Ana Karin: Vamos falar sobre o feminismo

Na próxima semana, nós teremos uma visita muito especial. Pela primeira vez no Brasil, a jovem paquistanesa Malala Yousafzai, a mais jovem ganhadora do Nobel da Paz (aos 17 anos, em 2014) participará de um evento fechado no Auditório Ibirapuera, em São Paulo.

Malala, prestes a completar 21 anos de idade e exemplo na luta pela igualdade de direitos para as mulheres,  fará parte de um debate sobre educação para as mulheres e direitos femininos. E foi por lutar pelo direito à educação das jovens paquistanesas que Malala, quando ainda com 15 anos de idade, foi baleada em um ônibus escolar quando retornava para sua casa. O atentando virou notícia e chocou o mundo. Malala hoje cursa Filosofia, Política e Economia na Universidade de Oxford, na Inglaterra, onde continua sua luta pelo empoderamento feminino. Um grande exemplo de ativista para todas nós, mulheres de bem.

Eu quis citar a importante visita de Malala ao nosso país para falar um pouco sobre um tema que muito nos afeta: o feminismo.

Quando a palavra “feminismo” passa a ter uma conotação negativa e é usada erroneamente por alguns grupos de nossa sociedade, é de extrema importância esclarecer o que realmente significa.

O feminismo é um movimento que reivindica os direitos das mulheres através da equidade entre os gêneros. Ou seja, todas as pessoas devem ser tratadas de forma mais justa, com as mesmas oportunidades de educação, de trabalho, de emprego, de participação política, mas respeitando as diferenças individuais.

A força das mulheres, já em 1827, mostrou a que veio no Brasil, com a Lei que permitia que meninas pudessem frequentar colégios além do ensino primário.

O feminismo ganhou força no começo do século XX, com a luta pelo direito ao voto feminino. De lá para cá, muitos foram as pautas das reivindicações das mulheres, como a criação do Estatuto da Mulher Casada, em 1962, que permitiu que mulheres casadas não precisassem mais da autorização do marido para trabalhar, passando também a ter direito à herança e, em caso de separação, poder pedir a guarda dos filhos em casos de separação. Sim, parece brincadeira, mas isso foi há apenas 56 anos! Se você, minha amiga, achou isso absurdo, quero lembrá-la que só em 2002 (sim, 16 anos atrás) foi retirado do Código Civil o artigo que qualificava como crime a “falta de virgindade” da mulher, o que permitia ao homem solicitar a anulação do casamento se descobrisse que sua nova esposa não era virgem. Parece coisa de novela, não parece? Infelizmente esse e muitos outros absurdos fazem parte do nosso dia a dia e contra os quais nós continuamos a lutar.

E dentre tantos avanços, um dos mais recentes foi  a aprovação da Lei Maria da Penha, em 2006, para combater a violência contra a mulher.

Por isso é tão importante não aceitarmos os discursos rasos e preconceituosos facilmente divulgados pela internet, pelas redes sociais, diminuindo a importância do feminismo, às vezes em verdadeiros discursos de ódio tentando colocar homens contra mulheres.

É importante deixar claro que o feminismo, pela busca da equidade, não quer mostrar que a mulher é mais importante ou superior aos homens, mas sim que ambos estão em mesmo nível e que devem ser tratados com a mesma importância.

Mas para se alcançar esse equilíbrio, devemos exigir ações e ferramentas sociais como a cota destinada às mulheres nos partidos políticos.

Lutar pelo empoderamento feminino é mostrar que a mulher é tão importante quanto o homem e que, juntos, podem trabalhar para a melhoria de toda a sociedade brasileira.

É para isso que nós trabalhamos, para que as mulheres façam parte da mudança política e ocupem cargos políticos na mesma proporção que os homens para que ambos possam criar um país melhor.

Por isso, reflita e perceba como a sua participação é importante nesse processo!

Não deixe de mostrar seu interesse pelo empoderamento feminino nos comentários e venha nos ajudar a construir um país melhor.

Obrigada e até a próxima semana!