Lilian Schiavo: Síndrome da impostora

Já aconteceu alguma situação em que você se perguntou como é que foi parar ali? Uma premiação, um convite para ocupar um cargo de liderança?

Segundo a Wikipédia, síndrome do impostor, fenômeno do impostor ou síndrome da fraude, é um fenômeno pelo qual pessoas capacitadas sofrem de uma inferioridade ilusória, achando que não são tão capacitadas assim e subestimando as próprias habilidades, chegando a acreditar que outros indivíduos menos capazes também são tão ou mais capazes.

Alguém aqui se identificou? Lembrou de situações em que sentiu que estava no lugar errado?

Vamos pensar juntas, você dedicou muitos anos ao estudo, fez faculdade, pós-graduação e foi disputar uma vaga no mercado de trabalho. O processo de seleção é um funil e a cada etapa você vê o número de candidatos diminuindo até que sobram apenas 3 pessoas e você está entre elas, com o detalhe que os outros dois são homens.

Pronto! Do alto dos seus 1,50m de altura você encara os “gigantes” e bate aquela  insegurança, acha que eles estudaram numa faculdade melhor que a sua, ouviu falar que um deles tem mestrado na Inglaterra, o outro tem mais experiência, os ternos deles são bem cortados e você questiona se escolheu o figurino correto e dá uma vontade de sair correndo, quem sabe, perder por WO dói menos?

E agora? Faltou o ar? Em vez de comemorar você sente o chão abrir e tudo o que você quer é voltar para o antigo posto? Acha que não vai dar conta? E se não der certo? Vai perder o emprego!!! Socorro!!!

Com tanta gente querendo ocupar esse lugar porque justo você?  Esta cadeira tem muitos espinhos e a probabilidade de cometer erros é enorme, será que vou conseguir me impor? E se não der certo, o que vai acontecer?

Cena 3, você é a CEO da empresa e é chamada para palestrar num evento mundial, falar em público sempre foi  um grande desafio, falar para uma plateia como essa te deixa com as pernas trêmulas, as mãos geladas e o coração disparado…

Seu pensamento é que deve ter havido um engano, não era para você estar no palco mas sim sentada confortavelmente  como todo mundo na plateia. E se der um branco e você esquecer o discurso? Será que dá tempo de dar uma desculpa e fugir?

Você pode pensar que essas situações são exageradas, que se trata de um problema de falta de autoestima, afinal, quem recusaria um lugar de destaque, reconhecimento, excelente remuneração e um holofote sobre a cabeça?

“Às vezes desperto pela manhã antes de ir para uma filmagem e acho que não posso fazer isso, que sou uma fraude”, dizia de si mesma a atriz Kate Winslet. A cantora Jennifer Lópes declarou que “apesar de ter vendido 70 milhões de discos, eu sinto que não sou boa nisto. Já Sheryl Sandberg, diretora de operações do Facebook, explicava que “há dias em que acordo com a sensação de ser uma fraude; não estou certa de que deva estar onde estou.” Fonte: El País

Soa impensável que uma pessoa sofra da síndrome da impostora mas confesso que eu mesma já passei por algumas situações parecidas. O que ocorre são episódios, aqueles instantes em que seu cérebro pergunta se você merece estar neste lugar…

É diferente da pessoa insegura, de baixa autoestima, que caminha com cabeça baixa e se considera inferior desde que nasceu, aqui seria bom procurar apoio psicológico.

Outro extremo desaconselhável são aquelas pessoas megalomaníacas que se julgam perfeitas e indubitavelmente melhores que o mundo todo, neste caso, sugiro olhar para o espelho e enxergar a realidade nua e crua ou gravar seus próprios speeches contando quantas vezes o pronome EU foi utilizado para entender que o EU não é o centro do mundo, o planeta tem mais de 7 bilhões de pessoas e o sol nasce para todos.

A síndrome do impostor pode acontecer com todos, mas adivinhe o que acontece? As mulheres são as mais atingidas!

Ao alcançar o topo da carreira ou cargos de destaque é comum que se veja a única no meio de um mar de ternos, já ouvi até falar que nós deixamos os ambientes mais coloridos…

A questão não é essa, é preciso saber viver a diversidade no ambiente corporativo!

Minha amiga Madeleine postou um vídeo sobre a síndrome da impostora, ela é uma inspiração, estudou e trabalhou em diversos países, é fluente em vários idiomas e coordenadora do nosso Comitê de Cultura, nós a chamamos de mestra.

Ela nos incentiva a contar nossas dificuldades e nossas conquistas, sempre com uma escuta gentil e um olhar generoso. Ela participa de várias comissões de Inclusão e Diversidade e é um exemplo de sucesso e excelência.

Percebo nela uma docilidade enorme, uma humildade no ensinar e guiar…será que algum dia ela também sofreu da síndrome da impostora?

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