Lilian Schiavo: Mulheres e negócios

Era um evento sobre as relações comerciais entre o Brasil e a China.

A mesa era composta por autoridades, 5 pessoas no total, apenas 1 mulher chinesa. Aparentemente sisuda, vestida com uma elegância formal, cabelo preso, não sorria por nada, postura ereta, quase militar. 

Durante as apresentações percebi que ela movia os lábios como se estivesse falando com alguém, só que eu não conseguia ver fones de ouvidos, achei que fosse uma nova tecnologia… vai ver os fones eram os brincos ou haviam inventado uma nova forma de comunicação por telepatia.

Confesso que estava curiosa para ouvir o que ela tinha para dizer,  já tínhamos sido bombardeados por números e estatísticas que mostravam o gigantismo da economia chinesa, sua capacidade de exportação e importação, os números da balança comercial entre os países.

Apresentaram empresas dos mais diversos portes e segmentos que virão para estabelecer negócios, desde uma gigante que constrói aeroportos e edifícios governamentais em aço até uma pequena empresa que fabrica grampeadores e móveis escolares, vimos um pouco de tudo.

Chegou a hora de ouvir o que aquela séria senhora tinha a dizer, então, num inglês impecável ela se apresenta e sorrindo diz que pretende estreitar a amizade entre a China e o Brasil e por isso cantaria uma música que fala de uma flor muito especial no seu país. Quase caí da cadeira! Entendi que antes ela movia os lábios porque estava ensaiando a música, por isso estava tão compenetrada antes da palestra, por isso não vi os fones de ouvido!

A sua apresentação começou assim, com 2 microfones, numa espécie de karaokê, a música saia do celular e ela cantava com a maior delicadeza, como um presente oferecido para nós.

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Olhei para a sala e vi todos sorrindo, encantados com sua voz.

Pronto, quebrou o gelo e também as barreiras de idioma e cultura, foi uma verdadeira lição de diplomacia e coragem. Acima de tudo foi uma demonstração de como as mulheres são criativas e surpreendentes.

Na 15ª edição da International Business Report (IBR) – Women in Business 2019, realizado pela Grant Thorton, constatou-se que 93% das empresas brasileiras têm pelo menos uma mulher como líder,  parece bom mas em relação a 2018 caímos 4 pontos percentuais, a proporção das mulheres em cargos de liderança passou para 25%, saindo da média global de 29%.

 Uma pesquisa da Ernst Young realizado em 91 países, com mais de 21 mil empresas  descobriu que mulheres na diretoria aumentam a lucratividade das empresas, uma empresa com 30% de liderança feminina aumentaria em até 6% a sua margem líquida.

Você já viu o que acontece se deixar 10 mulheres numa sala? Provavelmente elas irão começar a conversar, em pouco tempo viram confidentes umas das outras, encontram pontos em comum e após algumas horas se tornam amigas.

Somos mais assertivas… dizem que somos mais inspiradoras, com mais senso de justiça, educadoras natas e resilientes por natureza.

Sabe aquela história de que atrás de todo grande homem existe uma grande mulher? Na verdade não é atrás, é na frente! Já viram quantas mães, irmãs e esposas foram as responsáveis pelo sucesso e conquistas de homens? Quantas disseram as palavras certas de encorajamento e persistência? Você vai conseguir! Não desista! Vai dar certo!

Voltando ao evento, o resultado da música foi uma mudança no clima da reunião, como se uma rede invisível estivesse unindo as pessoas, facilitando as negociações com novas possibilidades, as pessoas estavam mais abertas para o diálogo, os muros estavam sendo derrubados.

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É, precisamos de mais mulheres em cargos de liderança e não é só uma questão de igualdade de gênero, inclusão e diversidade… estamos falando de lucros, crescimento e inovação.  

Se na sua empresa ainda não há mulheres ocupando altos postos de comando está mais do que na hora de repensar e mudar essa situação, comece um treinamento, identifique as potenciais líderes e invista em cursos, o resultado vai ser muito compensador.

Você acha que sou feminista?

“O feminismo não declarou guerras. Não matou oponentes. Não montou campos de concentração, não fez inimigos passarem fome, não praticou crueldades. Suas batalhas foram pela educação,  pelo voto, por melhores condições de trabalho, pela segurança nas ruas, por creches, pela assistência social, por centros de apoio a vítimas de estupro, abrigos para mulheres, mudanças nas leis. Se alguém me diz “Ah, eu não sou feminista” eu pergunto “Por que? Qual o seu problema? Dale Spender

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