Crítica: Cascavel (Rattlesnake) | 2019

Último filme da programação especial de Halloween da Netflix neste mês de outubro, a “Netflix & Chills“, este Cascavel (Rattlesnake, EUA, 2019), vem para se juntar às outras produções do horror e suspense lançadas ao longo das últimas semanas, mais precisamente Sombra Lunar (In the Shadow of the Moon), Campo do Medo (In the Tall Grass), Fratura (Fracture), e o mais recente Eli. As críticas de todos os filmes citados estão disponíveis aqui no Portal do Andreoli.

Este Cascavel está num bom lugar desta lista, e marca mais um firme exemplar do horror psicológico dirigido pelo cada vez melhor Zak Hilditch, responsável pela excelente sci-fi dramática As Horas Finais (These Final Hours) em 2013, e pela sólida adaptação do conto do mestre do horror Stephen King, 1922, outra produção original Netflix, lançada em outubro de 2017 (cuja crítica campeã de acessos também está disponível aqui no Portal). Com sua fria e brutal adaptação do conto de King, Hilditch estabeleceu um tom de horror único que cava bem fundo nos cantos mais escuros da psicologia humana, expondo a loucura e a capacidade para a violência, o que faz deste Cascavel uma escolha perfeita do diretor para seu novo projeto.

Katrina (Carmen Ejogo, da terceira temporada da série True Detective), é uma mãe solteira que está viajando através do país para começar uma nova vida com sua filha, a pequena Clara (Apollina Pratt). Quando o carro de Katrina quebra no meio do nada, Clara se afasta um pouco em direção ao deserto e é picada por uma cascavel, deixando sua mãe apavorada. Desesperada para salvar a vida de sua filha, Katrina aceita a ajuda de uma misteriosa mulher, que cura a pequena Clara milagrosamente. Porém, há uma condição: para devolver o favor, Katrina precisa matar um estranho em troca da vida de sua filha. Sem tempo a perder, Katrina deverá lutar para conseguir lidar com a moralidade de ter de escolher quem merece viver e quem deve morrer, antes que a vida de sua filha seja colocada novamente em perigo no momento em que o sol se pôr.

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Como mencionei acima, este novo filme de Hilditch se assemelha bastante ao seu trabalho anterior, e isso acontece inclusive no tema. Tanto em 1922 quanto em Cascavel, os protagonistas são atormentados pelo preço de uma escolha. Se em 1922 a escolha foi pela morte, em Cascavel a escolha foi para salvar uma vida, o que se mostra uma escolha tão condenada quanto a outra. Hilditch comprova ser um cineasta que sabe lidar com este tipo de assunto como poucos, ressaltando a dramaticidade e colocando-a acima do próprio suspense.

Visualmente, Cascavel também segue a cartilha do trabalho anterior de seu diretor. O tom é sempre opressivo e carregado, como um pesadelo que insiste em perdurar. O espectador sente na pele o tormento pelo qual passa a protagonista, e Ejogo também comprova sua boa fase e seu talento num papel tremendamente emocional e eticamente desafiador.

Quem procura por sustos fáceis e tramas superficiais de terror deve passar este Cascavel. Mais do que um novo exemplar do gênero, o filme é um duro e implacável teste moral aplicado em sua protagonista e no espectador. Não chega a ser tão pesado quanto o Coringa de Todd Phillips, mas assim como o citado, também causa um rebuliço moral em seu público. Em tempos de produções cada vez mais capengas dentro do gênero, o peso do que Hilditch e Ejogo alcançam com Cascavel não pode ser ignorado.

Cascavel estreia no catálogo da Netflix no dia 25 de outubro.

 

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