Lilian Schiavo: Uma questão numérica

Como é sua relação com a matemática? Só de mencionar o assunto, torceu o nariz e lembrou dos tempos de escola, quando decorava a tabuada?

É revoltante ouvir que mulheres e números não combinam, afinal, é só observar a ginástica cerebral que fazemos para conseguir equilibrar o planejamento doméstico.

Somos equilibristas, daquelas com vários pratos girando num eixo diferente, tem o prato da família, do estudo, do trabalho, da casa e por aí vai.

Sabe o que acontece quando num jantar de negócios, a figura principal é mulher? Tem gente que pergunta ou fica imaginando quem ficou em casa cuidando dos filhos dela… difícil de acreditar que em pleno século XXI ainda lidamos com esses preconceitos.

Num congresso internacional ninguém questiona um homem sobre o tempo que ele dedica à família e aos afazeres domésticos, mas confesso que já me acostumei a ver mulheres pedindo licença para resolver problemas da casa ou fazer um zoom para mostrar para os filhos onde elas estão.

 

A questão não é sobre homens ou mulheres, é sobre mulheres e homens juntos, apoiando um ao outro, crescendo e sonhando em conjunto.

Conheço casais onde a mulher sustenta a família e o homem cuida da casa e das crianças, e está tudo bem, assim como está tudo bem com a mulher que decide e pode ficar em casa cuidando da família e também está tudo bem quando os dois resolvem sair de casa para trabalhar e aumentar o rendimento doméstico.

Não existe receita de bolo, cada uma de nós tem que encontrar seu caminho, o que torna sua vida mais feliz.

Lembro que quando era pequena ganhei um brinquedo diferente, um monte de bloquinhos de madeira que imitavam tijolos, com eles era possível criar casas, pontes, igrejas e escolas. Minha imaginação ia longe, me sentia capaz de construir uma cidade.

Foi assim que despertou meu interesse na arquitetura e por isso imagino as meninas que sonham em ser astronautas, cientistas, campeãs de judô, juízas, empresárias, diplomatas ou padeiras, elas precisam ser incentivadas a aprender, a ser o que quiserem, a sonharem alto, a lutar com persistência, entusiasmo, dedicação e empenho.

Particularmente gosto de números, de física quântica e matemática, me entusiasmei quando entendi o cálculo integral e percebi que porcentagens serviam até para cozinhar.

E falando em estatística, sabia que as mulheres respondem por 83% das decisões de compra nos lares brasileiros?

A pesquisa “O futuro da mulher no trabalho”, realizada pela McKinsey em 2021, baseada em 700 empresas em 6 países da América Latina apontou que poderíamos adicionar 12 bilhões de dólares à economia global em 2025 se tivermos avançado em ações de inclusão e diversidade.

Representamos mais que 50% da população, somos maioria em bancos universitários, pós-graduações e até mestrados, investimos nosso dinheiro prioritariamente em educação, saúde e cultura e está comprovado que a presença feminina em postos de comando das empresas gera lucros.

Somos extremamente criativas, inventamos ideias, sonhos e projetos, dizem que nascemos intuitivas e com dons inexplicáveis, que às vezes damos a impressão de ter mais que 2 braços e uma visão periférica de 360º.

E por tudo isso, tenho esperança num mundo mais sustentável, inclusivo, com mais diversidade, mais respeito, mais igualdade e justiça.

Por mais mulheres nas ciências, na engenharia, tecnologia, matemática. Por mais mulheres na política, em cargos de liderança nas empresas, ocupando os espaços que quiserem!

“Nenhum país pode realmente florescer quando sufoca o potencial das mulheres e se priva das contribuições de metade dos cidadãos.”

Michelle Obama.

 

Lilian Schiavo

 

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Imagens: Freepik

 

 

 

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