Lilian Schiavo: Lugar de mulher é onde ela quiser

Sempre que começo a escrever penso nas pessoas que irão ler e desejo ser capaz de  inspirá-las a realizar seus sonhos.

Observo que existe um movimento global para incluir as mulheres na ciência e tecnologia, participei de vários eventos que abordaram o assunto de diversos pontos de vista e a pergunta principal é: Onde elas estão?

Se somos maioria nos cursos universitários porque não somos maioria nos postos de comando?

O que acontece? Por incrível que pareça existem relatos de mulheres que não almejam cargos de presidente por se considerarem incapazes de atingir a perfeição ou passíveis de erros. O nível de auto-exigência é tão alto que as impedem de exercer suas atividades.

As empresas já perceberam que talento e capacidade não tem gênero nem etnia e estão fortalecendo a cultura inclusiva. O resultado é a melhora na produtividade e nos resultados corporativos.

O resumo da história é que estão nos procurando! Agora só falta aparecermos!

Precisamos abandonar nossos medos e inseguranças, assumir que gostamos de números, cálculos e exponenciais, somos apaixonadas por física quântica, integrais e computadores. Podemos ser nerds, cientistas e ganhadoras de prêmio Nobel.

Devemos educar as meninas a serem o que quiserem, a sonharem alto! Quando era criança meu pai contava a história da Madame Curie, cientista que ganhou o Nobel de Física em 1903 e de Química em 1910, ela pesquisou a radioatividade e eu confesso que preferia ouvir a história dela do que a da Branca de Neve. Ela me parecia um grande exemplo de mulher.

Algumas frases de Marie Curie:

“Na vida, não existe nada a temer, mas a entender.”

“A vida não é fácil para nenhum de nós. Temos que ter persistência e, acima de tudo, confiança em nós mesmos.”

“Estou entre aqueles que acham que a ciência tem uma grande beleza.”

“Eu nunca vejo o que já foi feito. Eu somente vejo o que ainda falta para ser feito.”

A vida dela sempre me fascinou, além de ser a primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel foi também a primeira a lecionar na Sorbonne.

Filha de um professor de Física e Matemática e de uma pianista é o resultado da educação e do exemplo dos pais.

Acredito que como pais podemos influenciar filhos e filhas a acreditarem que serão capazes de alçar vôos altos.

Ouvi o relato de um engenheiro químico que quando criança brincava de laboratório, uma caixa contendo kits para experiências que faziam com que ele se sentisse um cientista. Ele é pai de uma menina que também gosta de ciências e então lá foi ele para a loja de brinquedos atrás daquela caixa de laboratório, como não encontrou perguntou para o atendente que respondeu: O senhor procurou na seção errada, deve ir para a parte de brinquedos de meninos… Ele ficou chocado! Só então percebeu que só havia meninos na ilustração da caixa.

Lembrei que gostava de brincar de montar casas e cidades, monstrinhos, aviões e carros, virei arquiteta e engenheira.

Conheci muitas histórias de engenheiras e diretoras que foram incentivadas pelos pais, que seguiram seus passos. Mas também conheci uma engenheira que foi a primeira da família a cursar a faculdade. Ela morava no interior e teve que se mudar para outra cidade, foi parar numa república com mais 4 meninas e lá aprendeu a ouvir mais, tolerar mais, cuidar de si e dos outros. Num determinado momento a família não conseguia mais ajudar a filha e lá foi ela procurar um emprego, podia ser qualquer função, então ela adquiriu conhecimento em outra área de trabalho. O resultado foi que, por causa disso, ela ocupa um lugar de destaque na empresa. Seu conselho é nunca deixar de aprender, estudar sempre, aproveitar as oportunidades e crescer.

Estamos vivendo uma mudança de Era, uma revolução exponencial que direciona todas as empresas para a tecnologia. Participar deste futuro próximo exigirá novas habilidades.

Empregos serão eliminados e novas profissões serão criadas, devemos investir em STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática)  e preparar as meninas e mulheres para participar deste novo mercado de trabalho.

As mulheres estão aptas, ingressam nas faculdades de TI-Tecnologia da Informação e já foram maioria nos anos 70. Um problema é o índice de desistência no decorrer do curso, segundo a Harvard Business Review 41% das mulheres que trabalham desistem da carreira contra 17% dos homens, a alegação é que o ambiente de tecnologia é hostil com as mulheres, elas sentem como se estivessem sendo empurradas para fora.

Precisamos mudar estes índices, conhecer os programas que já existem como o SAGA da UNESCO, que busca construir novos indicadores tirando as mulheres da invisibilidade, o Prêmio Mulheres na Ciência patrocinado pela L’Oreal, Por um Planeta 50-50 em 2030 da ONU Mulheres.

Einstein dizia:”Triste época, É mais fácil desintegrar um átomo que um preconceito.”

As mulheres devem ocupar todos os lugares na sociedade, seja nas ciências, na política, nas artes e em todos os setores da sociedade.

Como diz Tom Fitzgerald: “Se podemos sonhar, também podemos tornar  nossos sonhos realidade.”