Paty Moraes: Ela “tá” uma moça, mas ainda é uma criança!

Com frequência, ouço alguém falando: “Nossa, sua filha está uma moça”. É, ela está. E de tanto ouvir e concordar que ela está uma moça, acabo falando também a mesma coisa quando alguém me pergunta: “Como vai a Maria Helena?”.

 

Inclusive, ela acaba de passar, aos 12 anos, pelo ritual que socialmente indica que “ela já é uma mulher”. Bom, toda mulher sabe o que essa fase significa. Sabe, não sabe? Pois é, mas a gente esquece. E eu, aos 34 anos, já tinha me esquecido completamente até presenciar uma cena no final de semana.

 

No sábado, comemoramos os 68 anos do meu sogro no interior, cercados de parentes e muita conversa de família. Os primos se reencontraram e foi aquela atualização dos assuntos. E a Maria Helena só queria saber de trocar de roupa e ficar bonita. Aquela imensidão de mato, bichos e uma área de lazer dos sonhos, mas ela só queria saber de passar um batom pink, arrumar o cabelo e arrasar no visual.

 

A festa começou ao meio-dia e Maria Helena foi tomar banho. Por uma hora, ficou se produzindo e, de repente, surgiu na minha frente para dar um ultimato: “Preciso que você tire esse vestido que está usando porque eu vou colocá-lo!”. Oi? Garota, com quem pensa que está falando? Bom, conversa vai, conversa vem e a autorizo a usar qualquer coisa da minha mala, mas dou uma bronca pelo jeito falou comigo.

 

Ela saiu bufando (isso dá uma raiva que vem do estômago, meu Deus!) e ressurge com minha calça jeans e uma das blusinhas que compartilhamos. Ela estava linda! Realmente percebi que ela já é uma moça, sem ser força de expressão! Mas, naquela hora, guardei um pouco o orgulho na tentativa de mostrar que não fazia muito sentido ela estar toda produzida – e de calça jeans – sob aquele sol escaldante.

 

Nem consegui comentar porque percebi que ela estava olhando para a piscina, onde os primos brincavam. Maria Helena é a mais velha, mas não se sentiu diferente deles. Moça, mas ainda uma criança, Maria Helena ficou indignada: “Justo agora, que tomei banho e me arrumei, foi todo mundo pra piscina?”.

 

Hahahahahaha Ri muito, e alto. Ela percebeu! Tirei os óculos escuros que estava usando e só fiz um comentário: “Filha, você está linda, mas aproveite. Você ainda é uma criança, vá brincar!”. Ela pensou e respondeu: “Tá bom, mas tira uma foto de frente e outra de costas para ver como estou?”. Feito. E ela foi para o quarto e, em 15 segundos, reapareceu de biquíni correndo para a piscina e berrando “Uhu!”.

 

É que, agora, ela quer passar esmalte, se maquiar, ouvir músicas melosas e contar sobre toda vez que se apaixona por um menino que foi gentil. Mas ela também quer brincar e correr e não se importar com nada disso que queria antes. E ela fica nessa oscilação de quereres o tempo todo… Às vezes, penso que não vou aguentar, que não vou saber ser a mãe dela… Também é meu conflito dizer o que deve ou não deve ser feito. Aí, às vezes, ela me faz lembrar que também já passei por isso e fica tudo mais fácil. Pena que é só às vezes, viu?!

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