o mundo num lugar melhor, é pensar que podemos ser agentes transformadores da realidade existente.