Priscilla Bisognin: Minha história de empreendedorismo

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Toda vez que eu tenho que preencher um documento que pede a minha profissão eu ainda hesito. Automaticamente penso em escrever engenheira ou professora, mas num lampejo me lembro que isso é muito mais meu passado que meu presente. Então pego a caneta e escrevo com resolução ‘empresária’. Após 5 anos de engenharia, um mestrado completo, dois anos atuando como docente no ensino superior e um doutorado quase finalizado é muito difícil me definir totalmente como empresária, mas inegavelmente é o título que melhor descreve minha ocupação.

Há quase dois anos tenho uma padaria artesanal. Minha rotina consiste basicamente em cuidar da produção, gerenciar estoques, fechar o caixa, falar com fornecedores, pensar no marketing…. E embora a produção seja sem dúvida minha maior ocupação, todas essas outras pequenas tarefas me definem como empresária. Esse não foi um caminho planejado, eu sempre quis a estabilidade de uma função pública, arriscar nunca foi o meu forte, mas desafios por outro lado sempre me seduziram e nunca houve uma época da minha vida na qual eu não tive a urgência de me superar. Se desafiar dentro de um meio acadêmico é muito mais seguro que na iniciativa privada, você simplesmente estuda mais em busca de notas maiores ou opta por fazer pesquisas em áreas tidas como as mais difíceis. Mas quando você tem uma empresa, os desafios surgem naturalmente e rotineiramente. Tentar apagar incêndios diários, cuidar para que tudo saia conforme o planejado no dia-a-dia e ainda tentar pensar a médio e longo prazo, bolando estratégias para crescer, é algo que consome muito mais energia do que se possa imaginar.

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Hoje em dia há um movimento crescente no sentido de romantizar o empreendedorismo, e não é que ele seja ruim, muito pelo contrário, ele é extremamente recompensador. Mas, no meu caso, são recompensas que vêm acompanhadas de inúmeros sacrifícios, afinal eu trabalho uma média de 12 horas nos dias de semana e 6 horas aos domingos, até mais se precisar. Para que a empresa cresça é preciso investir, então nada de tirar dinheiro para viagens e compras fúteis, minhas prioridades se tornaram aquisição de equipamentos e melhorias na empresa. Tomar as decisões te trazem a responsabilidade, os êxitos são seus, mas os fracassos também. E a verdade é que não importa o quanto você estude e tente prever as coisas, nada é preto ou branco nesse mundo, e mesmo sem ter certeza de nada você ainda tem que tomar a decisão e assumir suas consequências.

O empreendedorismo ainda tem um outro lado que eu chamo de montanha russa emocional, uns dias você se sente no topo do mundo, parece que nada pode te derrubar e aí no outro bate uma sensação incontrolável de que todos os seus projetos vão dar errado. E nessa hora tem que ter muita frieza continuar trabalhando com foco e tentar vencer o desânimo, senão tudo dá errado mesmo.

Mas olhando em retrospecto tudo que eu já passei, eu sinto que estou no lugar certo. Ter uma padaria é uma possibilidade de aliar meu lado criativo ao lado analítico. Se por um lado eu posso criar receitas e explorar sabores e texturas, por outro lado eu posso pensar nos processos de uma maneira que tantos anos na engenharia me possibilitaram. Fora que viver com tantos riscos e desafios se mostrou muito mais empolgante do que assustador para mim, e eu sinto uma motivação constante no sentido de aperfeiçoamento e crescimento.

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E você é ou já pensou em ser empreendedor? Como foi a sua história?

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