Apenas atrás da Holanda e Dinamarca, no Japão bicicletas vão e vem pelas ruas como um estilo de vida, independe da posição social, idade ou sexo, 99% da população possui bicicleta para ir à escola, trabalhar, passear e transitar pelas ruas das cidades livremente tanto em trajetos curto como os mais distantes, em Tóquio por exemplo é uma alternativa indispensável.
O sistema de transporte público no Japão é bastante eficiente, o que torna compensador as pessoas utilizarem as bicicletas até a estação ou terminal mais próximo de suas casas para embarcarem em seguida para seus destinos mais distantes, os estacionamento de bicicletas compensam, os de carros costumam ser cobrados por tempo de uso, enquanto os das bicicletas por dia.
Vou contar para vocês uma história que aconteceu comigo, quando cheguei aqui em minha primeira viagem. Minha vizinha me emprestou a bicicleta dela para ir buscar algo que eu queria em uma distância de três quilômetros mais ou menos, no meio do caminho fui parada pela polícia, eu não entendia nada de japonês, então os policiais me levaram para casa, chamei a vizinha para falar com eles e explicar o que estava acontecendo, lógico que super assustada, mas foi assim que descobrimos que as bicicletas no Japão são vista pelas autoridades como um veículo, não precisa carteira, mas a bicicleta precisa de documentos em seu nome e registro na delegacia local do seu bairro, além da chave da trava de segurança que vem de fábrica, precisa ter farol e é considerado infração grave carregar alguém na garupa, entre outras regras. Depois de tudo esclarecido pedimos desculpas para as autoridades nos comprometendo a não repetirmos mais essa atitude ficando tudo bem. Depois do susto, o curioso foi pensar na forma criada para organizar todo ir e vir em duas rodas nesse país, o que era bem fora da minha realidade que andava de bicicleta no litoral ou no parque do Ibirapuera em São Paulo. Tive que aprender e me adequar.
Alguns curiosos tipos de bicicletas foram desenvolvidas dentro da necessidade do cotidiano da população, um deles é o modelo chamado de Mamachari, mama significa mamãe e chari é um apelido devido o nome do fabricante, são bicicletas utilitárias para as quais as famílias utilizam em uma variedade de necessidades básicas como transporte, carregar mantimentos do supermercado, chegar à estação de trem ou transportar crianças de / para o jardim de infância ou creche. Transporte barato, confiável e saudável comuns na paisagem urbana do Japão, surgiram nos anos 50, mas seu ápice foi em 1993, a Yamaha lançou a primeira bicicleta elétrica do mundo. Isso foi seguido pela combinação da Panasonic e do Maruishi Cycle em 1998 para desenvolver um mamachari elétrica, qual reduziu o fardo de pedalar ladeiras íngremes enquanto carregava uma criança ou compras.
Em pontos turísticos por todo o Japão há serviços de aluguel de bicicletas disponíveis. O termo em japonês é rentasaikuru, “aluguel por ciclo”. Porém desde 2016 pensando nas olímpiadas e paraolimpíadas de 2020 foi introduzido em Tóquio um sistema de compartilhamento de bicicletas encontrado em muitos países ocidentais, onde os usuários devolvem as bicicletas em um dos muitos estacionamentos dentro de determinadas áreas, sem a necessidade de voltar ao ponto de partida, tornando o processo mais fácil para os visitantes. Mas fiquem atentos para evitar roubo, é melhor trancar bicicletas e estacioná-las em áreas designadas. Normalmente aos arredores das estações há estacionamentos para bicicletas e pelas cidades há uma área determinada para parar as bicicletas, normalmente é cobrado uma diária, assim as calçadas, ruas e postes ficam mais organizados. As bicicletas estacionadas ilegalmente podem ser removidas pelas autoridades locais e devolvidas somente após o pagamento de multa. Então visitando ou morando no Japão fique atento as leis de uso das bicicletas para evitar transtornos.
Até semana que vem com mais Japão!
Sayonara