O Dia Internacional da Mulher na minha vida

São 34 Dias das Mulheres na minha vida. Houve uma época em que ganhava presente da família e comemorava a data com as amigas da escola e as vizinhas do bairro. A gente falava dos garotos ou fazia chá de bonecas pensando no príncipe encantado no quintal. Depois, já na adolescência, respondia com ar de rebeldia para os carinhas do colégio o motivo de ter “o nosso dia” e não o deles no calendário. Mais velha, mas ainda jovem e imatura, passava a data recebendo flores e chocolates dos namorados. E “ai” daquele esquecido de mãos vazias ou que não via importância para tantos mimos.

No trabalho, a data geralmente também não passou despercebida pelo setor de Recursos Humanos. Já ganhei batom, espelhinho com luz e pinça igualmente iluminados à bateria, rosas, chocolatinhos e, para coroar a mensagem, até aula de auto maquiagem.

Casei e os presentes continuaram, acrescidos de jantares, declarações de amor e alguma conversa na poltrona sobre os assédios na rua insuportáveis. Tornei-me mãe e passei a explicar para a minha filha a importância e o significado de ser dona da própria vida e responsável pelas próprias escolhas.

Nos últimos anos, só mais recentemente, mesmo, os presentes começaram a ser desnecessários para tanto absurdo que comecei a enxergar com os olhos mais arregalados da maturidade. Passou a ser insuficiente abordar a igualdade de gênero em um dia, apenas, e a liberdade de ir e vir virou assunto o tempo todo, nas conversas reais e virtuais, com os amigos, os parentes e até os desconhecidos.

Acho que, assim, passei a ter coragem para dizer “não”. Vejo que isso ainda é difícil para muitas garotas: “o que vão pensar? meninas devem ser meigas e amáveis!”, dizem alguns.

E, muito além disso, passei a ter compaixão por outras mulheres que, em algum momento, ensinaram-me a criticar, seja pelas roupas, seja pelo comportamento. Podemos chamar isso tudo de feminismo, mas também de liberdade e existência.

Não nasci mulher, tornei-me mulher ao longa da vida como muitas outras. E, hoje, com plena consciência sobre as faltas que existem na construção do ser feminino em nossa sociedade.

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