Fábio  Muniz: Não é sempre que se comemora 50 anos de casados!

Bom dia meus amigos queridos!

Eu dedico esta coluna aos meus pais que celebraram 50 anos de casados.

Foi no dia 23 de setembro de 1971 que tudo começou…

Pensar em 50 anos juntos é pensar na convivência diária entre acertos e equívocos…

Pensar em 50 anos juntos é pensar em compartilhar os pequenos detalhes e grandes decisões…

Decisões de como criar os filhos. Decisões de como corrigir os filhos. Decisões de deixar os filhos se equivocar, e vê-los em silêncio cair em si…

À exemplo da parábola do filho pródigo…

Ele volta. Um dia ele volta ao lar do seu pai…

Decisões de como ajuntar cada centavo tanto quanto como gastar cada centavo…

Ora, uma jornada de meio século é mais do que um casamento. Até porque a gente se casa para começar a se casar…

Uma jornada de meio século é a confirmação de um casamento para além do cartório e dos protocolos legais…

De modo que meio século juntos faz o casal saber o que um ou outro sente de longe…

O significado das suas expressões faciais…

As suas virtudes e maluquices…

Eles na individualidade do ser, na independência de cada um deles, e livre escolha, escolheram se misturar vivendo uma vida única, e se tornaram um só…

É uma jornada espiritual. É uma jornada de altos e baixos. É uma jornada repleta de alegrias e emoções.

É uma jornada onde a vida mostra as suas garras, unhas e dentes, e o casal aprende a responder o imprevisível e o inesperado…

Já são quase 20 anos que eu não consigo comemorar com os meus pais os nossos aniversários na mesma geografia, no mesmo país e tampouco celebrar o casamento deles…

Eu com muita alegria fiz uma surpresa ainda que oceanos e continentes nos separem…

Um presente para eles irem ao restaurante Bistrô Ruella, com um toque francês, me permitiu sentir-me um pouquinho mais próximo dos dois…

Dito isto, talvez você esteja me lendo e passando por dificuldades no teu matrimônio. Não há nada que a comunicação sincera e verdadeira não te dê a esperança de que o amanhã possa nascer deixando as ataduras da amargura para trás.

Talvez você esteja divorciado e sinta a dor da perda e da impossibilidade de celebrar 50 anos de casado. Não há nada que o perdão não possa produzir. O perdão te libera. O perdão te liberta. O perdão te faz voltar a sonhar. O perdão te põe de volta na trilha e na jornada da existência. Perdoe-se!

Talvez você não tenha mais o teu companheiro ou companheira. É hora de celebrar os anos que vocês viveram juntos e se abraçaram, os filhos que vocês criaram. Cada momento. Cada Natal. Cada aniversário. Cada viagem. Esta é uma viagem de gratidão profunda que visita o teu ser interior e te dá a graça inexplicável de seguir.

Talvez você seja solteiro.

Ora, “everything is for a season”. Cada estação possui o seu momento. Cada estação tem a sua cor e cheiro. Cada estação deve ser apreciada com gratidão e alegria. Até porque não nos casamos transferindo a responsabilidade para o outro de fazer-nos felizes.  Jamais!

Talvez você esteja na jornada das decisões importantes, da perseverança, das crianças pequenas ou adolescentes, dos conselhos aos filhos adultos que ainda “batem a cabeça”, das ansiedades de ter filhos longe do ninho…

Um dia de cada vez. Um dia atrás do outro…

A jornada é longa. A jornada começa com um simples e pequeno passo…

Viva o presente. Construa no presente. Esteja presente no presente para que no futuro você tenha a chance de receber o maior presente de todos: estar do lado de alguém que tem passado a maior parte da tua existência lado a lado com você.

Parabéns papai e mamãe!

Fábio Muniz

Collonges-au-Mont-d’Or

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