Não vejo uma atmosfera favorável para o duelo Corinthians x São Paulo desta quarta-feira, na Arena Corinthians em Itaquera. O segundo jogo da semifinal vem recheado de provocações surgidas no duelo de ida no Pacaembu. E vieram justamente de alguém que deve dar exemplo, ao grupo e, por extensão, a todos que se envolvem na disputa. Seja ele o grupo que está sob seu comando ou mesmo o torcedor, movido pela paixão e, quase nunca, pela razão.
Fábio Carille que vem mostrando-se diferente daquele de um ano atrás, dando respostas agressivas em suas antes tranquilas entrevistas coletivas, foi quem trouxe para ele os holofotes e, ao meu ver, não soube usá-los de maneira prudente.
“Vamos ver o que vai acontecer lá”, disse Carille, em entrevista coletiva após o clássico, quando mostrou irritação com o treinador Diego Aguirre que não foi cumprimentá-lo antes do duelo. Ora, o treinador São Paulo não quis polemizar e disse que não o havia reconhecido, que estava concentrado no jogo e tal. Será que era motivo para tanto, por parte do alvinegro?
O duelo em Itaquera, nesta quarta-feira, será apenas com torcedores corintianos. A equipe de Carille precisa de dois gols para chegar a vaga na decisão do paulistão, sem depender dos pênaltis. O São Paulo joga por um empate, já que fez um a zero, jogando no Morumbi. Não seriam ingredientes suficientes para chamar a atenção ? Precisava de animosidade ?
Espero estar errado, mas pela rivalidade crescente, pelas provocações e agora pelo desafio comandado por Carille, há o prenúncio de um duelo perigoso. Não na bola, mas exatamente longe dela.
Carille ainda reclamou da comemoração do gol do São Paulo. Nenê teria “exagerado”. O mesmo Fábio Carille não se lembrou que, ano passado, o paraguaio Angel Romero comemorou contra o Palmeiras, tirando uma selfie com seus companheiros de time.
O futebol está ficando chato é pragmático. Os treinadores que deveriam deixar os personagens mais descontraídos atrair a atenção do público bem humorado, fazem justamente o contrário: alertam os brigões a responderem à altura o que enxergaram como desrespeito.
Dizem que Carille fez isso para desviar o foco da derrota e do futebol crítico apresentado. Se teve essa intenção, ainda pior. Arrumou um problema e não consertou o outro.
Que nesta quarta-feira o bom senso possa prevalecer. Fábio Carille poderia colocar a mão na consciência e fazer exatamente o contrário que Aguirre: vá lá cumprimentá-lo, desejando boa sorte. Independentemente do resultado final, o treinador alvinegro terá mostrado uma inteligência emocional digna dos grandes homens, inteligência que faltou no jogo de ida.