Minha memória me leva aos tempos de criança, no interior, quando parávamos para acompanhar a convocação da seleção brasileira às vésperas de uma Copa do Mundo. Era o instante de torcer pelo ídolo, para que ele não fosse preterido pelo treinador. Torcíamos com o coração batendo forte, sem ponderar se a comissão técnica estava certa ou errada em seus nomes. Queríamos o ídolo lembrado.
Assim, acompanhei desde as primeiras lembranças, os goleiros do Brasil – posição pela qual sempre tive paixão. Lembro-me de Emerson Leão em 74 e 78. Torci e sofri em 82, com a seleção “perfeita” que teve Waldir Peres como titular. Em 86, o auge. Aquele garoto de Campinas-SP vibrou demais com a escolha de Carlos para ser titular. Claro que chorei ao ver a caprichosa bola francesa, nos pênaltis, bater nas costas do “Ganso” e, assim, eliminar o Brasil. Está certo que eu gostaria de Carlos em 90, frustei-me e, confesso, demorou para entender que o tempo passa e era a vez de Taffarel, campeão do mundo em 94.
Entendi que tempo e paixão param no tempo do torcedor. Veio 98, mais uma vez com o milagroso Gaucho, mas perdemos. Em 2002, um humilde e unânime Marcos ganhou o mundo também. Tivemos Dida em 2006, Júlio Cesar em 2010 e 2014. E deveremos “ser” Alisson em 2018.
Agora já não sou mais tão passional, é preciso racionalidade. Se Alisson será campeão do mundo ? Não sei, mas estarei na torcida. Como também estarei na torcida para Tite acertar na convocação final da lista para o mundial da Rússia. O prazo está chegando ao fim. E a lista pode mudar histórias e sonhos. Tomara que ele acerte nos nomes que ainda restam. E não restam muitos.
Há poucos dias, o treinador da seleção brasileira confirmou mais um nome na Rússia: Roberto Firmino, atacante do Liverpool. Agora já são 16 os atletas com presença assegurada. Faltam sete nomes. Em maio sai a tão esperada relação dos jogadores que vão para a Copa do Mundo na tentativa de mais um título para todos nós.
A lista dos eleitos tem os titulares: Alisson, goleiro; Daniel Alves, lateral direito, os zagueiros Marquinhos e Miranda e o lateral esquerdo Marcelo. No meio, Casemiro, Paulinho e Renato Augusto. Na frente, Philippe Coutinho, Neymar e Gabriel Jesus. Quatro reservas também estariam certos: Ederson, Thiago Silva, Fernandinho, Wilian e agora, Firmino.
Temos que aguardar a lista. Meu coração não vai bater como nós tempos de menino. O tempo trouxe racionalidade para “apenas” torcer para que Tite esteja certo em suas escolhas. Claro que ele não será unanimidade, nenhum treinador foi em suas convocações. Faz parte das histórias que sobrevivem ao tempo. Se ele for campeão, será aplaudido. Se não conseguir, a lista será parte do argumento para criticá-lo. Sempre foi assim. Isso não mudou com o tempo. E não mudará.
