Sou uma mestiça, misturinha de sashimi com chimarrão, pai japonês e mãe gaúcha. Nascida no Paraná, criada em São Paulo, vivendo no Japão com minha família.
Desembarquei a primeira vez no Japão em 1995, sozinha, com 17 anos e sabendo uma única palavra “Arigato”.
Fui trabalhar em uma montadora de autos como se fosse um robozinho. Experiência que desconhecia totalmente, pois só havia sido vendedora e gerente em butique na Avenida Paulista, em São Paulo.
Olha, nesse Japão se trabalha muito, mas mesmo assim eu estava encantada com tantas novidades. Não tinha vontade de voltar ao Brasil, até eu sentir a primeira sacudida fortíssima de um terremoto magnitude 5. Fiquei apavorada e rapidamente regressei, sem perspectiva de voltar ao Japão.
Depois de três anos fora, foi difícil conseguir trabalho em meu retorno e oito meses depois consegui e várias portas se abriram. Fui vendedora, recepcionista e secretária.
Em 2002 me casei e nosso sonho de ter o próprio negócio nos levou ao Japão. Era a chance de alavancarmos nosso projeto.
Foram dois anos em terra nipônica, com marido e nosso bebezinho com 7 meses de vida. Objetivo alcançado, regressamos ao Brasil a fim de tomar a frente de nosso projeto.
Logo nasceu nosso segundo filho, agora tínhamos três, os dois meninos e o negócio que era terceiro filho.
Alguns anos depois passamos para o segundo negócio, mas infelizmente a receita desandou, além da minha descoberta da doença de Crohn.
Debilitada por uns dois anos de luta para reversão do quadro que já estava avançando, internada por inúmeras vezes dificultando muito minha rotina chegamos na crise financeira destrutiva.
Olha nós aqui outra vez…
Voltamos ao Japão para buscar os lucros porque o prejuízo já estava assinado.
Dias antes fui internada passei por um procedimento cirúrgico, e 40 dias depois estávamos embarcando, muitos riscos existentes, mas nossa fé foi maior, tinha certeza que tudo estava acontecendo como tinha que ser e foi.
Novamente ao Japão dessa vez com a família maior, era outubro de 2011, sete meses depois do terremoto seguido de tsunami. Estava tudo mudado por aqui, quase não havia trabalho.
Na província que morávamos se concentra uma grande parte da comunidade brasileira, mas quase não víamos brasileiros nas ruas, muitos haviam regressado por conta da crise econômica no país que foi agravada pelos desastres naturais.
Me recuperei rapidamente continuei o tratamento por aqui, hoje tenho minha rotina normal, trabalhei em fábrica por uns dois anos, fui manicure e ainda fazia quitutes brasileiros para festas e eventos. Desta vez, escolhemos viver, e não só trabalhar. Viajamos por um Japão que desconhecíamos. Há quase 4 anos deixamos o interior para nos aventuramos viver na quarta mais importante cidade do Japão, Nagoya.
Entre idas e vindas totalizam-se 12 anos de Japão, porém consecutivo somente os últimos 7 anos.
O trabalho por aqui continua sendo desgastante, meu marido trabalha fazendo manutenção em trilhos do metrô e no mercado financeiro. Nossos filhos estudam em escola japonesas desde da nossa chegada, dominam o idioma facilitando o cotidiano e a adaptação por aqui, abrindo mais oportunidades e possibilidades. Há três anos divido meu tempo entre cuidar da família e trabalho na clínica odontológica.
Acreditando que quando você sorri, o mundo sorri com você, nada até aqui foi em vão, agradecer cada experiência e aprendizado, buscando ser hoje melhor que ontem, tentando entender o mundo e o sentido da gratidão através do amor.
Toda semana vou trazer pra vocês um pouco do meu cotidiano neste país incrível e as novidades que aparecem todos os dias por aqui.
Venham comigo!! Espero vocês na próxima semana!
Respostas de 3
Parabéns!!! Já ansiosa para ver a próxima matéria sobre o Japão.
Parabens minha querida Irma
Para quem passou por tudo o que passou, mtos desistiram, porém vc está aí, na luta e em pé, sorrindo para o mundo! Por isso, admiro você!!! Parabéns pelo mérito e aguardo as dicas pq eu preciso delas!!!