Lilian Schiavo: Vida em reforma

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Vivemos em constante movimento e nem sempre estamos na melhor maré, pode ser que neste exato momento você esteja passando por uma situação difícil na vida profissional ou pessoal.

 

Aqui do alto dos meus 60 anos também já fui do céu ao inferno algumas vezes e confesso que não é fácil, é como perder tudo num tsunami, de repente você nem sabe mais quem é, os documentos sumiram e parece que sua identidade foi embora com a tragédia. Você olha para o passado e não se reconhece, parecia que você vivia um sonho que agora virou um pesadelo.

 

Esta situação soa familiar?

 

Imagino que é assim que se sinta alguém que ocupa o desejado posto de CEO de uma multinacional e recebe uma notificação de dispensa com agradecimentos pela dedicação e serviços prestados. Pode ser que a sua empresa se tornou inviável economicamente e a única saída foi pedir concordata, mas infelizmente não deu certo e a falência foi decretada.

 

Foi substituída por alguém mais jovem e inovadora? É triste mas acontece, é uma situação corriqueira nas organizações que preferem as novas gerações em detrimento da experiência dos seniores.

 

Mudanças ocorrem em todos os momentos, a questão é como lidar com elas…

 

Enxergar novos horizontes e  aprender com os erros do passado é uma virtude, já comentei sobre o conceito de auto responsabilidade, é libertador quando você reconhece que tudo que acontece é fruto de sua escolha, e mesmo se outra pessoa cometeu o erro entenda que você delegou essa função. Parece duro mas quando você deixa de culpar o outro tudo fica mais leve, você libera mágoas.

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Concordo que mais fácil é colocar a culpa no governo, no funcionário, no vizinho, no outro, mas isso não vai resolver, no fundo você precisa admitir que errou, dói menos. É aquela velha história de achar que por desconhecer as leis você não poderia ser punido.

 

Quando perdemos algo que é importante na nossa vida o coração chora, a alma dói, a imunidade cai, a saúde fica fragilizada e nessas horas é fundamental ter uma amiga por perto com ombros confortáveis, abraços apertados, ouvidos que ouvem sem julgar e a certeza que tudo passa, vamos virar a mesa e seguir em frente.

 

Pode ser  que você está nesta fase da vida, precisando de uma mudança. Como arquiteta não pude deixar de pensar que é mais fácil construir do que reformar, é a diferença entre pegar uma folha de papel toda branca e desenhar o que quiser, sem limites e com liberdade. Situação bem diferente é ter as paredes construídas com vigas e pilares,  você quer derrubar as paredes, mas não sabe mais onde estão as instalações hidráulicas ou elétricas, a planta original se perdeu no tempo.

 

Somos seres humanos em obras! Reformamos nossas vidas quando casamos, temos filhos, separamos e casamos de novo, quando conseguimos um emprego, abrimos nossas empresas, somos demitidos ou falimos, quando trocamos nossos sonhos e recomeçamos outros desejos, quando perdemos entes queridos, quando mudamos de casa ou de país, quando viramos veganos, descobrimos outra religião para seguir, quando mudamos de profissão.

 

Já que temos esta chance nas mãos, vamos  derrubar muros de preconceitos, enterrar o vitimismo em valas profundas, escancarar janelas de conhecimento, destruir paredes de crenças limitantes, ler mais livros, plantar árvores, respirar a liberdade e abrir as portas para a felicidade.

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“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousamos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.” Fernando Teixeira de Andrade

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