Bom dia meus queridos amigos da jornada,
O que seria do ano de 2023 se decidirmos não usar máscaras e nem disfarces.
Isso mesmo. O meu convite é para que eu seja eu mesmo, e você seja você mesmo!
Parece óbvio, mas não é.
Parece óbvio, mas todos os dias a gente tenta ser quem não somos, a gente constrói uma “persona”.
Parece óbvio, mas pelos motivos mais diversos e variados, a gente tem medo de olhar para dentro e descobrir a quantidade de sombras e fantasmas que habitam no porão do nosso interior.
Pois bem, eu fiquei impressionado ao ver uma lista de quase 40 (quarenta) países e culturas que fazem parte do nosso projeto Fusão Cultural em Lyon. A minha esposa está nos seus estudos multiculturais de um doutorado e listou os participantes e países nestes últimos quase 5 (cinco) anos que cruzaram a nossa jornada. Nós temos organizado mais de 120 reuniões ao ano, existem entre 80 e 100 participantes semanais, e temos trabalhado com uma esfera de gente que chega a quase 7 mil pessoas interessadas em receber as nossas informações.
Ora, são gente de todos os países e culturas, religiões e classes sociais. São acadêmicos, professores, religiosos, ateus, refugiados, estudantes e a lista segue…
Eu acho fantástico cada encontro humano. Eu só sei, e tenho consciência que devo seguir aprendendo. Eu só sei, e tenho consciência que nesta dança dos humanos não vale máscaras, não vale disfarces!
Cada conversa, cada interação, cada música, cada cultura me convidam para um baile onde eu tenho que ser eu mesmo, e não devo pretender ser quem eu não sou.
Os nossos projetos e vida em Lyon se tornaram um grande laboratório para que a gente dance a dança dos humanos sem máscaras e nem disfarces.
Você já sentiu isso? Você já conversou com alguém que você sabia que ele não era quem ele dizia ser? Você já encontrou alguém que te disse algo e depois você descobriu que ela se disfarçou, e se vestiu com uma máscara que você não sabe até hoje muito bem os motivos de tal disfarce?
Na realidade, diante de Deus e da Luz somos quem somos e estamos sem máscaras e disfarces. A inocência de uma criança me ensina como eu tenho que ser. Não é à toa que Jesus dizia que são das crianças, são dos pequeninos, dos inocentes, dos que andam pela vida sem máscaras e disfarces o Reino dos Céus.
Não é à toa que Jesus condenou a religiosidade, pois é na máscara da religião onde mais nos enganamos e deixamos de ser quem nós verdadeiramente somos.
Não é a nacionalidade. Não é a língua que falo. Não é a cor da minha pele. Não é a minha religião e denominação. Não é a minha classe social. Não é o meu academicismo. Nada disto me faz “ser mais”, “ser melhor”, ou “ ser superior” comparando-me com o outro, com o meu vizinho, com o meu colega de trabalho, com o meu próximo. Nada.
O que passar disso, é pretensão que habita na minha cabeça.
O que passar disso, tem a ver com quem eu não sou, pois quem eu sou está bem diante da Luz, bem diante do meu espelho. Aliás, o meu eu, quem eu sou, sem disfarces e sem máscaras está bem diante daqueles que me conhecem e habitam debaixo do mesmo teto que eu.
Isto dito, o mundo só pode abrigar a dança dos humanos quando for feita com autenticidade e verdade, pois a pretenção e ilusão de uma máscara e de um disfarce podem fazer dançar para fora, trazer impressões extraordinárias e aplausos intermináveis, mas jamais gerará algo para dentro, algo verdadeiro, algo eterno.
O palco da vida só abre espaço para uma amizade sincera e verdadeira. Independentemente da cultura, religião e classe social, quando a música for a música dos tons do amor e das escalas da compreensão e do altruísmo, a dança dos homens ganha contornos de uma coreografia coletiva e fraternal.
Portanto, faça do ano de 2023 uma dança, mas não dance sozinho, e quando dançar com alguém, não vale máscaras, não vale disfarces!
Até a próxima.
Collonges-au-Mont-d’Or
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