Algumas pessoas são fascinadas por filmes sobre a máfia e questionam se tudo aquilo seria real ou apenas ficção. Acredito que se estudarmos um pouco a verdadeira história da máfia, entenderemos que a realidade é bem próxima aos filmes e infelizmente até mais triste do que é mostrado nas telinhas.
A origem da palavra máfia é considerada incerta, mas muitos acreditam que tudo começou em 1282, durante a invasão da região da Sicília pelos franceses, onde foi utilizado o provérbio, “ Morte Alla Francia Italia Anela!”, o que significa, morte aos franceses é o desejo da Itália. Se juntarmos as inicias de cada palavra, formaremos a palavra máfia. Com o tempo a palavra passou a significar algo como “viril” na Sicília.
Outra teoria sobre a origem da máfia teve início no século IX. Durante esse período, a Sicília foi governada pelos árabes. Os sicilianos foram muito oprimidos e começaram a fugir em busca de refúgio. Em árabe, a palavra “máfia” significa “refúgio”.
Os refugiados acabaram desenvolvendo uma sociedade secreta com base na herança siciliana. A estrutura da organização foi construída com base na ideia de família e tinha uma hierarquia muito rígida. Os “dons” eram os chefes das famílias, responsáveis pela máfia em cada aldeia. Eles respondiam ao “don dos dons”, que vivia em Palermo, capital da Sicília.
Os membros da organização eram obrigados a fazer um juramento de iniciação que incluía as cinco regras básicas, sobre as quais a máfia cresceu e ainda segue:
- Código de silêncio –Nunca dar informações sobre a organização. O código de silêncio da máfia deve ser cumprido mesmo em caso de tortura ou ameaça de morte.
- Obediência ao chefe – obedecer todas as ordens do chefe, não importa quais sejam.
- Apoio – Prestar toda a ajuda necessária para qualquer outro membro da família da máfia por respeito ou amizade.
- Vingança – Absolutamente todos os ataques aos membros da família devem ser vingados. “Um ataque contra um é um ataque contra todos.”
- Evitar o contato com as autoridades.
A máfia passou a ter grande influência e força por volta do século IXX. Era já considerada uma grande sociedade e já cometia crimes. Seus membros seguiam as suas próprias autoridades e regras, ignorando qualquer lei. Juntar-se à máfia era como aderir a uma religião, sem volta. Era um compromisso para toda a vida, sem aposentadoria ou abandono. Até hoje é assim.
Para quem quer saber mais sobre a mentalidade dos mafiosos, aconselho ler o livro escrito pelo inesquecível juiz Falcone, cuja morte chocou e emocionou a Itália e o mundo.
Em seu livro intitulado Cose di Cosa Nostra, escrito em parceria com o jornalista francês Marcelle Padovani, em 1991, podemos encontrar particularidades muito interessantes sobre a máfia, como sua linguagem e comportamento.
Em um trecho do livro, Falcone cita o uso da palavra signor pelos mafiosos. Quando um mafioso chamava alguém de signor (senhor) significava que aquela pessoa não era digna de nenhum apelativo, não era ninguém. Se um homem possuía um papel importante na organização, era chamado de Zio ou Don. Se não fazia parte da máfia, mas era digno de respeito, era chamado por sua profissão antes de seu sobrenome, como Dottore, Ingegnere e assim por diante.
Graças às investigações, ao profundo conhecimento do fenômeno e à coragem de Falcone e Borsellino, muitos chefes mafiosos foram presos. Infelizmente, os dois juízes foram assassinados quando as investigações se aproximavam a um nível mais alto. Falcone e Borsellino estavam investigando a relação da máfia com a política. Por aqui, infelizmente, a história parece não estar muito diferente.
Ci vediamo nella prossima domenica! ?
Respostas de 2
Excelente matéria, muito informativa. Um pena um país tão incrível com a Itália ter que conviver com isso. Acredito que os “PCC’s” e “CV’s” do Brasil devem ter se inspirado nesse tipo organização, mas são muito mais violentos.
Muito bom