Lilian Schiavo: Pós hibernação

Foram mais de 100 dias de encapsulamento, vivendo na minha casa bolha, me sentindo protegida.

Como a maioria dos seres humanos do planeta, modifiquei drasticamente a rotina e adquiri novos hábitos.

Testei novas receitas e ganhei muitos kilos, tentei meditar e peguei no sono no meio das sessões, consegui ler alguns livros mas não  concluí meu curso online.

Para quem mal sabia responder no Whatsapp, termino o isolamento social com alto conhecimento em ferramentas digitais e tecnológicas.

O mundo todo hibernou e agora os sobreviventes estão se preparando para retomar paulatinamente uma nova rotina.

Como num pós guerra nem todos sairão ilesos, alguns machucados, outros recolhendo os pedaços…

Conversando, descobri que o isolamento propiciou uma espécie de jetlag, muitos relatos de insônia, horários alterados, dormir às 4:00 da manhã como se fizesse parte da boêmia, acordar às 13:00hs, almoçar às 17:00hs, com crises de ansiedade, depressão, medo e solidão.

Neste retorno imagino como será difícil enfrentar os fantasmas da insegurança, afinal, ainda não temos respostas para a cura.

Algumas pessoas têm a possibilidade de adiar essa volta e podem  permanecer em casa por algum tempo.

Mas vai chegar um momento em que teremos que enfrentar o inimigo e sair, constatar  “in loco” que a pandemia deixou um rastro de destruição.

Aumentam os debates sobre a saúde emocional dos trabalhadores e empresários, afinal, como se sentem?

Muitas empresas fecharam suas portas, entraram em colapso… a saúde econômica  foi abalada e problemas financeiros agravaram os problemas emocionais.

Algumas pessoas dizem não acreditar em mudanças, que tudo voltará exatamente como antes. Será que teremos uma amnésia coletiva?

Acredito que será difícil esquecer o que vivemos, teremos muitas histórias para contar para os nossos netos sobre os meses em que o planeta parou.

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Teremos sequelas, mas também teremos mais esperança, afinal, aprendemos a viver com o essencial, com simplicidade e a resiliência.

Adquirimos certeza que não somos donos da verdade nem do destino, acordamos para viver um dia de cada vez, sem ter certeza do amanhã.

Ações de solidariedade pipocaram por todo o mundo, transformando pessoas invisíveis em heróis, vizinhos em amigos, desconhecidos em salvadores.

Sinto que estamos passando por transformações profundas na sociedade, nas relações de negócios e interpessoais, tenho a impressão que aumentaram os debates sobre sustentabilidade, inclusão, diversidade, ética e compliance.

Que neste retorno as discussões passem para ações efetivas por um mundo mais justo e digno.

Sou otimista e te convido a conjugar e viver o verbo Esperançar todos os dias das nossas vidas.

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