As lendas japonesas podem nos trazer muitos ensinamentos, reflexões, um elo entre gerações, como essa fabula milenar que incrivelmente pode se adequar as várias situações cotidianas. A lenda do pescador Urashima Taro, fala de paciência, distância, esperança, amor, gratidão, regresso, coragem e covardia. Fala de sonhos e raízes, escolhas e consequências. Fala de saudade e tempo, um sábio me disse sobre o tempo ser nosso bem mais precioso. Nunca esqueci.
Era uma vez um jovem pescador chamado Urashima Taro que morava com sua mãe em um vilarejo onde todos os conheciam por seu enorme e bondoso coração.
Um dia como costumava fazer, Taro saiu para pescar, mas para sua surpresa voltou para praia sem peixe. Caminhando pela areia o pescador avistou três meninos se divertindo em maltratar uma tartaruga com o casco para baixo, incomodado com tamanha covardia gritou:
– Parem de maltratar esse ser inofensivo.
Sem se importarem com Taro, os meninos continuaram a maltratar o bichinho. Então, ele pegou três moedas que tinha no bolso e ofereceu em troca da tartaruga, o que fez com que os meninos saíssem correndo deixando a tartaruga em paz. O pescador abaixou pegando a pequena tartaruguinha com cuidado, desvirando e acariciando seu casco colocou – a na areia delicadamente acompanhando seu andar em direção as ondas, desaparecendo num mergulho.
Alguns dias depois, pescando em seu pequeno barco, o pescador escuta uma voz chamar seu nome: – Taro! Taro! Urashima Taro!
Em meio aquela paisagem de solidão em auto mar e nuvens, ele tentava encontrar quem o chamava. Virou-se par atrás se deparando com uma tartaruga e pensou:
– Devo estar louco!
Ouviu novamente a voz dizer:
– Não se lembra de mim? Vim lhe agradecer por tudo que fizeste por mim aquele dia na praia.
Ainda assustado o pescador respondeu estar feliz em vê-la bem. Mas curioso perguntou a tartaruga como podia em tão pouco tempo ter crescido tanto? A tartaruga lhe contou que no seu mundo o tempo não existe.
A princesa do palácio do dragão me pediu para vir buscá-lo para ir conhecer o palácio. Venha suba em meu casco. Assim mergulharam nas profundezas do oceano deixando o pescador deslumbrado, avistando ao longe parte do telhado dourado e prateado do lindo palácio do dragão todo cercado por corais. Chegando na entrada a bela princesa Otohime oferecia boas vindas, agradecendo-o por ter salvo a tartaruga, dizendo que atualmente é raro encontrarmos um ser humano com um coração tão bondoso. Venha Taro como gratidão por sua atitude preparamos um banquete para você. O pescador estagnado com a beleza de Othohime a acompanhou. Junto a princesa, Taro foi conhecer o palácio, subindo uma escadaria que os levara a uma torre com quatro janelas enormes voltadas para os quatros pontos cardeais. A princesa abriu a janela leste, uma mágica acontece revelando árvores
cobertas da cor rosa das flores de cerejeira, misturando as flores coloridas nos campos. Abrindo a janela sul o sol radiante fazia tudo brilhar, o som das cigarras anunciava o verão com brisa refrescante. Na janela oeste as folhas avermelhadas traziam o mais belo outono e atrás da janela norte os galhos despidos, meio cobertos apenas com camadas de neve pesando sobre as árvores, cobriam também as montanhas no fundo da paisagem.
Era tanta beleza que o pescador não percebera o tempo passar, certo dia uma saudade da sua terra natal o fez lembrar de sua mãe, preocupado solicitou permissão a princesa para ir visitá-la.
A princesa lhe presenteou com uma tamake bako (caixa de joia), dizendo que gostaria que Taro ficasse, mas não poderia segura-lo por não ser sua vontade, portanto pediu que aceitasse o presente relatando que havia algo importante para ele dentro da caixa, só abra quando estiver velhinho com os cabelos brancos,e se quiser voltar para cá não deverá abri-la.
Taro despediu-se subiu no casco da tartaruga e logo chegaram à praia. Emocionado, reconheceu o lugar que nasceu, mas percebeu algo diferente e pensou: como em tão pouco tempo tudo poderia estar mudado. Correu em direção a sua casa pensando em ver sua mãe, quando percebeu que estava andando em círculos e não enxergara sua casa, foi até uma senhora e perguntou-lhe:
– Senhora, sabe onde fica a casa de Urashima Taro?
A senhora lhe respondeu:
– Esse nome não me é estranho … quando eu era criança me contaram que há muitos anos um pescador com esse nome, muito bondoso que morava com sua mãe sumiu no mar.
E a mãe do pescador? Perguntou Taro.
Ela morreu meu filho, pois essa história tem mais de 300 anos.
Taro abaixou sua cabeça, e um forte sentimento de tristeza invadiu seu coração fazendo-o pensar: o tempo era diferente, os três anos de diversão no palácio, eram 300 anos na terra. Sentou-se em um pedra e pensou em voltar ao palácio, mas lembrou das palavras da princesa, porém naquele momento o que era importante para ele precisava ser usado, desatou o nó da caixa, uma névoa saiu e quando percebeu Urashima Taro tinha envelhecido, fazendo-o entender que se não tivesse aberto a caixa teria todo o tempo do mundo para esperar a tartaruga e voltar para o palácio. Quando olhou novamente o interior da caixa Taro encontrou uma pena de Tsuru (pássaro sagrado do Japão), uma forte brisa fez com que a pena voasse até Taro e o transformou em um lindo Tsuru. Quando a princesa ouviu o canto do pássaro transformou-se em tartaruga marinha e foi ao encontro de Taro.
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Até semana que vem com mais Japão!