Regina Pitoscia: Cuidar da saúde é cuidar do bolso

Ainda que nosso espaço seja dedicado aos assuntos ligados à economia, precisamos falar sobre a saúde, e os cuidados a serem tomados para evitar o avanço do coronavírus, o Covid19.  Mesmo porque, se pensarmos bem, um assunto está diretamente ligado a outro. Quanto mais cuidados tivermos nesse período inicial de disseminação, menor tende a ser o período de crise, de reclusão, portanto de paradeira na economia, de desemprego, de prejuízos no nosso bolso.

Sabidamente, o País não tem os mesmos recursos de realização de testes em toda a sua população, método usado com sucesso na Coreia do Sul, o país que apresentou os melhores resultados no enfrentamento da doença. Aqui, nossa principal estratégia é a de ficarmos em casa. Boa parte da população, especialmente nos grandes centros, já entendeu a importância dessa medida. Mas em cidades menores, em que a doença ainda não chegou, fica mais difícil mesmo de reconhecer a importância de não se deslocar sem que haja extrema necessidade.

O Brasil está apresentando uma evolução do coronavírus na mesma velocidade da Itália, país que concentra o maior número de mortes, quase 5.500 até ontem, superando até mesmo a própria China, onde a pandemia teve início. No mundo, são mais de 14.600 mil mortes e mais de 335 mil casos confirmados de infectados. E esses números crescem rapidamente a cada dia.

Aqui, pelos números do Ministério da Saúde deste domingo, dia 22, são 25 óbitos e 1.546 casos confirmados. A previsão das autoridades é a de que haja um crescimento rápido daqui para a frente e a doença atinja o seu pico até o final de abril. Momento em que o sistema de saúde estará atendendo o maior número de doentes, e poderá entrar em colapso, nas palavras do ministro da Saúde, Luiz Mandetta, caso não se faça nada para conter o seu avanço.

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Cada um pode fazer a sua parte ficando em casa. Nada de praia, nada de bares, nada de viagens, nada de missa, nada de ficar em locais de aglomerações.  Isso não é brincadeira, não é uma “gripezinha” como infelizmente afirmou o presidente Bolsonaro, em uma coletiva na última sexta-feira.

Além de não sair de casa, observar as orientações de lavar as mãos com água e sabão, ou álcool em gel se estiver na rua. A água com sabão comprovadamente é mais eficiente que o álcool. Não levar as mãos à boca, olhos ou nariz. Limpeza e higienização da casa, cuidados ao sair como o uso de luvas, por exemplo e ao chegar em casa, trocar de roupa, de sapato.

Atenção especial deve ser dada aos idosos, que estão no grupo de risco, sem esquecer que a doença atinge os mais jovens. Na Noruega, 32% das pessoas internadas têm menos de 50 anos. Sem falar que há registro de óbitos em criança, ainda que muito pequeno.

O sacrifício de ficar em casa, isolado, tende a compensar. Mais rapidamente poderemos sair dessa situação difícil. Se houver seriedade e disciplina, poderemos chegar onde está a China que, depois de 4 ou 5 meses do surgimento da doença, praticamente zerou a ocorrência de casos novos.

Recessão e desemprego

O governo estima agora crescimento zero para a economia este ano, mais precisamente de 0,02%. Para o mercado, a situação deve ser bem pior com estimativas de queda do PIB este ano de quase 2%. Tudo isso para dizer que, se hoje o nível de desemprego atinge cerca de 12 milhões de brasileiros, esse número poderá aumentar muito até o fim do ano. 

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Basta imaginar o número de demissões com a queda do consumo, porque as pessoas não estarão saindo de casa, portanto queda nas vendas e demanda na produção, sem falar do setor de serviços, hotéis, viagens, salões de beleza e por aí vai, todos atingidos pela pandemia.

Na última semana, o Ministério da Economia, além de adotar medidas para injetar recursos na economia, anunciou mudanças na área trabalhista. A proposta é que haja redução de 50% na jornada de trabalho  e no salário, como forma de barrar uma onda de demissões em massa. 

Para o empregado que tiver a redução de horas de trabalho e salário seria autorizado o saque de parte do seguro-desemprego. Mas a possibilidade estaria aberta apenas para quem ganha até dois salários mínimos, portanto até R$ 2.090. O valor a ser retirado por três meses seria de 25% do seguro-desemprego a que o trabalhador tiver direito pelo tempo que esteve empregado durante determinado período. E os valores sacados agora seriam descontados de saques futuros do benefício.

Haverá a distribuição de vouchers de R$ 200 a trabalhadores informais, que estarão em uma situação ainda mais dramática, porque serão duramente atingidos com a queda do consumo e não contam com nenhuma assistência social, como os profissionais registrados.

Novidades na Previdência Social

Diferentemente do que foi dito aqui na edição da semana passada, a Previdência Social pagará a primeira parcela do 13º aos aposentados e pensionistas junto com o benefício de abril, de 24 de abril a 8 de maio (e não com o de março). E a novidade é que o governo anunciou também a antecipação da segunda parcela do 13º, que virá com o benefício de maio, a ser pago de 25 de maio a 7 de junho. 

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