Rosângela Andrioli: Palio di Siena, uma tradição italiana

Quando cheguei em Siena, não tinha ideia dos momentos inesquecíveis que viveria naquela cidade.

Era agosto de 2006. Um verão quente e ensolarado e o burburinho das pessoas nas ruas, a quantidade de turistas de toda a Europa, já anunciava que seria um grande acontecimento.

Sempre achei que a grande paixão dos italianos fosse o futebol, porque ainda não conhecia o Palio.

Em minhas idas e vindas da universidade, entre um cappuccino e outro, ouvia estórias que foram me esclarecendo o que era o Palio, e tudo que estava envolvido nesta festa que data de 1600, motivo de honra e orgulho para os Seneses.

Siena e um de seus maiores tesouros: Il Palio

 

O Palio não se resume apenas a uma corrida de cavalos. É uma celebração que dura, em média, quatro dias.

Uma das etapas iniciais, e mais tensa, seria o sorteio dos cavalos. As contradas (bairros) são 17, mas apenas 10, escolhidas pelo prefeito, concorrem com o cavalo a ser sorteado.

Poderíamos dizer que o vencedor já é pré-estabelecido nesta fase, pois se o cavalo não for um bom corredor, o fantino (jóquei), não poderá fazer muita coisa.

Após muita gritaria, os cavalos são exibidos pela cidade, seguidos por seus grupos de torcedores fervorosos, entoando hinos e saudações.

Nos dias que seguem, são oferecidos jantares e festas para os turistas, arrecadando fundos para o grande dia. A corrida final.

Neste dia, a cidade se transforma em palco de inúmeros desfiles medievais, enquanto cada cavalo é levado para a igreja de sua respectiva contrada, para ser abençoado.

Desfile medieval

 

O curioso é que o vencedor será o cavalo que chegar primeiro, após três voltas na Piazza del Campo, com ou sem o fantino.

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O vencedor leva o Palio, uma espécie de estandarte, que será conservado em um museu. Após a corrida, a Piazza del Campo é reaberta para as comemorações, que duram dois dias.

Uma das provas do Palio

 

Observei, neste meu curto período em Siena, que seus habitantes levam muito a sério todos os tipos de eventos ligados à cultura e costumes de seu povo. Esses são passados por gerações, há séculos, seguindo à risca cada detalhe original das celebrações.

Em um momento de curiosidade, perguntando à um Senese,  o porquê do cavalo ser mais importante que o homem, fui advertida por uma frase : “um homem pode se corromper, um cavalo jamais”. Mais uma lição, entre tantas outras, aprendida nesta cidade.

Cavalo sendo abençoado

 

Quem for para Siena, fora da temporada do Palio, não pode deixar de visitar suas encantadoras ruas e monumentos medievais.

Dizem que esta cidade, localizada na região da Toscana, foi fundada  por Aschio e Senio, filhos de Remo, um dos fundadores lendários de Roma. O que explicaria o emblema de Siena ser a loba que amamenta Rómulo e Remo.

Piazza del Campo vazia

 

Para finalizar, segue uma receita típica Senese. Um docinho feito com ovos e amêndoas, que vai deixar muita gente com água na boca! Buon Appetito!

RICCIARELLI

Rendimento: cerca de 20 biscoitos

Ingredientes:

300g farinha de amêndoas

280g açúcar

150g açúcar de confeiteiro

1 colher (chá) fermento químico em pó

casca ralada de 1 laranja (ou tangerina, ou limão siciliano)

2 claras de ovo grandes

 

Preparo:

Forre uma assadeira com papel-manteiga .

Numa tigela grande, misture a farinha de amêndoas, o açúcar comum, 100g do açúcar de confeiteiro, a casca de laranja e o fermento.

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Bata as claras até obter picos suaves, não muito firmes. Usando uma colher de pau, incorpore as claras às amêndoas. Não se preocupe em manter o ar das claras. Amasse bem com a colher, até obter uma massa úmida e firme.

Forme pequenos ovais de 6x4cm, com a ajuda de uma colher. Transfira os ovais para uma assadeira ou duas, deixando algum espaço para que se espalhem um pouco. Polvilhe com metade do açúcar de confeiteiro restante, e deixe os biscoitos secarem por 2-3 horas em temperatura ambiente.

Pré-aqueça o forno a 140ºC (se seu forno não mantiver uma temperatura tão baixa, prenda uma colher de pau na porta, para mantê-lo ligeiramente entreaberto .

Asse os biscoitos por 30 minutos, ou até que estejam ligeiramente dourados e pareçam firmes por fora. O interior deles estará mole ainda. Retire do forno e deixe que esfriem um pouco antes de polvilhar o restante do açúcar por cima. Os biscoitos se mantém por cerca de 1 semana em pote fechado.

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Respostas de 2

  1. Que preciosidade está dividindo conosco, Rosângela. Quanta leveza em seus textos. Se continuar assim não sei, não! Abraços e sucesso sempre. Saudades amada. 🙂

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