César Romão: A gente vai se acostumando.

Durante um relacionamento alguns tipos de conduta vão se formando, às vezes incomodam muito, às vezes incomoda pouco, mas incomodam.

A tolerância vai se fazendo presente, mas lá no fundo existe uma contrariedade se formando, no início parece algo superficial, mas com o tempo espalha-se querendo colocar-se de alguma maneira e mostrar-se, na verdade a coisa transbordou. Não dá mais para segurar, explode o coração.

Relacionamentos de longa data, quando terminam e ninguém entende a razão, esta pode ser uma delas. As pessoas vão se acostumando com contrariedades, mas isto não significa que no seu íntimo elas a aceitam, toleram e tolerância tem limite.

Quando o limite chega é muito difícil consertar uma pilha imensa de pequenas coisas que corroeram a relação por muito tempo. Nem as promessas de que agora será diferente podem evitar o rompimento da relação.

Todos temos nossos limites, é importante que a pessoa de nossa convivência seja constantemente informada quando a coisa está na faixa amarela, este é o ponto até onde cada um deve de mover.

Ninguém se acostuma com algo que lhe faz mal, um dia a casa cai, este dia pode ser próximo ou longe, mas chega.

Algumas pessoas justificam: “este é o meu jeito…” até parece que alguém é obrigado a gostar “do seu jeito”.  Ser como você é lhe trouxe exatamente onde você está agora, que tal se perguntar se é feliz e responder honestamente…

A gente vai se acostumando, a gente vai levando e um dia percebemos que não dá mais para levar e perdemos um precioso tempo de nossa vida, fazendo meditação matrimonial, ou seja, tolerando coisas que não nos faziam nenhum bem.

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Conhecer e respeitar os limites um do outro, expor com sinceridade estes limites, somos vulneráveis a muitas coisas, mas num relacionamento transpor os limites do outro é fatal. Não existe esperança para as pessoas que se relacionam de maneira rasa. A esperança está sempre no relacionamento profundo e sincero.

Talvez seja um bom momento para você discutir com sua cara metade, quais as coisas que você está acostumando e levando, deixar claro que um dia isto pode se tornar um transtorno para os dois, sem contar a “jogação” de coisas na cara que acontece nestas horas. Fatos que talvez um já nem lembre mais o outro coloca em pauta como se tivesse acontecido ontem.

Temos um mecanismo natural de defesa contra fatos que nos agridem emocionalmente, nem sempre sua reação é imediata, mas a reação existe. Nosso instinto de sobreviver torna-se menor quando podemos salvar. No Brasil, assim como em outros países, já houve notícia de mãe que ao ver seu filho levado por uma enxurrada durante uma enchente, mesmo sem saber nadar, pulou na água e salvou a criança. Nosso instinto de sobrevivência quer salvar e não morrer. Num relacionamento muitas vezes acontece o mesmo, mas é preciso que a relação entre os dois seja de muita afinidade.

Entramos num relacionamento por amor e somos resultado do quanto realmente temos de disposição e estratégia para fazê-lo durar.

César Romão

 

Imagens: Freepik

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