A luz daquele poste era a única coisa que atravessava a escuridão. Alguns estranhos me olhavam. Estava perdida tentando ir para casa, na qual nunca foi realmente minha casa. Não tinha casa, nunca tive. Moro a cada dia num local, a cada mês numa cidade.
Todo mundo sente que a cada viagem sempre existe um lugar para voltar. Eu não sentia isso. Não sabia mais onde estava e nem onde queria estar. “Fica aqui” ele disse. E eu não soube dizer ‘sim’ mesmo não dizendo ‘não’. Então ele segurou minha mão e me levou para beira do mar. Senti tranquilidade pela primeira vez naquela noite escura e perdida, pensei que o mar poderia ser meu lar.
Tento me jogar para Iemanjá, mas piso num siri e saio correndo. Um lar tem que ser seguro, não? Disse “Tchau, querida!” para a rainha do mar e parti. Ele me seguiu. Ele sempre me segue, mesmo perdida, mesmo mudando de país, mesmo arrotando o dia inteiro. Nunca entendi o que o fazia abandonar sua casa e andar atrás de uma semidepressiva com sérias desordens gastrointestinais.
O 4g resolve funcionar e coloco o endereço do meu hotel. Estou a 250 metros e percebo que minha sandália quebrou ao correr na praia. Ele oferece me levar no colo. Eu não soube dizer ‘sim’ e também não soube dizer ‘não’.
Ou eu tinha perdido muito peso, ou ele estava malhando muito. De qualquer forma, não imaginava tamanha força naqueles braços, pois me sentia confortável. Em seus braços me livrei do frio que sentia, da aflição daquele dia e dos problemas que me aguardavam na manhã seguinte. Dei meu último arroto e adormeci carregada. Não precisaria chegar mais em lugar algum. Eu já estava em casa.
The drop is in it.
I try what I tried
Dimensions expanded
I would say what I want
But I don’t find you here
Disorders of my heart
Home Made
Seas of awakeness
Soul Made