Giordanna Galvan: Copacabana e suas histórias – Parte 2

Olá, queridos leitores, com muito prazer vou dar continuidade a coluna anterior sobre a história de Copacabana.

O bairro teve seu desenvolvimento impulsionado pela abertura de túneis, pelo loteamento, por um projeto de saneamento e outros motivos pontuais, no final do século XIX e início do século XX.

No que chamamos posto 6, numa das pontas de Copacabana, foi criada a empresa Brazilian Submarine Telegraph Company de Barão de Mauá, ligando o Brasil à Europa pelo cabo submarino de telegrafia elétrica, o que trouxe muitos trabalhadores para a região, inclusive ingleses.

A construção do Forte de Copacabana que exigiu muita mão de obra, já que até hoje é considerado um forte da maior complexidade.

E pela abertura da Casa de Saúde do Dr. Figueiredo Magalhães, e um pequeno hotel para atender seus pacientes.

Em 1917 recebe a denominação de Praia de Copacabana, nos seus mais de 4 km de extensão, que tinha 45 ruas, 2 avenidas, 4 praças, 2 ladeiras e 2 túneis.

Foram estipuladas regras para os banhos na praia com horários e vestuário adequado.

Vestuário – Créditos Guilherme Santos e O Rio Antigo

Só imaginem: no verão era permitido o banho de mar das 5h às 8h e das 17h às 19h. Não era permitido o trânsito de banhistas nas ruas que dão aceso às praias sem uso de roupão ou paletós suficientemente longos e não se podia gritar, porque podia atrapalhar os pedidos de socorro ou alarmar os banhistas. Bem diferente de hoje!

A Avenida Atlântica foi reinaugurada em 1919 com pista dupla e iluminação no canteiro central, o que embelezou mais ainda a praia.

E no mesmo ano, o presidente Epitácio Pessoa pediu a construção de um grande hotel, de alta categoria, para a celebração dos 100 anos da independência, na Exposição do Centenário da Independência do Brasil, evento de dimensões internacionais.

 O empresário Octávio Guinle contratou o arquiteto francês Joseph Gire e o engenheiro César Melo e Cunha para construir o Hotel Copacabana Palace.

As obras foram de 1919 até 1923. Não conseguiram entregar em 1922 pela complexidade dos trabalhos e outros fatos.

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1927 Copacabana Palace – Créditos Guta

A região ainda era pouco habitada. A importação dos materiais europeus, como o mármore de Carrara, cristais da Boêmia, o cimento da Alemanha, os vidros e lustres da antiga Tchecoslováquia e os móveis da França, dificultou a conclusão no prazo.

Mas foi mesmo uma ressaca em 1922, que destruiu a Avenida Atlântica e os pavimentos inferiores do hotel, que impediu que sediasse o evento.

Ressaca de 1922 -Créditos: Copacabana.com

Apesar de todos esses desafios, concluiu-se o primeiro grande edifício de Copacabana.

A arquitetura eclética foi inspirada nos hotéis Negresco e Carlton, da Riviera francesa de Nice, no Mediterrâneo.

Copacabana Palace antigo – Créditos Copacabana Palace Hotel

O Copacabana Palace foi palco de grandes eventos, mas após o fechamento do cassino, em 1946, que virou uma casa de espetáculos, uma das mais luxuosas do Brasil.

Outro cassino que foi fechado em Copacabana foi o Cassino Atlântico, na mesma época que todos os outros cassinos no Brasil.

Depois o Copacabana Palace passou por uma grande reforma e as décadas seguintes não foram de tanto glamour.

Com a transferência da capital federal para Brasília, em 1960, o hotel passou por momentos difíceis e quase fechou em 1985, mas virou patrimônio histórico nacional, e em 1989 a família Guinle vendeu o hotel para o grupo Oriente-Express Hotels. Mais tarde o grupo Belmond assumiria. Só fechou durante um período na pandemia, em 2020.

Copacabana Palace – Créditos Marcio Silveira

Sendo o favorito dos casais em lua de mel e celebridades, muitos famosos se hospedaram no hotel como Albert Einstein, Santos Dumont, Frank Sinatra, Carmem Miranda, Calvin Clain, Robert De Niro, Tom Cruise, Robert Pattison e Kristen Stewart, Madonna, Paul McCartey, Richard Gere, Mick Jagger, Brigitte Bardot, Walt Disney, Sarcosi, Bill e Hillary Clinton, dentre muitos outros.

Também recebeu personagens de realezas, como o Duque de Windsor, Príncipe Edward de Gales, futuro Rei Edward VIII da Inglaterra, e seu irmão George, igualmente futuro rei britânico, pai da rainha Elizabeth II, Príncipe Charles e Lady Di que quebrou o protocolo e foi falar com as pessoas na frente do hotel.

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Muitas histórias se passaram ali. Janis Joplin foi convidada a deixar o hotel por estar nadando nua na piscina, em 1977.

O britânico Rod Stewart e seus músicos foram expulsos por ordens da Dona Mariazinha Guinle, por terem disputado uma partida de futebol na suíte presidencial.

Até um desenho animado nasceu no Copacabana Palace, Walt Disney desenhou o cartoon Zé Carioca enquanto estava hospedado.

Essas são só algumas das muitas histórias que aconteceram ali.

E o hotel também teve, e ainda tem, moradores ilustres como Jorge Ben e a diretora geral do grupo Belmond Brasil, Andrea Natal.

Hoje são 230 acomodações com valores que podem variar de R$1500 a R$ 8000 uma diária. E tem em suas dependências restaurantes, bares e uma das melhores sorveterias da cidade.

Voltando ao passado, a verdade é que bairro ganhou glamour e visibilidade mundial com a construção do Copacabana Palace, em 1923.

Glamour – Créditos Carlos Moskovics

Foi um impulsor para o desenvolvimento efetivo do bairro e muitos vieram morar em Copacabana porque era o edifício mais icônico do Brasil. Considerado “o mais sumptuoso edifício do gênero que há na América do Sul e um dos mais lindos do mundo”.

O hotel tornou-se um ponto de convergência da alta sociedade carioca e, dessa forma, os terrenos vizinhos ao hotel ficaram muito valorizados. Demoliram até um dos morros ao lado para construir a piscina e outros edifícios.

Bairro pós Copacabana Palace – Créditos Copacabana.com

Nas décadas seguintes houve uma explosão imobiliária e a arquitetura que era de predomínio eclético deu espaço aos grandes prédios no estilo Art Déco.

Era o local para se estar. Muitos políticos, artistas famosos, músicos, jovens, e celebridades adquiriram residência no bairro, mas disso falaremos na próxima quarta.

Até lá!

Giordanna Galvan

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

Imagem de Capa:  Créditos Marcio Silveira

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